Outubro de 2009 - Grupo Local

Sérgio Batista

A matéria não se distribui ao acaso no Universo. Ela surge organizada em estruturas que parecem encaixar umas nas outras, tal como se fossem as peças de um puzzle. Estrelas que encaixam em galáxias, galáxias que encaixam em grupos de galáxias, grupos de galáxias que encaixam em super grupos de galáxias.
É consensual definir o Grupo Local de galáxias (GL) como um conjunto restrito de galáxias, incluindo a Via Láctea, que orbitam em torno de um centro de massa comum.

 

Dezembro de 2008 - Galileu Galilei e o Ano Internacional da Astronomia 2009

Guilherme de Almeida

Em 2009 comemora-se um acontecimento invulgar: o Ano Internacional da Astronomia 2009 (abreviadamente designado como AIA2009). À primeira vista, parece mais uma das inúmeras comemorações de dias e anos, nacionais ou mundiais, que estamos fartos de saber que existem. Afinal, não é verdade que todos os anos se comemora o ano ou o dia, "disto e daquilo", com mais frequência até do que nos pareceria razoável? E não é, também, verdade que todos os anos há congressos e encontros científicos onde os especialistas se reúnem para trocar conhecimento, partilhar descobertas e fazer avançar a ciência e outras áreas do conhecimento? De facto, tudo isso é verdade, mas desta vez temos algo de novo.
 

Janeiro de 2008 - O Homem e a Astronomia - o passado e o futuro...

Paulo Maurício

Neste conjunto de textos será proposta uma breve viagem no tempo: ao passado e ao futuro! Ao passado porque nos tempos mais remotos, a astronomia contribuiu de forma decisiva para a sobrevivência da humanidade. Ao futuro porque pensamos que será de novo a astronomia a permitir a sobrevivência da espécie humana.
 

Julho de 2007 - A Astronomia dos Lusíadas de Luciano Pereira da Silva (2ª parte)

Carlota Simões

Há alguns meses atrás era publicado neste portal o tema do mês A Astronomia dos Lusíadas de Luciano Pereira da Silva. Nessa altura pudemos constatar que "Camões tinha um conhecimento claro e seguro dos princípios da astronomia, como ela se professava no seu tempo" e que utilizava com rigor tabelas de efemérides astronómicas. Com o presente tema do mês vamos continuar a consultar a obra de Luciano Pereira da Silva e verificar que o Tratado da Sphera de Pedro Nunes (1537) terá sido a fonte astronómica principal de Camões.
 

Junho de 2007 - O Fundo de Radiação Cósmica em Microondas

Domingos Barbosa

Desde o século XX, graças às revoluções epistemológicas da Relatividade Geral e da Mecânica Quântica, que forneceram ferramentas novas para a descrição dos fenómenos em grandes escalas do Universo, que podemos reconstruir cientificamente a história cósmica.
 

Abril de 2007 - Alterações Climáticas: O Caso de Portugal

Tiago Capela Lourenço

A influência do ser humano no ambiente que o rodeia não é novidade. A nossa estratégia enquanto humanidade passou sempre por adaptar o ambiente envolvente às nossas necessidades. Desta forma, o meio ambiente original é manipulado, passando a apresentar não só as suas componentes naturais mas também os elementos culturais que servem de suporte às nossas actividades. No entanto, esta influência antropogénica sobre o ambiente do planeta Terra acarreta alguns contratempos. Os subprodutos da actividade humana (e.g. industria, agricultura, lazer), assim como a alteração física dos solos e ecossistemas que habitamos, têm aumentando substancialmente os níveis de contaminação e poluição um pouco por todo o planeta. As consequências de tais actividades reflectem-se em todas as vertentes da biosfera terrestre, incluindo a litosfera, hidrosfera e a atmosfera, com repercussões conhecidas sobre a nossa própria saúde e qualidade de vida.

 

Fevereiro de 2007 - Cosmologia portuguesa no Século XX

Orfeu Bertolami e Jorge Páramos

Com este tema venho propor ao leitor uma viagem pela evolução do estudo da Cosmologia em Portugal no decorrer do século transacto. Esta está sequenciada em quatro etapas, correspondentes à implantação inicial desta ciência no pais, desenvolvimentos ulteriores, estado actual da investigação e, por fim, uma prospecção do futuro possível para esta disciplina em solo nacional.
 

Janeiro de 2007 - Ser Astrónomo Amador

Guilherme de Almeida e Pedro Ré

Os astrónomos amadores são pessoas com as mais diversas profissões que se dedicam às observações astronómicas movidas apenas por prazer. Não há nisto nada de invulgar. Há quem se divirta a pescar, a observar aves, a coleccionar folhas de árvores, fósseis, selos ou moedas. Há em Portugal vários milhares de pessoas que se podem considerar astrónomos amadores e nos países que nos habituamos a considerar evoluídos esses números são muito maiores. O leitor (ou leitora) poderá também vir a ser um astrónomo amador.
 

Novembro de 2006 - A Bolha Local

Miguel A. de Avillez

O exemplo mais próximo de uma bolha – cavidade de gás rarefeito delimitada por uma "casca" de hidrogénio atómico – gerada pela explosão de estrelas (supernovas) é a Bolha Local. A importância desta cavidade reside em dois factos: (i) o Sistema Solar está imerso nela a cerca de 100 pc1 da sua extremidade e (ii) se não fosse a sua existência não observaríamos as estrelas, excluindo os planetas, a olho nu!

Nesta série de apontamentos irei descrever as observações efectuadas e os esforços teóricos que tem vindo a ser desenvolvidos, na maioria dos casos com recurso a supercomputadores, para se descrever correctamente a formação e evolução da Bolha Local. Em particular referirei alguns aspectos de grande importância e pouco conhecidos do leitor, nomeadamente: (i) caracterização da Bolha Local, (ii) o número de estrelas que lhe deram origem, (iii) a localização dos respectivos enxames estelares parentais e (iv) a distribuição de alguns iões (e.g., o O5+, indicativo de gás com temperaturas de 300 000 K).
 

