Os primeiros relógios estelares e os tectos astronómicos


Antes de passar ao tema desta semana, convém acrescentar algo mais ao artigo da semana passada. É evidente que haveria ainda muito mais para dizer acerca deste tão fascinante assunto, no entanto queria acrescentar algo que julgo ser importante na compreensão de um certo acontecimento:

Porque é que a saída de ar da fachada Norte da pirâmide de Quéops está direccionada para a estrela de Thuban?

De facto, não existe nada de particular nessa direcção, pelo menos é o que o habitante da Terra actualmente acha. Mas achar tal factor desprovido de um sentido particular, seria o mesmo que dizer que os marinheiros de hoje não olham para a estrela Polar, embora existam hoje sistemas de posicionamento que, inevitavelmente, substituíram as estrelas na orientação. Há 3500 anos, essa estrela chamada hoje de Thuban indicava o pólo norte dos antigos egípcios. Tal circunstância não se deve a uma escolha dos antigos egípcios mas sim a uma realidade astronómica. De facto, a nossa Terra efectua um terceiro movimento (para além da translação e da rotação) chamado precessão.


Figura 3.1 – Precessão da Terra
O movimento de precessão, descoberto por Hiparcos, é um fenómeno que se produz continuamente com a nossa Terra, no entanto ele é tão lento que no espaço limitado de uma centena de anos não conseguimos notar qualquer diferença. Em suma é como se a nossa terra fosse um pião gigante e rodasse sobre ele próprio formando um cone com o vértice no pólo Sul (figura 3.1) - esse fenómeno completa uma volta em apenas 26 000 anos. A precessão pode não ter uma enorme importância na nossa vida comum, no entanto, quando olhamos para um longínquo passado apercebemo-nos das diferenças que advêm dela. A construção das pirâmides é um acontecimento tão longínquo que a diferença dada pela precessão é já significativa – em suma, há 3 500 anos, Thuban era a estrela que indicava o norte geográfico.

Sirius, o calibrador do ano

Desde o quarto milénio antes da nossa era, as cheias do Nilo ocorrem anualmente em finais de Julho. Este fenómeno acontece pouco depois do aparecimento helíaco de Sirius, a estrela mais brilhante do céu egípcio no horizonte oriental. Já mencionei a importância de Sirius (Soped para os Egípcios) para os antigos egípcios, pois ela personificava a deusa Isis nos céus.


Figura 3.2 – O papiro de Carlsberg I constitui a cópia do livro de Nut, parede destes textos situam-se nos túmulos de Seti I e de Ramsés IV, nele se encontram provas de acontecimentos astronómicos essencialmente ligados ao nascimento Sirius no céu oriental
Um dos documentos mais importantes que refere tal acontecimento é o papiro Carlsberg I (Figura 3.2), que nos diz que, depois do desaparecimento por 70 dias de Soped no céu ocidental, ele reaparece ao lado do deus Khépri. Assim sendo, o nascimento helíaco de Sirius repete-se ano após ano com a periodicidade próxima do ano trópico, ou seja, em data fixa durante 3000 anos.

Os Primeiros relógios estelares

Através do papiro Carlsberg I e das tampas dos sarcófagos em madeira do Primeiro Período Intermédio, os egiptólogos e astrónomos concluíram a importância dada à estrela Sirius – pois ela era a “calibradora dos céus” .

Sobre o interior dos sarcófagos de madeira vemos a deusa do céu, Nut, reconhecível devido ao signo hieroglífico pet (figura 3.3). Ao lado foi desenhada a pata de um bovino contendo sete estrelas, uma evidente representação da constelação da ursa maior, a constelação circumpolar que os egípcios nomearam de Meskhetiu, que significa “a pata da frente do céu setentrional”.

Logo a seguir, vêm imagens de dois deuses representando Osíris e Isis, são eles Sah e Soped (Sirius). Ambos apresentam os símbolos da realeza e da divindade, o ceptro was e o signo da vida ankh. O termo Sah corresponde a uma das constelações mais representativas do nosso céu, a constelação de Orion.

