Almanaques
No entanto, o leitor pode ficar descansado, não irei tentar incutir-lhe um modelo cosmológico Gromiano. Nada disso. Na realidade, digamos, assim a frio e resumido, vou falar de alguns eventos e fenómenos celestes do ano 2006 em geral e de almanaques em particular.
“Que seca!” - diz a minha filha lendo estas linhas no meu monitor e volta para o seu quarto para colocar, pela enésima vez, a mesma música hip-hop de que tanto gosta e tão batida está, que, nem eu consigo escapar, ao longo das minhas manhãs solitárias, de a ouvir desbobinando e sem o ter solicitado, vezes sem conta, algures entre o fundo do miolo e do ouvido interior.
Não lhe farei o mesmo, caro leitor...prometo. E como não tenciono ocupar um cargo político, creio que até vou conseguir cumprir.
Se o leitor tiver necessidade ou simplesmente o gosto de saber o que vai acontecer no céu em 2006 visto de terras lusas, e muito além disso, se gosta de leitura e assim conhecer, aprender ou aprofundar o que a Astronomia tem para oferecer em geral e em específico, recomendo que adquira o Calendário da Astronomia 2006 (CdA 2006) e todos os CdAs que hão-de vir.
É que, este mês, não estou com vontade de me repetir ou de repetir outros. Vou tentar fugir da, muitas vezes típica, escrita tecnocrata ou de conceitos quase ortodoxos de como a ciência deve ser abordada. Embora, nisso, não seja o primeiro nesta bela secção do Portal. Mas, neste tema do mês, vão rolar cabeças, vai-se parar à fogueira, predominam os erros e enganos, e, creio ser o primeiro que, neste cantinho da divulgação do conhecimento, aplaude os videntes e abusa do uso da astrologia.
Ainda curioso? Que pena…
Se não consegui fazê-lo desistir ainda, tente ler os subtemas que preparei...
Ao longo das próximas semanas vamos apresentar os seguintes temas:
- Modelo evolutivo: Do politeísmo às ciências naturais
- Ganhar, perdendo tempo
- Discos, cilindros, tábuas e falhas de luz
- A galinha do ovo de Colombo
- Se não se mexe, está avariado
Autoria:
Grom D. Matthies
União de Astronomia e Astrofísica / NUCLIO
Perante a realidade actual da pesquisa astronómica e dos meios modernos de obtenção deste conhecimento, o autor auto-intitula-se astrónomo do tempo dos dinossauros, mas na verdade, apenas sou um astrónomo que evita razoavelmente estar desactualizado. O gosto particular pelos astros e a paixão de me mover neste ambiente e nesta área da ciência, levaram-me rumo a um caminho deveras invulgar: elaborar e publicar todos os anos um extenso livro que reflecte o conhecimento da Astronomia em geral e o progresso da astronomia amadora em Portugal, o Calendário da Astronomia. Para além deste almanaque e anuário, gozo e gasto um bom bocado do meu tempo por baixo do Sol, e embora não consiga um bronzeado como a maioria das pessoas, colho, nesta estadia quase diária, tudo o que a face solar tem para oferecer vista através de um telescópio simples.