Outubro de 2006 - Uma Breve História do “Global Hands-On Universe”

Carl Pennypacker

No decorrer dos últimos 10 anos, um projecto com o objectivo de habilitar os estudantes a usar dados astronómicos reais provenientes dos grandes telescópios na sala de aula, tem tido uma crescente penetração e um impacto positivo nas escolas dos Estados Unidos. Passou de um envolvimento de apenas alguns professores nos Estados Unidos para milhares em todo o mundo. Este artigo conta uma parte dessa história, seu propósito em ajudar crianças e professores a encontrar um sentido e uma forma de aprendizagem no cosmos.

 

Setembro de 2006 - A Astronomia dos Lusíadas de Luciano Pereira da Silva

Carlota Simões

A Astronomia dos Lusíadas consiste numa série de artigos publicados por Luciano Pereira da Silva entre 1913 e 1915 na Revista da Universidade de Coimbra. Neste seu trabalho, LPS deixa completamente esclarecidas todas as referências à astronomia de Os Lusíadas, mostrando que ‘Camões tinha um conhecimento claro e seguro dos princípios da astronomia, como ela se professava no seu tempo’ e deduz que o Tratado da Sphera de Pedro Nunes se pode considerar a principal fonte astronómica d’Os Lusíadas. É ainda nesta obra que LPS demonstra terem sido os portugueses os primeiros a identificarem a nova constelação Cruzeiro do Sul.
 

Julho de 2006 - Mistérios astronómicos d’ O Código Da Vinci

Nuno Crato, Carlos Pereira dos Santos e Luís Tirapicos

Na obra «A espiral Dourada – Coelhos de Fibonacci, Pentagramas, Cifras e outros Mistérios Matemáticos d’O Código Da Vinci», recentemente editada pela Gradiva, são discutidos os fascinantes temas matemáticos e astronómicos usados por Dan Brown na trama do seu best seller «O Código Da Vinci». Apesar de o livro deste escritor norte-americano ter suscitado numerosas obras de critica e análise ainda não tinha surgido qualquer trabalho sobre as numerosas referências científicas – exceptuando um curto artigo do matemático Keith Devlin publicado na revista Discovery, em Junho de 2004, e três artigos de Nuno Crato no semanário Expresso.
Neste Tema do Mês apresentamos excertos do livro «A Espiral Dourada», adaptados pelos autores, onde surgem alguns dos tópicos de astronomia do romance de Dan Brown.
 

Junho de 2006 - O que há em Marte?

Ana Rita Baptista

Haverá água em Marte? Terá havido vida em Marte? Estas são as questões que, pelo menos durante as últimas décadas, maior interesse global suscitaram sobre este planeta.

Várias são as missões espaciais pensadas com o propósito de resolver o grande enigma marciano; ao fim das já 38 dirigidas a este planeta (entre as bem sucedidas e as falhadas) ninguém consegue ainda responder de forma clara ao que todos esperam.

 

Maio de 2006 - Planeta Vénus

Pedro Russo

Depois da Lua, o planeta Vénus é o corpo celeste mais próximo do Planeta Terra. Esta proximidade faz de Vénus um apetecível alvo para a pesquisa planetárias. Mas não é apenas em termos de distância que Vénus está próximo da Terra, mas também a nível da sua caracterização física: os dois planetas têm aproximadamente o mesmo tamanho e densidade média. As maiores diferenças são: a ausência de um satélite natural, a sua rotação retrógrada e ausência de campo magnético.
As semelhanças entre Vénus e Terra podem dar-nos pistas para a compreensão do passado e futuro do nosso planeta. Enquanto as diferenças dizem-nos que há aspectos cruciais na formação do sistema solar e da evolução planetária, que presentemente ainda não conseguimos compreender e explicar.
 

Abril de 2006 - A Comunicação Social e a Exploração Espacial

Vera Gomes

A exploração espacial sempre exerceu um grande fascínio sobre as populações. Desde as primeiras experiências com foguetes até aos dias de hoje, a aventura da conquista do espaço tem sido alvo de admiração por parte do público.

Na era da globalização, a comunicação social exerce um enorme poder de influência sobre a opinião pública, tornando-a apoiante ou não das decisões que são tomadas a nível político. O mediatismo com que são dadas certas notícias modela a opinião pública sobre determinado avanço ou recuo tecnológico ou científico.
 

Março de 2006 - Almanaques

Grom D. Matthies

Dos tempos da idade do próprio mundo vem até nós uma velha lenda talmúdica, segundo a qual, o primeiro almanaque foi criado por dois filhos de Seth nos dias que antecederam o dilúvio. Sabendo eles o que ia acontecer, quiseram preservar toda a sabedoria entretanto acumulada. Por isso decidiram gravar os seus conhecimentos em pedras e tábuas e criaram assim o primeiro almanaque, com divisões dos tempos, do ano, das estações e o que fazer em cada altura apropriada.

Se isto serve como explicação, terá um mês de férias do tema mensal. Caso contrário, e se estiver interessado de ler alguns envolventes gerais sobre almanaques, venha acompanhar os tópicos insólitos que preparei. Não se trata de uma descrição tintim por tintim, que pode ser consultada em qualquer enciclopédia. Por isso convém manter a mente aberta para algumas simplificações acentuadas, algumas imprecisões ponderadas e uma pequena depreciação não cientificamente comprovada das potencialidades cognitivas das ovelhas.
 