Não é de todo errado apresentar Soped junto a Sah pois, na verdade, eles estão ao lado um do outro no firmamento, no entanto encontram-se invertidos nas suas posições, pois Orion fica a direita de Sirius, a estrela alfa da constelação do cão maior (figura 3.4).



Figura 3.3 – Fragmento da tampa do sarcófago de Idy (Assiout, fim do 1º Período Intermédio)



Figura 3.4 – Parte do sarcófago de Idy (Assiout, fim do 1º Período Intermédio)
Esta imagem celeste figura dividida num quadro constituído por 40 colunas e doze linhas. Sobre as linhas horizontais encontram-se escritos os seguintes termos hieroglíficos: tepy-sw, hery-ib sw e hery-pehouy sw, significando respectivamente “primeira década1”, “década central” e “ultima década”, acompanhados pelo número do mês e estação (Achet, Peret ou Shemou).

A título de exemplo: a terceira década do quarto mês da estação Achet é chamada de: hery-pehouy sw; a segunda década do primeiro mês de estação Peret foi nomeada hery-ib sw.

O Diagrama

As 36 primeiras colunas correspondem a uma década, o que possibilita um ano de 360 dias. Sendo assim é distribuída desta forma (representação actual feita por astrónomos):





O acréscimo de cinco dias efectuado pelos antigos egípcios teve origem na observação dos astros ao longo de muitos anos levando, de forma empírica, à determinação dos 365 dias do ano. A divisão de 360 em 36 decanos foi posteriormente acolhida pelos astrónomos egípcios e implementada. Os últimos cinco dias eram considerados sagrados, cada um representando um determinado deus do panteão egípcio - eram os heryou-renpet, i.e. “dias que estão para lá do ano” - mais tarde os gregos deram-lhes o nome de Epagómenes.

Cada uma das doze linhas deste quadro corresponde a uma hora da noite. Tanto a noite como o dia tinham a duração de 12 horas, no entanto, a suas durações modificavam consoante a estação do ano. Estas primeiras divisões apareceram já no período das construções das pirâmides com o surgimento do “texto das pirâmides”, no fim da V dinastia.

Cada uma destas doze horas representa uma estrela ou um conjunto de estrelas, cada qual com seu nome.

Assim sendo, a primeira estrela que nasce no horizonte ocidental no primeiro dia do ano [numero 1] é Tjemat Heret - “aquela que se encontra por cima de Tjemat”; da mesma forma a última estrela a aparecer no céu nocturno no primeiro dia do ano é a estrela tabelada numero 12. A contagem era feita assim consecutivamente por quatro escribas sentados aos pares frente a frente.

Entre as 6h e as 7h da noite existe um texto escrito que pouco difere nos 12 sarcófagos encontrados, nele é dito:

“Uma oferenda é feita a Rá, senhor dos céus, em todos os seus lugares, oferendas de pão e de cerveja, de carne, para N; uma oferenda é feita a Meskhetiu no céu do norte; uma oferenda é feita a Nut; uma oferenda é feita a Sah no sul do céu; uma oferenda é feita a Soped; uma oferenda é feita ao Semed do sul e ao Semed do Norte; uma oferenda é feita ao deus que atravessa o céu (Sah) e ao braço superior de Sah; uma oferenda é feita a Soped e aos seguidores de Soped... Oferenda de N aos deuses, para o amarem.”

Os Egípcios foram portanto os primeiros a observar as estrelas para a contagem do tempo, certa esta mesma contagem tem mais a ver com questões de necessidades na economia do país, no entanto, é de dar a devida importância ao facto de terem associado todos os movimentos dos corpos celestes a um acto tão importante que é o domínio do tempo.

Os primeiros tectos astronómicos

Curiosamente um dos primeiros tectos a ter a simbologia dos céus, e representando uma carta dos céus, não pertencia a um faraó mas sim a um alto funcionário da famosa faraó Hatchepsout, o seu nome era Senmout e era arquitecto pessoal da rainha faraó (dinastia XVIII).

O túmulo funerário de Senmout situado em Deir el-Bahari, não muito longe do vale dos reis, é um dos mais espantosos a nível arquitectónicos, e apresenta um dos tectos mais significativos da representação do céus de então.

