Desenvolvimentos actuais



Hoje em dia, a pesquisa em Cosmologia é levada a cabo em seis das 14 universidades estatais, conforme apresentado na seguinte lista:

  • Universidade do Algarve, Faro (Paulo Sá e Robertus Potting)
  • Universidade da Beira Interior, Covilhã (Paulo Moniz e José Velhinho)
  • Universidade de Évora (Ilídio Lopes)
  • Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (Luis Bento, Paulo Crawford, Tom Girard, José Pedro Mimoso e Ana Nunes)
  • Instituto Superior Técnico da Universidade Técnica de Lisboa (Maria da Conceição Bento, Orfeu Bertolami, Alfredo Barbosa Henriques e Ana Mourão)
  • Universidade do Minho, Braga e Guimarães (Filipe Mena, Piedade Ramos e Estelita Vaz)
  • Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (Pedro Avelino, Miguel Costa, Paulo Carvalho, Carlos Herdeiro, Catarina Lobo, Paulo Gali Macedo, Fátima Mota, Caroline Santos e Pedro Viana)



A maior parte da investigação ocorre em Departamentos de Física, mas também de Matemática, como no caso das Universidades do Porto e Minho. No entanto, formalmente, a pesquisa tem lugar no contexto de centros de investigação — aspecto muito característico da actividade científica no país — relacionados com as universidades, mas com alguma independência financeira e liberdade de escolha de tópicos de interesse. Assim, a Cosmologia é abordada em oito centros, dispersos pelas universidades do seguinte modo:

Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa:
  • Centro de Astronomia e Astrofísica da Universidade de Lisboa (CAAUL)
  • Centro de Física Nuclear (CFN)
  • Centro de Física Teórica e Computacional (CFTC)


Instituto Superior Técnico (IST):
  • Centro Multidisciplinar de Astrofísica (CENTRA)
  • Centro de Física dos Plasmas (CFPl)
  • Centro de Física Teórica e Partículas (CFTP)


Faculdade de Ciências da Universidade do Porto:
  • Centro de Astrofísica da Universidade de Porto (CAUP)
  • Centro de Física do Porto (CFP)


Além dos investigadores já mencionados, a comunidade científica portuguesa distingue-se por ser relativamente jovem, com grande parte da pesquisa levada a cabo por jovens investigadores, bolseiros de pós-doutoramento e alunos de doutoramento. Existem dezoito post-docs no país: um em Braga-Guimarães, um em Faro, doze em Lisboa, quatro no Porto e seis no estrangeiro, alguns dispostos a regressar por períodos de um a três anos. A estes, somam-se quatorze alunos de doutoramento: um em Braga- Guimarães, um em Faro, cinco em Lisboa e sete no Porto. Uma lista completa está disponível na Ref. [1].


Actualmente, a pesquisa nacional em Cosmologia cobre as áreas de maior interesse, incluindo cosmologia quântica, cosmologia de cordas e membranas, inflação, radiação cósmica de fundo, cordas cósmicas, transições de fase cosmológicas e “cosmologia no laboratório”, matéria escura, energia escura, variações de constantes fundamentais, simetrias do espaço-tempo, topologia e cosmologia observacional. Em muitos destes tópicos, artigos escritos em Portugal alcançaram uma posição de grande visibilidade, obtendo alguns mais de cinquenta ou cem citações, de acordo com a base de dados QSPIRES. Uma lista de alguns destes trabalhos pode encontrar-se na Ref. [1], incluindo dois trabalhos vencedores dos terceiros prémios da Gravity Research Foundation, nos Estados Unidos [2,3], e outro vencedor do prémio União Latina de Ciência, em 2001 [4].

É com entusiasmo que se verifica que este reconhecimento da qualidade da produção científica nacional se estende à cosmologia observacional e à análise de dados, incluindo o efeito Sunyaev-Zeldovich e as suas implicações cosmológicas [5], limites da normalização do espectro de potência de massa, utilizando sondagens de clusters reflexivos e SDSS/RASS [6], e sondagens de supernovas e relação com os parâmetros cosmológicos [7]. De realçar o envolvimento nacional com a equipa que identificou o cluster mais antigo já observado, no contexto da sondagem efectuada pelo satélite XMM [8]. Estes trabalhos reflectem o envolvimento da comunidade científica portuguesa em várias actividades observacionais internacionais, entre as quais se salientam as seguintes:


  • Galactic Emission Mapping (construção de um radiotelescópio para o estudo das contribuições para emissão sincrotrónica galáctica relevante para o estudo da Radiação Cósmica de Fundo) (CENTRA)
  • Planck Surveyor (CENTRA-Working Group 7, CAUP-Working Group 5)
  • Square Kilometer Array (CENTRA)
  • Supernova Cosmology Project and Supernova Legacy Survey (CENTRA)
  • XMM-Newton Cluster Survey (CAUP)
  • Pioneer Anomaly and LATOR (Laser Astrometric Test of Relativity) Science Teams (CFPl)


Além de trabalhos especializados, vários investigadores têm empreendido um esforço de divulgação da Cosmologia para o público interessado, incluindo as obras


  • Descobrir o Universo, Teresa Lago et al. (Ed. Gradiva, Abril 2006).
  • O Livro das Escolhas Cósmicas, Orfeu Bertolami (Ed. Gradiva, Janeiro 2006).
  • capítulo dedicado à Cosmologia, por José Pedro Mimoso, em Código Secreto (Ed. Gradiva) por Margarida Telo da Gama et al., 2005.



Por último, realça-se a organização de variadas conferências internacionais sobre Cosmologia em Portugal, contando com a presença de investigadores nacionais e estrangeiros. Uma lista das reuniões mais frequentadas pode encontrar-se na Ref. [1]; a título de exemplo, note-se a presença em Lisboa de George Smoot — vencedor do prémio Nobel da Física de 2006 — na conferência Cosmology 2000, em Julho desse ano, organizada por M. C. Bento, O.Bertolami, A. B. Henriques e L. Teodoro.

Referências:

[1] O. Bertolami, physics/0612066.

[2] V. A. Kostelecky e R. Potting, Gen. Relativity and Gravitation 37 (2005) 1675.

[3] M. C. Bento e O. Bertolami, Gen. Relativity and Gravitation 31 (1999) 1461.

[4] M. C. Bento, O. Bertolami e R. Rosenfeld, Phys. Rev. B518 (2001) 276.

[5] R. Stompor et al., Astroph. J. 561 (2001) L7.

[6] P. Viana, R. Nichol e A. Liddle, Astroph. J. 569 (2002) L75.

[7] P. Astier et al., Astron. Astrophys. 447 (2006) 31.

[8] S. A. Stanford et al., astro-ph/0606075.