Os trânsitos de Vénus do século XIX
Trânsito de 1874
Os participantes nas expedições americanas reuniram-se no Observatório Naval dos Estados Unidos na Primavera de 1874 para ensaiarem todos os procedimentos. Sentado, à esquerda, está Simon Newcomb. De pé, com um chapéu claro, junto à escada, encontra-se Asaph Hall, que descobriria os dois satélites de Marte com o telescópio que se vê ao fundo. Crédito: Observatório Naval dos Estados Unidos
A fotografia também entrou em cena e parecia uma técnica prometedora, que permitiria, em grande medida, eliminar a variabilidade e subjectividade associadas a cada observador. Por volta de 1874, quando chegou o par de trânsitos do século XIX, já se suspeitava haver melhores métodos para a determinação da unidade astronómica (distância média da Terra ao Sol). Mas continuava a aposta nos trânsitos de Vénus.
Várias nações organizaram expedições ao Extremo Oriente e à região ocidental do Pacífico, onde o trânsito foi visível na totalidade. Como as condições meteorológicas podiam impedir o sucesso da recolha de dados, foram constituídas diversas equipas, numa espécie de redundância, que se distribuíram por estações mais a sul ou mais a norte no globo. A Rússia organizou nada menos que 26 expedições; os Britânicos 12; os Estados Unidos oito; a França e a Alemanha seis; a Itália três e a Holanda uma. «Todo o país com uma reputação de zelo científico a ganhar ou a manter quis cooperar na grande empresa cosmopolita do trânsito», como escreveu a historiadora da astronomia do século XIX Agnes Clerke.
Trânsito de 1882
Telescópio Troughton, equipado com uma objectiva de 11,5 cm (4,5 polegadas) de diâmetro, utilizado nas observações do trânsito de Vénus de 6 de Dezembro de 1882. Estava instalado no Observatório Astronómico da Universidade de Coimbra — onde hoje se mantém, no núcleo museológico. Cortesia do Prof. Artur S. Alves
Em Portugal este trânsito de Vénus, o último registado até aos nossos dias, foi observado e documentado no Observatório Astronómico da Universidade de Coimbra e no Observatório da Tapada da Ajuda, em Lisboa.