O que conseguimos ver é que a parte meridional desse mesmo tecto (Figura 3.5) é praticamente idêntico ao sarcófago de madeira de Shemes um dos mais recentes.



Figura 3.5 – Parte meridional do tecto de Senmout (Deir el-Bahari – XVIII Dinastia)


O relógio estelar, sendo um relógio que acompanhava os movimentos das estrelas tinha evidentemente de se rever em determinadas alturas. Os egípcios contabilizaram um período de 40 anos para no final repor o relógio a “horas”. Esta pode vir a ser a explicação mais lógica em relação as diferenças existentes nos sarcófagos de madeira.

Sendo a contagem das horas uma tarefa primordial na existência dos egípcios, uma revisão teve lugar entre o final da XIIª dinastia e o início da XIIIª dinastia, isto é entre o final do Médio Império e o início do Império Novo.

A partir desta época os Egípcios dividiram a esfera em 36 partes todas elas referentes a 10º de intervalos. A contagem era feita da mesma forma do que no Primeiro Período Intermédio e Médio Império mas, aqui, de uma forma matemática e cientifica. A Partir deste período a designação decano pode-se utilizar conforme a conhecemos hoje. Este novo sistema baseia-se sobre a sucessão das culminações dos decanos no meridiano2 do local.

Representação pictográfica

O tecto astronómico do faraó Seti I (XIX dinastia) apresenta semelhanças com o tecto de Senmout (XVIII dinastia), assim como do Ramaseum – templo funerário de Ramsés II (XIX dinastia). Por sua vez Senmout utilizou figuração semelhante as clepsidras de Karnac (Figura 3.6), feitas no reinado de Amenofis III (XVIII dinastia).



Figura 3.6 – Clepsidras de Karnac (XVIII dinastia) para cada estação do ano.


Diferenciação Norte-Sul

Existe em todas as representações uma forte diferenciação entre o céu Norte e o céu Sul. Esta diferenciação não fez evoluir a forma simbólica da representação do céu, mas fez evoluir o seu modo de expressão. Neste caso, apercebemo-nos de uma sobreposição de imagens até então inexistente, procura-se uma maior identificação com as posições das estrelas e constelações nos céus, no entanto nem sempre bem conseguida.

Detalhes do céu Norte

Meskhetiu – a ursa maior, aparece juntamente com outras constelações, tal a constelação actual do dragão, aqui representada por um hipopótamo com um crocodilo no seu dorso (Figura 3.7). Entre as suas mãos, o hipopótamo segura uma “estaca” na qual Meskhetiu também esta ligada, sinal inevitável da circumpolaridade da constelação.

Para alem destas constelações setentrionais, existem cerca de vinte deuses com um disco solar, representando as circumpolares, aquelas estrelas que não estão ligadas a nenhuma constelação mas que “orbitam” aparentemente em volta do pólo norte.



Figura 3.6 – Tecto de Seti I , as constelações e as circumpolares.



Figura 3.7 – Tecto setentrional de Senmout (XVIII dinastia)

Se existe um ponto comum entre os painéis setentrionais dos diferentes faraós (Seti I, Ramsés II, Ramsés IV, Ramsés VI, Ramsés XI) e Senmout, este ponto é a figuração. Todos tem como base a imagem empregue no túmulo de Senmout (Figura 3.7), em todos eles reencontra-se a constelação da ursa maior sobre a forma de touro (o rabo deste bovino esta ligado a aquilo que supostamente seria o pólo Norte), simbolicamente essa ligação demonstra que essa constelação existia ligada a aquele ponto do firmamento que ficava sempre imóvel. Esta mesma “estaca” é também utilizada na simbologia da constelação do dragão, constelação que ao longo do tempo sofreu algumas modificações em termos de nome.

Na proximidade destas duas constelações figuram três personagens: a deusa Serquet, adornada pelo disco solar e a direita da ursa maior nos tectos de Senmout e do Ramaseum, tende sido deslocado para a esquerda e substituído por um deus no tecto de Seti I. O Deus Anu, com cabeça de falcão que simbolicamente espeta a sua lança em Meskhetiu. Existe ainda outra personagem com as mãos levantadas (Cepheu?), como se em sinal de domínio sobre o crocodilo situado a sua frente.