Fevereiro de 2006 - A Energia Escura

Maria da Conceição Bento

Observações recentes indicam que a maior parte do Universo não é composto de matéria ordinária (fotões, neutrinos, protões, neutrões, etc) nem mesmo de matéria escura mas sim de uma forma de energia não luminosa que permea todo o espaço, a chamada energia escura.

A evolução da densidade de energia escura determina o destino do Universo; se esta for constante ele continuará a expandir-se de forma acelerada, se não for ele deverá recolapsar, eventualmente até de uma forma catastrófica.
 

Janeiro de 2006 - Iniciação às observações astronómicas

Guilherme de Almeida

Se começou agora a interessar-se por Astronomia e observações astronómicas, ou se está a dar os primeiros passos na aventura fascinante do conhecimento do céu, tome em consideração estas sugestões. Indico-lhe algumas dicas para facilitar a sua entrada no mundo fascinante das observações astronómicas. Siga-as se quiser. O texto pode parecer-lhe longo, mas verá que é útil.
Seja bem vindo ao grupo dos que gostam de observar o céu!! Há quem diga que as observações astronómicas são a contemplação da natureza na sua escala mais ampla. Este texto é um apoio para quem começou agora a interessar-se por Astronomia. Não pretende ser exaustivo (nem tal caberia neste espaço), mas é essencialmente uma orientação encaminhadora que se espera útil aos eventuais interessados(as).
 

Dezembro de 2005 - Júlio Verne - Um precursor da ficção científica

Ronaldo Rogério de Freitas Mourão

Neste ano de 2005, a França comemora o centenário de morte de Júlio Verne, um dos romancistas mais imaginativos e populares. Sua obra, uma das mais traduzidas no mundo, transformou-o em um dos escritores franceses universalmente mais conhecidos. Espírito extraordinariamente curioso, foi um grande leitor. Nutria a sua cultura nas enciclopédias e nos periódicos que lia sistematicamente todos os dias. Soube como ninguém revelar os sonhos da sua época, expondo as visões de um novo mundo. Suas especulações baseavam-se numa documentação científica impressionante que acumulava antes de iniciar os seus romances. A estas pesquisas se associava uma imaginação literária e poética de grande sensibilidade político-social que valorizava a importância da ciência e da tecnologia. Como disse o filósofo e escritor Serres: desde a morte de Verne falta um escritor que dê a ciência a valorização que ela merece. Até hoje, o próprio nome Jules Verne evoca as imagens de um mundo, onde o cientista era uma mente preocupada em preservar um futuro feliz e justo para a humanidade – como, por exemplo, a do capitão Nemo, capaz de destruir os seus inventos, pois acreditava que os governos ainda não estavam prontos para recebê-los - em relatos fantásticos ricamente ilustrados das Viagens extraordinárias, que mais tarde seriam aproveitados pelo cinema. Em conseqüência dos seus textos de visionário e do seu permanente aproveitamento cinematográfico, o nome de Jules Verne tornou-se um mito universal e imortal.
 

Novembro de 2005 - Orionte, uma das maravilhas do céu

António Manuel de Sousa Magalhães

Todos estaremos de acordo em que o nosso céu está cheio de belezas extraordinárias e que há constelações magníficas. Mas, sem querer menosprezar as outras, de todas a que mais me encanta é sem dúvida a maravilhosa constelação de Orionte. A sua beleza prende-nos de tal forma o olhar que a sua contemplação convida mais ao silêncio do que a uma dissertação sobre um qualquer tema relacionado com ela.
 

Outubro de 2005 - Planetas Extra-solares

Pedro Figueira & Nuno Santos

Durante décadas os astrofísicos procuraram planetas em torno de outras estrelas, numa busca incessante por outros sistemas planetários. Os primeiros resultados concretos surgiram em 1995 com a descoberta de um planeta a orbitar a estrela 51 da constelação do Pégaso (Mayor & Queloz 1995). Desde então foi já anunciada a descoberta de mais de 160 planetas extra-solares, abrindo caminho para uma nova e promissora área da astrofísica moderna.
 

Setembro de 2005 - Os Eclipses

Mário Ramos

A originalidade e beleza do par Terra-Lua, conhecida dos astrónomos pela estabilidade que impera entre si, reside igualmente num teatro de sombras gigantes, proporcionando impressionantes espectáculos, inquietantes até. Os eclipses lançaram enormes desafios a todas as civilizações que se dispuseram a prever a sua exacta ocorrência e a tentar compreendê-los.

Aguçando o espírito inquisitivo dos homens, os eclipses contribuíram para revolucionar o estado do nosso conhecimento científico. Tentemos pois desvendar um pouco mais sobre um dos maiores e mais belos espectáculos com que o Universo nos brinda de quando em vez.
 

Julho de 2005 - Cosmo-Egiptologia

José Pimentão

Viajar pela consciência egípcia, é viajar num mundo repleto de simbolismos, num mundo em que o Sol e o Nilo regentes de toda a existência davam largas a imaginação fértil do homem.

A Astronomia egípcia nasce de toda uma preocupação cosmogónica da continuidade, nasce para dar resposta ao inexplicável, a existência de deuses e de um porquê qualquer... mas sempre com uma consciência crítica e científica.

 

Junho de 2005 - A cintura de Kuiper e a origem dos cometas

Pedro Lacerda

A existência da cintura de Kuiper é hoje um dado adquirido. Os objectos que formam esta cintura orbitam o Sol a distâncias superiores à da órbita de Neptuno. Tanto quanto se sabe, estes objectos de Kuiper são uma espécie de gigantes "bolas de neve sujas de poeira", e representam uma fase intermédia do crescimento de um planeta. Desde a formação dos planetas, há mais de 4 mil milhões de anos, que estes objectos orbitam o Sol num carrossel gelado. Por vezes Neptuno, juntamente com os restantes gigantes gasosos, perturba as órbitas destes fósseis planetários, umas vezes puxando-os para o interior do sistema solar onde se tornarão cometas, outras vezes lançando-os em direcção às estrelas.
 

