Swift pode determinar quão profundo foi o impacto da Deep Impact

2005-07-15

Em cima: gráfico que ilustra o aumento brusco, seguido de um gradual declínio, do brilho do cometa Tempel 1 no ultravioleta, medido pelo Swift durante as primeiras 15 horas depois do impacto da Deep Impact com o cometa. Em baixo: curva de luz das medições de raios-X realizadas pelo Swift. A azul, antes do impacto; a vermelho, após o impacto. Note-se que o aumento brusco ocorre cerca de 3,5 dias depois do impacto (aos 300 000 segundos). Crédito: Swift/NASA.
Uma equipa de astrofísicos, que estuda a colisão do impactor da missão Deep Impact (NASA
National Aeronautics and Space Administration (NASA)
Entidade norte-americana, fundada em 1958, que gere e executa os programas espaciais dos Estados Unidos da América.
) com o cometa
cometa
Os cometas são pequenos corpos irregulares, compostos por gelos (de água e outros) e poeiras. Os cometas têm órbitas de grande excentricidade à volta do Sol. As estruturas mais importantes dos cometas são o núcleo, a cabeleira e as caudas.
Tempel 1 utilizando as observações obtidas com o observatório Swift
Swift Gamma-ray Burst Explorer
O observatório espacial Swift é uma missão da NASA em colaboração com outros países, lançada em Novembro de 2004 e com uma duração prevista de 2 anos. O objectivo é estudar as fulgurações de raios gama em vários comprimentos de onda. Para tal, conta com três instrumentos: o Burst Alert Telescope (BAT), que monitoriza o céu em raios gama à procura das fulgurações, o telescópio de raios-X XRT e o telescópio óptico e ultravioleta UVOT.
(NASA), relatou que, nos dias que se seguiram ao impacto, o cometa tornou-se cada vez mais brilhante nos raios-X
raios-X
A radiação X é a radiação electromagnética cujo comprimento de onda está compreendido entre o ultravioleta e os raios gama, ou seja, pertence ao intervalo de aproximadamente 0,1 Å a 100 Å. Descobertos em 1895, os raios-X tambêm são, por vezes, chamados de raios de Röntgen em homenagem ao seu descobridor. A radiação X é altamente penetrante, o que a torna muito útil, por exemplo, para obter radiografias.
.

Antes da colisão da Deep Impact, o cometa Tempel 1 era uma fonte fraca de raios-X. Depois, a maior parte da radiação X detectada é gerada pelo material levantado com a colisão. As observações em raios-X permitem medir directamente a quantidade de matéria ejectada pelo impacto, pois este material é elevado para a fina atmosfera
atmosfera
1- Camada gasosa que envolva um planeta ou uma estrela. No caso das estrelas, entende-se por atmosfera as suas camadas mais exteriores. 2- A atmosfera (atm) é uma unidade de pressão equivalente a 101 325 Pa.
do cometa e ao interagir com o vento solar
vento solar
O vento solar é um vento contínuo de plasma quente que tem origem na coroa solar e preenche o espaço interplanetário do Sistema Solar. A 1 UA do Sol (ou seja, à distância da Terra ao Sol), a velocidade do vento solar é de cerca de 450 km/s e a densidade é aproximadamente 7 protões/cm3. O vento solar confina o campo magnético da Terra e é responsável por fenómenos como tempestades geomagnéticas e auroras. O Sol ejecta cerca de 10-13 da sua massa por ano via vento solar.
de alta energia, produz raios-X.

Após o impacto, são necessários vários dias até o material da superfície alcançar a atmosfera superior do cometa (a coma). Uma análise preliminar, a 8 de Julho, indicava que várias dezenas de milhar de toneladas
tonelada (t)
A tonelada (t) é uma unidade de massa equivalente a 1000 kg.
de material tinham sido libertadas.