Para alem desses, podemos ainda encontrar outras figurações de animais, como a de um Leão que possivelmente representaria a constelação do Leão, essa última próxima da constelação da Ursa Maior.

Em outros tectos astronómicos como é o caso do tecto de Ramsés VI (Figura 3.8) existe ainda um escorpião desenhado, no entanto não se tem provas evidentes da sua veracidade.

A listagem dos meses do ano


Figura 3.8 – Tecto de Ramsés VI (Tebas Ocidental, XX dinastia)
Pela ligação feita através de comparações tanto a nível arqueológicas como a nível astronómica, existe um parentesco entre os tectos de Senmout e do Ramaseum, ligação também ela valida para as clepsidras de Karnac, datada do reino de Amenofis III. Por outro lado os tectos de Seti I e de Ramsés VI encontram-se arqueologicamente ligados. No entanto O tecto de Senmout possui uma particularidade que não é encontrada em nenhum outro tecto da época, a existência de doze discos contendo cada um 24 raios (Figura 3.9).

O numero de raios faz logo alusão a divisão das vinte e quatro horas do dia, enquanto que os doze círculos a divisão dos doze meses do ano – três estações de 4 meses cada. Existe a particularidade de por décima de cada círculo haver um nome associado, esse nome era dado a festa que nesse determinado mês seria celebrado.



Figura 3.9 – Tecto de Senmout, divisão dos doze meses do ano e das vinte e quatro horas do dia.


Encontram-se provas dessas divisões e desses nomes no templo de Ramsés II assim como nas clepsidras de Karnac, no entanto aqui não figuram círculos nem raios, apenas os nomes constam.

Assim sendo teremos:

Nome dos Meses Tecto de Senmout Clepsidra de Karnac Tecto do Ramaseum
I Achet
II Achet
III Achet
IV Achet
Tekhy
Menkhet
Hour Her
Ka Ka
Tekhy
Ptah
Hour Her
Shemet
Tekhy
Ptah Resy Ibenef
Hour Her
Shemet
I Peret
II Peret
III Peret
IV Peret
Shefbedet
Rekeh [Our]
Rekeh [Nedjes]
Renenout
Amon Ra Nesou N.
Rekeh Our
Rekeh Nedjes
Renenout
Amon
Rekeh Our
Rekeh Nedjes
Renenout
I Shemut
II Shemut
III Shemut
IV Shemut
Khensou
Khent Khety P.
Ipet Hemet
Wep Renpet
[Khensou]
[Khent Khety]
Ipet Hemet
Ra Her Akhty
Khensou
Khent Khety
Ipet Hemet
Ra Her Akhty


Estes termos listados anteriormente demonstram em definitivo a ligação entre os três tipos de calendários.

Detalhes do céu Sul

Para a representação da parte Sul do céu, existe uma evolução em termos de nomenclatura, i.e. desde o sarcófago de Shemes em que as estrelas (ou conjunto de estrelas) não eram associadas directamente a deuses do panteão egípcio, a partir do Novo Império estas mesmas estrelas estão associadas a Eles. Prova disso é o escrito encontrado:

“ Aqueles que estão nos seus lugares, os deuses do céu são em número de 36”

Mas a maior diferença, ou seja evolução, do ponto de vista astronómico, é que os cinco épagomenos aparecem associados aos cinco planetas visíveis (conhecidos) nessa época, sem deixar evidentemente a estarem associados a determinado deus do panteão egípcio. Estes são bem visíveis no tecto do Ramaseum (Tebas - XIX dinastia) (Figura 3.10).



Figura 3.10 – Figuração sul do Ramaseum (XIX dinastia)


Olhando para a listagem das décadas figuradas no sarcófago de Shemes, e comparando-a com os decanos sobre os tectos e as clepsidras notamos uma semelhança aparente. Três destas listas são particularmente semelhantes a Shemes, são eles: Senmout, Karnac e o Ramaseum. Para o tecto de Seti I existem nova listagem de estrelas que não figuram em outro lado, estas novas estrelas são essencialmente constituintes da constelação de Sah (Orion).