Maio de 2005 - Albert Einstein e a Física do Cosmos

Paulo Crawford

Depois de 1905, o annus mirabilis de Einstein, a física nunca mais voltaria a ser a mesma. Em seis meses, Einstein pôs em causa muitas e estimáveis convicções científicas em cinco artigos notáveis, em três áreas distintas da física: os quanta de luz, o movimento browniano e a teoria da relatividade restrita. Desta forma completa o edifício da física clássica e lança as bases da física moderna, influenciando de uma forma definitiva a física que irá ser construída no século XX e no princípio do século XXI, o que faz dele o maior físico do seu tempo.
 

Abril de 2005 - Simular viver em Marte

Mónica Lobo & Ricardo Patrício

Há muito que uma viagem tripulada para Marte inspira obras de ficção científica. Hoje em dia, concomitantemente com os primeiros resultados das missões da NASA e ESA ao planeta vermelho, a realidade aproxima-se da ficção nas instalações da Mars Society no Utah: MDRS (Mars Desert Research Station). De 16 de Abril a 1 de Maio de 2005, uma equipa internacional constituída por 6 investigadores do sexo masculino, liderada por um português, Ricardo Patrício, vai ficar isolada durante duas semanas, com meios de comunicação limitados, num dos poucos locais terrestres onde existem algumas condições análogas às encontradas em Marte. Aqui, estes “candidatos a astronautas” vão levar a cabo o projecto de investigação Leonardo.

 

Março de 2005 - Os Mundos de Júpiter

José Saraiva

O assunto que vai ser apresentado no Tema do Mês não é Júpiter. O maior dos planetas do Sistema Solar é, sem dúvida, um objecto interessante para muita gente, de astrofísicos a astrónomos amadores, passando por cientistas planetários. Mas é difícil falar de geologia planetária quando a existência de uma superfície rochosa é pouco mais que hipotética - e se ela existir, estará muito provavelmente para sempre fora do alcance directo da curiosidade humana. O gigante Júpiter tem no entanto à sua volta um verdadeiro mini-Sistema Solar, com muitos e variados motivos de interesse, mesmo (ou sobretudo) para geólogos.
 

Fevereiro de 2005 - 120 anos dos fusos horários

Ronaldo Rogério de Freitas Mourão

Faz 120 anos, mais precisamente em 22 de Outubro de 1884, que, além de dividir o globo terrestre em vinte quatros fusos horários, se adotou o meridiano de Greenwich como a origem das longitudes, e se difundiu o tempo universal. Se bem que sua aceitação por todos os países tenha levado alguns anos, foi o desenvolvimento, de início, dos meios de transportes cada vez mais rápidos e, mais tarde, dos meios de comunicações que impuseram o uso de um tempo universal por todas as nações do planeta.
 

Janeiro de 2005 - Saturno: um gigante com estilo

Maarten Roos Serote

Deve ser o planeta, aparte a nossa Terra, que mais facilmente se fixa na mente. A sua beleza, devido aos seus anéis enormes, é quase divina.

Neste tema quero falar um pouco da história da observação de Saturno, assim como das fresquíssimas observações novas e sem precedentes que estão a chegar à Terra, enviadas pela sonda mais complexa alguma vez enviada para o Sistema Solar externo: a missão Cassini.
 

Dezembro de 2004 - A Estrela de Belém

Teresa Direitinho

Estamos em Dezembro, 2004 chega ao fim e mais um Natal se aproxima. Por isso, talvez venha a propósito dedicarmos o nosso último Tema do Mês deste ano a uma história que traz consigo grande parte do simbolismo desta época. Uma história com raiz bíblica, que se repete há dois milénios, reinventando-se na voz dos contadores de histórias, mas que continua a fascinar muitos de nós. Apresentamo-la com um título que todos são capazes de reconhecer: a Estrela de Belém.

Durante as próximas semanas, discorreremos sobre algumas das conjecturas que têm girado em torno da existência de um fenómeno celeste, relacionado com este prodígio e como ele tem vindo a intrigar historiadores, astrónomos e gente das mais variadas áreas do conhecimento.
 

Novembro de 2004 - Rover Revolutions

José Augusto Matos

Marte é o único planeta exterior cuja superfície pode ser observada a partir da Terra com alguma nitidez. A sua cor vermelha associada ao sangue terá justificado o nome inspirado no deus romano da guerra e no século XIX, houve quem visse linhas na sua superfície chamando-lhes canais. Desde então a ideia de que Marte já foi um planeta molhado nunca mais nos deixou e continua hoje presente. Só que ninguém sabe ainda se Marte foi noutros tempos um planeta de água. Os dados actuais são contraditórios e dois robôs da NASA estão a tentar descobrir o que realmente aconteceu no passado deste planeta. Com dois nomes giros (Spirit e Opportunity) e 180 quilos de peso cada um são até hoje os maiores rovers que alguma vez pisaram a superfície de Marte. Os dois já se encontram em Marte há 11 meses superando todas as expectativas de funcionamento. A sua missão tem sido uma revolução na nossa forma de explorar o planeta vermelho.
 

Outubro de 2004 - Meteoros, Meteoritos e Meteoróides

José Fernando Monteiro

Uma noite escura e sem Lua. Os últimos reflexos do Sol poente já desapareceram. As estrelas cintilam na abóbada celeste, reina um silêncio e tudo parece dormir na paz da noite, onde só uma ligeira brisa agita as folhas das árvores. De repente, surge um clarão vivo e tremente. Uma bola de fogo atravessa o céu no meio de faíscas. Tão depressa surgiu, a bola ígnea extingue-se antes de ter chegado ao horizonte, enquanto tudo mergulha novamente nas trevas. Já todos tiveram ocasião de observar este fenómeno que corresponde ao que popularmente se designa de “estrela cadente”. Os astrónomos chamam-lhe meteoro, o fenómeno luminoso resultante da entrada de uma partícula, por vezes não maior que um grão de areia, na atmosfera terrestre.
 