O Swift providencia observações simultâneas em diferentes comprimentos de onda
comprimento de onda
Designa-se por comprimento de onda a distância entre dois pontos sucessivos de amplitude máxima (ou mínima) de uma onda.
: luz visível
radiação visível
A radiação visível é a região do espectro electromagnético que os nossos olhos detectam, compreendida entre os comprimentos de onda de 350 e 700 nm (frequências entre 4,3 e 7,5x1014Hz). Os nossos olhos distinguem luz visível de frequências diferentes, desde a luz violeta (radiação com comprimentos de onda ~ 400 nm), até à luz vermelha (com comprimentos de onda ~ 700 nm), passando pelo azul, anil, verde, amarelo e laranja.
, ultravioleta
ultravioleta
O ultravioleta á a banda do espectro electromagnético que cobre a gama de comprimentos de onda entre os 91,2 e os 350 nanómetros. Esta radiação é largamente bloqueada pela atmosfera terrestre.
, raios-X e raios gama
raios gama
Os raios gama são a componente mais energética e mais penetrante de toda a radiação electromagnética. Os fotões gama possuem energias elevadíssimas, tipicamente superiores a 10 keV, às quais correspondem comprimentos de onda inferiores a umas décimas do Ångstrom. Este tipo de radiação é, por exemplo, emitido espontaneamente por núcleos atómicos de algumas substâncias radioactivas.
.

A comparação dos dados de ultravioleta colhidos nas horas que se seguiram à colisão com os dados de raios-X será fundamental. A radiação
radiação electromagnética
A radiação electromagnética, ou luz, pode ser considerada como composta por partículas (os fotões) ou ondas. As suas propriedades dependem do comprimento de onda: ondas ou fotões com comprimentos de onda mais longos traduzem radiação menos energética. A radiação electromagnética, ou luz, é usualmente descrita como um conjunto de bandas de radiação, como por exemplo o infravermelho, o rádio ou os raios-X.
ultravioleta foi criada pelo material ejectado a entrar na camada mais baixa da atmosfera do cometa; por sua vez, a radiação X provém desse material já na atmosfera superior. A equipa do Swift espera aprender muito sobre a atmosfera do cometa e a sua interacção com o vento solar.

A colisão da Deep Impact pode ser fundamental para compreender o lento processo de evaporação provocado pelo vento solar. Os cometas tornam-se visíveis em parte porque o seu gelo da superfície é evaporado cada vez que passa perto do Sol
Sol
O Sol é a estrela nossa vizinha, que se encontra no centro do Sistema Solar. Trata-se de uma estrela anã adulta (dita da sequência principal) de classe espectral G. A temperatura na sua superfície é aproximadamente 5800 graus centígrados e o seu raio atinge os 700 mil quilómetros.
. A água é dissociada nos seus componentes pela luz solar e estes são levados para longe pelo vento solar. Observando a evolução do cometa Tempel 1 após o impacto, será possível observar o processo de evaporação em algumas semanas, que de outra forma levaria alguns milhares de milhões de anos. Este tipo de processo de evaporação de água pode ter ocorrido em Marte
Marte
Marte é o quarto planeta do Sistema Solar, a contar do Sol. É o último dos chamados planetas interiores. O seu diâmetro é cerca de 50% mais pequeno do que o da Terra e possui uma superfície avermelhada, sendo também conhecido como planeta vermelho.
, há vários milhões de anos - ao contrário da Terra, Marte, tal como os cometas, não possui campo magnético
campo magnético
O campo magnético é a região em torno de um corpo na qual é detectada uma força magnética. Os campos magnéticos actuam apenas em partículas electricamente carregadas. Campos magnéticos fracos são por exemplo gerados por efeito de dínamo no interior dos planetas e luas, enquanto que campos magnéticos mil milhões de vezes mais fortes podem ser gerados em estrelas e galáxias. Os campos magnéticos são capazes de controlar o movimento de gás ionizado e até moldar a forma dos corpos por eles actuados.
que o proteja do vento solar.

Pode encontrar mais informação sobre a missão Deep Impact no Portal, nas
notícias de 14/07/2005, 8/07/2005, 8/07/2005, 4/07/2005, 4/07/2005 e 1/07/2005,
e nos sites oficiais da NASA,
http://www.nasa.gov/mission_pages/deepimpact/main/index.html
e do Laboratório de Propulsão a Jacto,
http://deepimpact.jpl.nasa.gov/home/index.html

Fonte da notícia: http://www.science.psu.edu/alert/Swift-Deep-Impact.htm