No tecto da sala sepulcral de Seti I, estas diferenças foram listadas de maneiras bem diferentes: algumas divindades foram assemelhadas a outras estrelas, e algumas estrelas foram assemelhadas a outras divindades como: Geb, Ba, Sekhmet e Hathor, porquê?

  • Factor Histórico: Túmulo de Seti I foi construído antes do Ramaseum.
  • Factor Astronómico: O Tecto do Ramaseum assemelha-se com tectos de dinastias anteriores.
Não se sabe.

Os cinco planetas do sistema solar

A partir do tecto astronómico de Senmout assistimos a coabitação dos dias épagomenos e dos planetas conhecidos a esta época.

No tecto de Senmout e sobre as clepsidras de Karnac (Figura 3.11) figuram no seguimento da listagem dos decanos regulares, a apelação hieroglífico e figuração de quatro dos cinco planetas conhecidos na época (pressupõem-se que Marte ainda não tinha sido reconhecido como planeta): Júpiter, Saturno, Mercúrio e Vénus.

Tudo leva a querer que para os antigos egípcios a classificação desses corpos era feito em dois, aquele que estavam próximos do deus Sol, e aqueles mais distantes… Esta classificação poderá ser dada pela perspectiva dada pelo movimento desses planetas.



Figure 3.11 – Tecto de Senmout e clepsidra de Karnac


A partir de Seti I o planeta Marte é figura presente dos tectos astronómicos (figura 3.12).

Esta diferença é testemunhada na apelação hieroglífico de cada planeta, em cada vestígio estudado os planetas Marte, Júpiter e Saturno aparecem como homens com cabeça de falcão – alusão do deus Horus, com uma estrela por cima da cabeça atravessando na barca solar os céus nocturnos.

MercúrioSebeg
VénusEstrela que atravessa o céu
MarteHorus do Horizonte; Estrela do céu que se desloca em sentido retrógrado
JúpiterHorus que delimita as duas terras; Estrela meridional do céu
SaturnoHorus, Touro do céu; estrela oriental que atravessa o céu



Figura 3.12 – Tecto de Seti I
O Planeta Mercúrio é chamado Sebeg, é intrinsecamente ligada ao deus Seth. Vénus está associado a Horus mas de uma forma secundária através da sua representação como o pássaro Bennu, pássaro sagrado no antigo Egipto.

A presença do termo Seba (estrela) próximo dessas representações, denota uma aproximação dos planetas as estrelas feita pelos astrónomos egípcios. Se a sua classificação em dois grupos distintos é justificada pelas suas translações aparentes, a sua disposição nos tectos é feita de forma totalmente aleatória, traduz as suas incapacidades em deduzir os períodos de resoluções respectivos.

O Livro de Nut

No tecto de Seti I em Abidos e no túmulo de Ramsés IV em Tebas, encontramos duas formas de contabilizar os decanos, no primeiro: o aparecimento dos decanos no Este no céu, no segundo: a culminação dos decanos no meridiano.

É a partir daqui que se introduz o Livro de Nut, que representa o corpo da Deusa Nut com os nascimentos a oriente dos 36 decanos listado no seu próprio corpo. Entre o corpo e Nut e de Geb (deus terra) de ambos dos lados do deus Shou (deus vento) figuram as culminações (Figura 3.13) dos 36 decanos no meridiano do local.



Figura 3.13 – Deusa Nut segura por Shou


Esta forma representativa conhecida sobre o nome de livro de Nut, também nos indica a viagem do deus Sol na sua viagem ao longo do dia. Em suma o deus Sol , irá nascer todas as manhas no horizonte oriental e ao anoitecer é engolido pelo corpo da deusa Nut.





Bibliografia

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  • Parker, R., The calendars of Ancient Egipt, in “SAOC” , 26, 1950.


1Período de 10 dias.
2É uma linha norte-sul entre o Pólo Norte e o Pólo Sul passando pela superfície da Terra, representando a metade de um círculo na superfície da Terra. Ele conecta todos os pontos a uma dada longitude, enquanto que a posição no meridiano é dada pela latitude.
Agradecimento: Obrigado, Sandra Peres, pela ajuda na revisão deste texto.