Setembro de 2004 - A Lua apagada - Eclipse total da Lua

Grom D. Matthies

Os astrónomos e amantes das estrelas costumam virar imediatamente a página quando se confrontam com uma frase do tipo: "Graças a um alinhamento favorável dos astros...".
Porém, é mesmo isso, um alinhamento favorável da Terra, da Lua e do Sol, que fará com que nas primeiras horas do dia 28 de Outubro de 2004, a Terra lance a sua sombra sobre a brilhante face da Lua cheia. Menos prosaico e polémico seria dizer simplesmente: Nesse dia temos um eclipse total da Lua.

Com o eclipse da Lua no dia 28 de Outubro de 2004 termina uma sequência de quatro eclipses lunares sucessivos, todos visíveis em Portugal. Tal sequência já não se verifica há mais de 50 anos e será preciso esperar outros tantos anos para se repetir o mesmo (em 2050/51). Depois de Portugal e a maior parte da Europa ter gozado o eclipse em Outubro, teremos uma época de seca, no que respeita os eclipses lunares. Aliás, o ano 2005 apenas conta com um único eclipse da Lua e este não será visível em Portugal.
 

Julho de 2004 - Buracos Negros Estelares

Cristina Zurita & Rosa Doran

Os Buracos Negros são objectos misteriosos, ainda pouco conhecidos, cuja existência não está definitivamente comprovada. Por isso, se quisermos ser rigorosos, deveríamos sempre denominá-los “candidatos” a buracos negros. Por serem regiões do espaço-tempo com um intenso campo gravítico, constituem um dos melhores exemplos da aplicabilidade e importância da Teoria da Relatividade Geral.
 

Junho de 2004 - A Rotação Retrógrada de Vénus

Jacques Laskar, Alexandre C. M. Correia

Durante milhares de anos acreditou-se que a Terra era o centro do Universo e que consequentemente era o Sol que girava em seu redor. Sabemos hoje em dia que tal não é verdade, que os planetas rodam sobre si próprios em torno de um eixo imaginário. O que ninguém estava à espera é que um deles rodasse no sentido contrario dos outros! No entanto, em 1962, os cientistas constataram com surpresa geral que tal era o caso de Vénus: um observador à sua superfície vê o Sol nascer a Oeste e pôr-se a Este! Mas então, qual será a razão para este estranho fenómeno, único no nosso Sistema Solar?
 

Maio de 2004 - Trânsito de Vénus

Nuno Crato, Fernando Reis e Luís Tirapicos

Neste Tema do Mês iremos abordar alguns aspectos históricos e científicos dos trânsitos de Vénus. Um trânsito de Vénus ou de Mercúrio não é mais que a passagem visual de um destes astros em frente ao Sol, quando observado da Terra. Assim, com este Tema, estamos a preparar-nos para o trânsito de Vénus de 8 de Junho de 2004, que é inteiramente observado no Norte de Portugal Continental. As restantes regiões do Continente perderão apenas os instantes iniciais e na Madeira e nos Açores serão observadas as fases intermédia e final do fenómeno. Os trânsitos de Vénus são acontecimentos raros, explicaremos aqui o porquê dessa raridade. Viajaremos também pelos cinco trânsitos registados até hoje em 1639, 1761, 1769, 1874 e 1882. Dada a raridade dos trânsitos de Vénus - e o facto de terem sido utilizados deste o século XVIII para determinar a distância da Terra ao Sol - foram numerosas as expedições que levaram grupos de astrónomos e aventureiros até paragens distantes. Depois de 2004 só haverá mais uma oportunidade para as gerações do presente, em 2012. Mas será então necessário viajar para poder fruir a passagem de Vénus em frente ao Sol.
 

Abril de 2004 - Os Cometas: O Passado e o Futuro

Vasco Teixeira

De vez em quando o nosso céu é iluminado por uma grande mancha difusa e brilhante que parece mover-se entre as estrelas. Essa mancha quase esférica a que chamamos coma ou auréola tem normalmente um diâmetro de algumas dezenas de milhares de quilómetros. Na maioria dos casos, saem da coma duas grandes caudas em sentido oposto ao do Sol, que se estendem no céu ao longo de milhões de quilómetros. Uma das caudas é rectilínea e de cor ligeiramente azulada. A outra é curvada e pode apresentar tons brancos ou amarelados.

Hoje sabemos que os cometas são pequenos corpos celestes, com um tamanho de alguns quilómetros, formados, principalmente, por uma mistura de gelos e poeiras. Há milhões de cometas no nosso Sistema Solar e pelo menos uma dúzia visita-nos todos os anos. No entanto, a maior parte não é suficientemente brilhante e por isso, não são visíveis sem o recurso a telescópios.

 

Março de 2004 - Nebulosas Planetárias: O Belo em Detalhe

Denise R. Gonçalves

Foi num artigo publicado em 1785, por Willian Herschel, autor de famosos catálogos de nebulosas planetárias e aglomerados estelares, que as nebulosas planetárias foram assim classificadas pela primeira vez. O nome surgiu porque o seu aspecto recordava os discos esverdeados de alguns planetas e por apresentarem características observacionais distintas dos demais objectos que estudava. Porém, estas não são, em absoluto, planetas nem mesmo nebulosas jovens em processo de condensação para a formação de novas estrelas...

