Antecedentes



Galileo numa câmara de teste. Repare no tamanho da sonda ! Crédito: NASA
Viajar até aos planetas gigantes para os observar de perto, foi esse o objectivo que a Agência Espacial Norte Americana (NASA) se pôs nos finais dos anos 60 e inícios dos anos 70. Nos anos 70 e 80 uma conjunção muito favorável nas posições dos planetas gigantes uns relativamente aos outros fazia com que fosse possível visitar todos eles usando um mínimo de carburante. Esta situação acontece muito raramente, uma vez cada 175 anos. Era de aproveitar!

Uma das grandes dúvidas que existiam na altura era se a cintura de asteróides não seria um problema, com fortes probabilidades de uma sonda sofrer danos catastróficos causados por impactos com asteróides e poeiras. A cintura encontra-se entre a órbita de Marte e de Júpiter, e consiste de milhares e milhares de pequenos corpos, com tamanhos até mil quilómetros de diâmetro. Não era a probabilidade de um impacto com um pequeno corpo de tamanho de metros ou mais que preocupavam os engenheiros e cientistas, mas sim com a poeira que se pensava ser muito abundante. Essa poeira existe devido às frequentes colisões entre os asteróides. Mesmo um grão de poeira pequeno pode causar danos elevados, visto que as velocidades de impacto podem atingir vários quilómetros por segundo !

Foram as Pioneer 10 e 11 as primeiras naves terrestres a atravessar a cintura de asteróides. Correu tudo muito melhor do que se esperava. Não houve qualquer problema. Foram os batedores para missões mais complexas em direcção ao Sistema Solar externo. Estas missões decorreram nos primeiros anos da década de 70. Não levavam quase nada a bordo, nem sequer uma câmara. Tinham instrumentos para medir o campo magnético, e um sistema de fotómetros para medir luz. Imagens podiam ser reconstruídas a partir dessas medições, tarefa complexa com os computadores do início dos anos 70. No entanto, estas imagens já eram muito melhores do que podiam ser conseguidas com os instrumentos terrestres da altura. Revelaram um Júpiter muito complexo. As Pioneers passaram perto de Júpiter, após uma viagem directa de menos de dois anos a partir da Terra. Depois continuaram para fora do Sistema Solar.

Outro problema que preocupava os engenheiros e cientistas era a intensidade do campo magnético de Júpiter. Um campo forte podia causar interferências e danos à electrónica a bordo. As Pioneers detectaram um campo que era ainda mais forte e dinâmico do que se pensava. No entanto, sobreviveram.

Depois das Pioneers, foram enviados as Voyager 1 e 2. Lançadas em 1977 em trajectória directa para Júpiter, estas naves iam muito bem equipados com uma série de instrumentos para detectar e medir a intensidade da luz em diferentes comprimentos de onda, do ultravioleta até ao infravermelho. Levavam também câmaras modernas. Passaram perto de Júpiter em 1979, sobrevoando o planeta e passando perto de uma das grandes luas. As informações que transmitiram para a Terra foram riquíssimas, e a sua análise nas décadas seguintes fez com que a compreensão dos cientistas desse um salto muito grande para frente.

No entanto, as observações por estas sondas eram sempre feitas num espaço de tempo muito curta, pois as sondas continuavam o seu caminho. Chegou a altura de pensar numa missão dedicada a Júpiter: uma sonda à volta do planeta para poder estudar o sistema joviano de perto durante algum tempo. Nasceu o projecto Galileo.