O Sistema Solar



Ilustração dos tamanhos relativos dos planetas.
Nove planetas, Mercúrio, Vénus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Úrano, Neptuno e Plutão, juntamente com a estrela a que chamamos Sol, formam o nosso sistema solar. Pelo menos é isto que aprendemos na escola. Os planetas acima citados estão ordenados do mais próximo para o mais distante do Sol. Os primeiros quatro - Mercúrio, Vénus, Terra e Marte - são sólidos, constituídos maioritariamente por rocha, e relativamente pequenos, com diâmetros entre 4900 km (Mercúrio) e 12800 km (Terra); são os chamados "planetas rochosos". Os quatro que se seguem, à medida que nos afastamos do Sol, - Júpiter, Saturno, Úrano e Neptuno - são enormes esferas de gás sem uma superfície onde se possa caminhar. Estes "gigantes gasosos" são muito maiores do que os planetas rochosos. Neptuno, o mais pequeno dos gigantes, mede quase 4 "Terras" em diâmetro, e Júpiter, o maior de todos os planetas, tem um diâmetro 11 vezes superior ao da Terra. Se Júpiter fosse do tamanho de uma bola de futebol, Neptuno seria do tamanho de uma bola de ténis e a Terra seria do tamanho de um berlinde. Nesta escala o Sol teria mais de dois metros de diâmetro.

Os primeiros oito planetas parecem seguir um padrão: quatro pequenos rochosos na região interior, e quatro gigantes gasosos na região exterior. Além disso, movem-se de forma bastante regular: todos circulam o Sol no mesmo sentido, em órbitas heliocêntricas1, quase circulares e coplanares2. Os seis planetas mais próximos do Sol - Mercúrio a Saturno - são visíveis a olho nu e, portanto, do conhecimento dos homens desde que estes olharam para os céus com atenção. Os dois mais distantes - Úrano e Neptuno - foram descobertos com o auxílio de telescópios em 1781 e 1846, respectivamente. A descoberta de Plutão, em 1930, veio complicar ligeiramente a aparente simplicidade do sistema solar e aguçar a curiosidade dos cientistas. Plutão orbita o Sol no mesmo sentido dos restantes planetas, mas fá-lo de uma forma mais irregular. A sua órbita é inclinada em relação ao plano da eclíptica3, e é alongada, de tal forma que Plutão umas vezes está mais perto do Sol do que Neptuno, outras vezes está mais longe. Para além disso, Plutão é composto principalmente de gelo e é muito pequeno. Na nossa escala em que a Terra tem o tamanho de um berlinde, Plutão seria ligeiramente mais pequeno do que um grão de pimenta. Estes factos mostram claramente que Plutão é diferente dos outros planetas. Voltaremos a Plutão numa das próximas semanas.


Órbitas dos planetas em perspectiva (a), e em planta (b). A encarnado, e ampliado em a), estão representadas as órbitas dos planetas rochosos, a azul as dos gigantes gasosos, e a verde a órbita de Plutão. Na figura b) o sentido orbital é o contrário ao dos ponteiros do relógio.
A maior parte dos planetas tem satélites naturais, também chamados luas. A Terra tem um, a Lua, Marte tem dois, Phobos e Deimos, e os gigantes gasosos têm vários satélites cada um. Plutão também tem um satélite, Caronte. Mercúrio e Vénus não têm satélites naturais. Nos casos da Terra e de Plutão o planeta anfitrião e o satélite têm tamanhos comparáveis: a Lua tem mais de um quarto do diâmetro da Terra, e Caronte tem aproximadamente metade do diâmetro de Plutão. Os satélites dos outros planetas são comparativamente muito mais pequenos. Mais uma curiosidade relacionada com Plutão: trata-se do único planeta que é mais pequeno do que a nossa Lua. Na sua esmagadora maioria estes satélites orbitam o seu planeta no mesmo sentido em que os planetas orbitam o Sol.

O sistema solar tem outras famílias de objectos para além do Sol, dos planetas e seus satélites. Entre as órbitas de Marte e Júpiter existe uma região repleta de pequenos corpos rochosos, chamados asteróides. Estes "planetas menores" formam a "cintura de asteróides". Ceres, o maior dos asteróides, tem cerca de 900 km de diâmetro, e foi o primeiro a ser descoberto, em 1801. Desde então, várias centenas de milhares de asteróides foram descobertos, dos quais apenas 26 têm mais de 200 km em diâmetro. Os asteróides são, na sua grande maioria, muito pequenos, e quanto mais pequenos mais numerosos. Imaginem todos os asteróides "amassados" numa única e gigante bola de plasticina; essa bola seria menor do que a Lua. Se a dividíssemos em quatro bolas iguais, uma delas seria do tamanho de Ceres. Depois, usaríamos outra bola para fazer mais 25 asteróides --- os tais que, juntamente com Ceres, são maiores que 200 km. Finalmente, as últimas duas bolas seriam suficientes para fazer todos os outros asteróides.

Outra importante família de objectos do sistema solar é a dos cometas. Mas sobre essa falaremos na próxima semana.


1Centradas no Sol.
2 Todas assentes no mesmo plano, como as faixas de um disco de vinil imaginário.
3 O plano da órbita da Terra em torno do Sol, ou o tal "disco invisível" onde assentam as órbitas dos planetas.