Hoje em dia sabemos que estrelas do tipo solar, no final de suas vidas, desprendem suas camadas mais externas que, pouco a pouco, se expandem e diluem até se confundirem com o meio interestelar, enquanto o resto da estrela segue a sua evolução até se transformar numa anã branca, ou seja num "cadáver estelar". Enfim, apesar do nome que recebem, nebulosas planetárias representam a última fase da evolução da maioria das estrelas -- e também do Sol, dentro de 4.500 milhões de anos.

 

Fevereiro de 2004 - O Céu dos Homens do Mar na Época das Descobertas

António Canas

Até ao final da Idade Média, o conhecimento da posição dos navios no mar baseava-se essencialmente na observação de marcas em terra. Quando se afastavam para o largo, perdendo essas referências em terra, os marinheiros sentiam grandes dificuldades em saber onde se encontravam.
Para resolver esses inconvenientes, os Portugueses passaram a usar os astros para, a partir da observação do movimento destes, saberem com algum rigor a posição em que se encontravam, sem necessidade de usarem as referências de terra. Passou a ser possível conhecer a latitude dos lugares, pela observação da Estrela Polar, no hemisfério norte e da constelação das estrelas do Cruzeiro do Sul, no hemisfério sul. Também o Sol era usado para conhecer esta coordenada, pela observação do momento em que atinge a sua altura máxima, no seu movimento diurno.
Além da posição, os marinheiros podiam também saber as horas durante a noite, pela observação da posição relativa da Estrela Polar e de uma outra estrela da Ursa Menor, a Kochab.
 

Janeiro de 2004 - Júpiter, o Planeta dos Amadores

António Cidadão

Não é por acaso que Júpiter é habitualmente denominado “planeta dos amadores”. Bem posicionado para observação durante largos meses em cada ano, o seu brilho torna-o facilmente reconhecível à vista desarmada. Um simples binóculo revela um minúsculo disco achatado e os quatro satélites galileanos, e qualquer pequeno telescópio permite começar a explorar a atmosfera Joviana, colorida e extremamente dinâmica. Visualmente, ou de preferência através da obtenção de imagens com uma banal “webcam”, qualquer pessoa pode familiarizar-se com a morfologia de Júpiter. Com algum treino, será capaz de seguir a rotação do planeta ou a infindável “dança” dos seus satélites e, progressivamente, aperceber-se da profusão de fenómenos atmosféricos que se sobrepõem ao clássico padrão alternado de regiões claras e escuras paralelas ao equador. Alguns destes fenómenos, por vezes óbvios e potencialmente importantes, ocorrem em poucos dias. Outros, mais lentos, serão apenas reconhecidos comparando observações efectuadas em anos sucessivos. Outros ainda serão somente demonstrados através de filtros específicos, nomeadamente no infravermelho ou no ultravioleta. De qualquer maneira, quer se trate de um espectador ocasional ou sistemático, utilizando equipamento modesto ou mais sofisticado, um fascínio muito especial e uma certeza estão sempre associados à observação do planeta Júpiter.
 

Dezembro de 2003 - Ondas Gravitacionais: Um olhar indiscreto sobre a vida privada do Universo

Luis E. Mendes

Da mesma maneira que ao cair num lago um seixo gera uma série de ondas com origem no ponto onde a superfície da água é inicialmente perturbada, o movimento de corpos massivos num campo gravitacional gera à sua volta pequenas perturbações no espaço-tempo. É a estas pequenas perturbações que damos o nome de ondas gravitacionais (OG). Usando a mesma analogia é fácil perceber que as características das OG dependem dos detalhes do processo que lhes deu origem: tal como um seixo grande e pesado não gera exactamente o mesmo padrão à superfície do lago que um pequeno grão de areia, uma supernova ou uma colisão de dois buracos negros produzem OG com características diferentes. Em geral, quanto mais violento é o processo maior é a amplitude das OG produzidas. Numa situação ideal ao medirmos as características (frequências e amplitudes, por exemplo) das OG que observamos em cada instante podemos determinar os fenómenos que lhes deram origem e assim aprender mais sobre o universo que nos rodeia.
 

Novembro de 2003 - A Música das Esferas

Carlota Simões

Durante séculos, filósofos e artistas imaginaram o universo como um mecanismo perfeitamente organizado segundo regras que podiam ser apresentadas tanto matemática como musicalmente. As certezas da religião em relação a uma tal harmonia divina dificultaram a vida de pensadores como Galileu e Giordano Bruno. A procura de ligações entre as diversas áreas do pensamento atrasou muitas vezes o avanço da ciência, mas também foi o desejo de encontrar tais ligações que acabou por ser a base emocional que conduziu alguns cientistas a resultados importantes, como aconteceu com Kepler, ao tentar compreender a música das esferas a partir do movimento dos planetas.
 

Outubro de 2003 - Fotografar o Céu

Pedro Ré


Fotografar o céu é uma ambição natural de muitas pessoas, entre as quais se contam os entusiastas de fotografia e de astronomia, os amantes da natureza e os astrónomos amadores. Por vezes pensa-se que registar estas imagens exige equipamento altamente sofisticado e amplos conhecimentos, mas algumas destas fotografias, nem por isso menos belas, estão ao alcance de qualquer pessoa motivada e persistente. O equipamento necessário é, por vezes, surpreendentemente simples.
 

Setembro de 2003 - Lua

Vera Assis Fernandes, Miguel Almeida, e Ivo Alves


A Lua é o corpo celeste mais próximo da Terra, e desde tempos pré-históricos inspira o Homem com o seu comportamento cíclico, e presença enigmática tanto no céu nocturno, como no diurno. Adorada como divindade, objecto de estudo, inspiração romântica ou temida por superstições antigas, a Lua ilumina-nos a noite. Mas para os cientistas, a Lua é o corpo extraterrestre mais perto de nós, e aquele onde já fomos mais vezes, e recolhemos mais amostras, e por isso está recheada de significado, tanto pela sua origem, como pelo possível futuro que proporcionará à humanidade.
 

Julho de 2003 - Como vemos Marte

E. Ivo Alves, Instituto Geofísico da Universidade de Coimbra

Marte ocupa há muito um lugar especial na imaginação popular. Desde os Gregos da Antiguidade Clássica até à actualidade, o ponto vermelho errante no céu nocturno tem capturado a imaginação e os esforços de quase todos os nomes famosos da história da Astronomia.
 

Junho de 2003 - Astrobiologia: um olhar sobre o Universo, a Terra e a Vida

José Fernando Monteiro, Geólogo, Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa

Todas as épocas e civilizações tiveram a sua cosmologia, a narrativa de como começou o universo e para onde ele vai. Que lugar ocupamos nós no cosmos e, questão crucial, estaremos sozinhos na vastidão dos espaços estelares e galácticos ?
A astrobiologia é o estudo científico das possibilidades de vida no universo, seu passado, presente e futuro. Começa com a investigação da vida na Terra, o único local até ao momento onde sabermos que ela existe, e estende-se aos outros planetas e corpos do sistema solar, espaço interplanetário, outros sistemas planetários, sistemas galácticos e universo em geral. Os seus limites espaciais envolvem tudo o que é observável e temporalmente podemos dizer que os seus horizontes se prolongam aos primórdios do universo, logo após o "big bang", quando as primeiras nucleossínteses de elementos se deram.
 

Maio de 2003 - Formação de Estrelas

José Carlos Correia, Investigador da FCUL

As estrelas são o constituinte básico do Universo. Elas sempre foram fonte de fascínio e mistério para a Humanidade, servindo igualmente de tema e inspiração para artistas ao longo dos séculos. No entanto, foi só durante o século passado que começámos a descobrir os segredos acerca delas. Hoje, o seu estudo e compreensão fornecem-nos informação sobre a origem e o destino do nosso próprio Sistema Solar, a nossa morada na imensidão do Cosmos. Essa informação ajuda-nos a compreender, igualmente, a nossa própria origem e o nosso próprio destino, tal como veremos ao longo deste trabalho.
 

Abril de 2003 - Astrofísica e Cosmologia num Universo Multi-dimensional

Carlos Martins, Investigador do CAUP & DAMPT (UK) & IAP (França)

Torna-se quase impossível imaginar quão diferente teria sido a história da Humanidade se o céu estivesse sempre coberto por nuvens. Os corpos celestes, principalmente o Sol e a Lua, foram decisivos na elaboração de calendários, e por via disso na organização das primeiras estruturas sociais. As divisões que fazemos do tempo em anos, meses, semanas e dias são um exemplo óbvio desse facto. Para além disso, o Homem tem-se esforçado por compreender qual é o seu lugar no Cosmos. Esse esforço de compreensão traduz-se na formulação de modelos, que pretendem ser representações, ainda que simplificadas, da realidade. Sob este ponto de vista ontológico, a Cosmologia é a mais antiga das ciências.
 

Março de 2003 - Mercúrio

Alexandre Morgado Correia, Investigador do CAAUL

Mercúrio é o planeta mais próximo do Sol e, se excluirmos Plutão, também o mais pequeno de todos os do Sistema Solar. Tal como Vénus, não possui nenhum satélite. Embora esteja sensivelmente à mesma distância da Terra que Marte, apenas foi visitado por uma sonda até hoje, a Mariner 10, nos já longínquos anos de 1974 e 75. Devido à sua proximidade com o astro rei, é igualmente bastante difícil de ser observado a partir da Terra, pelo que ainda hoje se ignora muito a seu respeito.
 

Fevereiro de 2003 - O Mundo das Galáxias

Margarida Serote Roos, Investigadora do CAAUL

O nosso universo é constituído por inúmeras galáxias, muitas das quais contendo mais de cem mil milhões (ou 1011) de estrelas. Assim, sendo estas um constituinte tão importante do universo, vamos debruçar-nos um pouco sobre a sua história e estudo. Este tema do mês abordará diversos aspectos fundamentais ligados a estes objectos. Falaremos sobre o que são na realidade as galáxias, a descoberta da nossa própria galáxia como tal, a descoberta de outras galáxias independentes da nossa, a classificação mais comum utilizada pelos astrónomos para se referirem a estes objectos e as principais características das principais classes morfológicas destes tão interessantes mas bastante complexos astros.
 

Janeiro de 2003 - A Missão Rosetta e os Pequenos Corpos do Sistema Solar

Helena Morais, Investigadora do OAUC

O dia 12 de Janeiro de 2003 é a data prevista de lançamento da missão da ESA, Rosetta, cujo objectivo principal é o estudo detalhado do cometa Wirtanen, o qual alcançará a 29 de Novembro de 2011. Durante esta viagem de quase 9 anos em direcção ao cometa, a Rosetta irá também passar próximo de dois asteróides da Cintura Principal: Otawara (a 11 de Julho de 2006) e Siwa (a 24 de Julho de 2008).
 

Dezembro de 2002 - Astronomia, Astrologia e Mitologia

Nuno Crato, Professor do ISEG

Há cinco mil ou seis mil anos, quando os homens começaram a registar o movimento dos astros, o firmamento estava ainda povoado por deuses e demónios. Os céus eram responsáveis pela miséria e pela prosperidade, pelo dilúvio e pela calmaria, pelo desvario da luta e pela sorte na caça. Os primeiros astrónomos viviam num mundo de deuses, de monstros e de heróis. As suas observações conseguiram um notável rigor, mas estavam marcadas pelas suas crenças. Alguns dos conceitos que criaram para descrever o movimento dos astros ainda hoje estão tingidos por essas crenças, apesar de terem entrado no mundo da ciência. Quem hoje fala em signos e em zodíaco pode fazê-lo por acreditar numa influência dos astros na vida dos homens, mas pode também referir esses termos na sua moderna acepção científica.
 

Novembro de 2002 - Apontamentos Sobre a História da Astronomia em Portugal

João Fernandes, Astrónomo do OAUC & Professor da FCTUC

A Astronomia é uma das ciências mais antigas da Humanidade. A sua história, espalhada por milénios, pode contar o quão importante tem sido no desenvolvimento e avanço das civilizações. Grandes vultos da ciência do passado como Ptolomeu, Kepler e Galileu dedicaram uma importante parte das suas vidas ao estudo e compreensão dos fenómenos celestes. Assim o conhecimento da história da Astronomia ajuda-nos também a entender a evolução do pensamento científico do Homem. Neste tema do mês pretendemos abordar a evolução das ciências astronómicas em Portugal ao longo dos séculos, muitas vezes associada aos Descobrimentos, e tantas vezes esquecida por todos nós.
 

Outubro de 2002 - A Influência da Exploração Espacial no Nosso Dia-a-dia

Tiago Hormigo

O papel do Espaço na vida do dia-a-dia das pessoas é hoje, mais do que nunca, algo de simultaneamente tremendo e tido em pouca conta. O desenvolvimento da tecnologia e ciência que permitiram, no último século, atingir a fronteira do espaço e iniciar a sua exploração, tiveram um impacto sobre todos nós e uma influência na história de tal magnitude que acaba por ter, de uma forma um pouco contraditória, tendência a ser entendido pela opinião pública como apenas mais uma faceta da nossa sociedade. Não deixa de ser interessante, na verdade, que sempre que em determinado artigo de jornal ou programa de televisão se pretenda ilustrar o desenvolvimento tecnológico e científico mais recente se procurem as imagens de pelo menos um satélite, estação espacial, foguetão ou astronauta, enquanto que os orçamentos das agências espaciais são permanentemente ameaçados, não estando a salvo nem os projectos mais passíveis de contribuir para a continuação dessa fantástica aventura que teve o seu auge no século XX.
 

Setembro de 2002 - Túneis no Espaço-Tempo e Viagens Interestelares Hiper-rápidas

Francisco Lobo, Investigador do CAAUL

O Homem tem procurado explorar a vastidão do cosmos nas últimas décadas. No entanto, no que respeita às viagens espaciais, tornou-se óbvio que os seus esforços são severamente limitados por duas formidáveis barreiras: a própria vastidão do espaço e a lentidão das viagens espaciais. Neste tema do mês vamos apresentar uma das maiores e mais fantásticas possibilidades previstas pela Teoria da Relatividade Geral: os wormholes.
 

Julho de 2002 - A Vida Breve mas Dramática da Região Activa 9393

Dalmiro Maia, Investigador do OAFCUP

Neste tema do mês vamos falar sobre um dos fenómenos mais característicos da fotosfera, as mancha solares. Embora sejam uma estrutura fotosférica, as manchas solares nascem muito abaixo, na fronteira entre as zonas radiativa e convectiva. Por outro lado, a influência das manchas solares estende-se muito para além da superfície do Sol, podendo perturbar o espaço na vizinhança da Terra e mesmo muito para além disso. Vamos acompanhar de forma detalhada a vida breve mas muito activa da maior mancha solar dos últimos 10 anos.
 

Junho de 2002 - Titã

David Luz, Investigador do CAAUL & OPM (França)

Titã é a maior lua do planeta Saturno, e a segunda maior lua em todo o Sistema Solar. É apenas ultrapassado em diâmetro por Ganímedes, o maior satélite de Júpiter. Até ser visitado em 1981 e 1982 pelas duas sondas americanas Voyager 1 e 2, Titã era um objecto acerca do qual se sabia muito pouco. Agora sabemos muito mais, mais do que o suficiente para fazer dele o tema deste mês!
 

Maio de 2002 - A Atmosfera de Júpiter

Maarten Roos-Serote, Investigador do OAL & CAAUL

De certeza que já viu algumas das excelentes imagens obtidas pela sonda Galileu do planeta Júpiter e das suas quatro luas. Porém, há muitas outras observações que foram feitas pelos instrumentos a bordo de Galileu. Um deles é o Near Infrared Mapping Spectrometer, ou NIMS. Nesta série de artigos vou descrever o funcionamento de NIMS, o tipo de dados que forneceu, e explicar como estão a ser utilizados para obter uma melhor compreensão do como e porquê da atmosfera do maior planeta do nosso sistema solar.
 

Abril de 2002 - Núcleos Galácticos Activos

Maria João Marchã, Investigadora do CAAUL

O termo Núcleo Galáctico Activo, ou AGN (do inglês Active Galactic Nuclei) é utilizado para referir a região de determinadas galáxias que mostram uma actividade superior àquela da maioria das galáxias, e que não pode ser explicado somente pela actividade estelar. A sua descoberta está intimamente ligada ao desenvolvimento da Radioastronomia, e à possibilidade de poder observar o Universo "com outros olhos".
 

Março de 2002 - Enxames e Grupos de Galáxias

Catarina Lobo, Professora da FCUP & Investigadora do CAUP

A galáxia M99 contemplou tristemente o seu disco, lamentando a sua actual assimetria e pálidas cores. Estas transformações morfológicas por que passava e que alguma apreensão lhe causavam não eram mais que a consequência inevitável do novo ambiente que frequentava. De facto, quem conheça a história de M99, não pode deixar de simpatizar com o "estado de espírito" desta galáxia espiral, pertencente ao enxame de galáxias da Virgem. Este é o enxame de galáxias mais próximo de nós, a uma distância estimada de 54 milhões de anos-luz.