Sabia, que...
Fig.6: A Lua quase totalmente mergulhada na sombra central da Terra apresenta-se tipicamente com uma cor alaranjada. Foto: UAA-Arquivo científico/Luís Carreira.
Desde que o ser humano desenvolvido observa o céu com olhos atentos, há e houve muitos, mesmo muitos eclipses da Lua. Quantos foram e algumas outras curiosidades estatísticas estão no foco do tópico desta semana. Excluindo os eclipses lunares penumbrais, os quais tecnicamente não podem ser contados como eclipses, houve, desde o inicio da nossa era até ao eclipse de Outubro inclusive, 2199 eclipses lunares. Nos 2000 anos antes da nossa era deram-se 2189 eclipses lunares.
Ao todo, desses 4388 eclipses, 2356 foram parciais e 2032 totais. 1181 eclipses parciais e 1008 totais deram-se antes da nossa era e 1175 parciais e 1024 totais desde o ano 1 da nossa contagem do tempo.
Ao longo desse prazo de quase 4000 anos, os eclipses concentraram-se mais em torno do início e fim do ano (meses Outubro até Março), tendo os meses da Primavera e de Verão cerca 20% menos eclipses que os da época mais fria no hemisfério Norte.
Também ao nível das horas em que os eclipses ocorreram podemos verificar diferenças. Cerca 65% dos eclipses lunares aconteceram entre as 20h UT até às 6h UT, favorecendo por isso a sua visibilidade aos Europeus. Nos últimos 4004 anos não ocorreram eclipses entre as 12h e as 14h UT.
Os anos mais abençoados foram aqueles com 3 eclipses lunares no mesmo ano. Da última vez que isto aconteceu foi em 1917. Foi um ano particularmente feliz para os astrónomos, pois todos estes eclipses eram totais e, como um bónus, houve ainda três eclipses solares, dois parciais e um anular, ou seja, 6 eclipses num só ano (o máximo teórico é de 7 eclipses). Infelizmente, as perturbações políticas e sociais gerais em todo o mundo, transformaram este ano particularmente doloroso para a população mundial e especificamente para a população europeia.
O pior período para eclipses da Lua foram os anos 905-907, pois decorreram quase 3 anos seguidos sem qualquer eclipse para observar.
Os eclipses, tanto em termos do seu aspecto e da sequência, repetem-se após cerca 18 anos. A esta repetição chamamos o ciclo de Saros (ver tópico específico).
Para que se possa verificar um eclipse, não chega o mero alinhamento dos três astros (Sol-Terra-Lua) numa linha recta. É necessário que a distância da Lua à eclíptica seja muito pequena e que a distância do nodo lunar não ultrapasse um certo limite. Para um eclipse lunar com contacto na umbra, o desvio do nodo em longitude não pode ultrapassar 10,2º, mas pode chegar a 16,1º para um eclipse do Sol. Isto significa, que um eclipse solar é um evento muito mais frequente que um eclipse lunar. Para ser exacto, os eclipses do Sol são 16,1 / 10,2 = 1,58 vezes mais frequentes que os da Lua.
Infelizmente, para uma dada localidade na Terra, o número de eclipses lunares é substancialmente maior do que os eclipses solares. Um eclipse da Lua pode ser visto por mais de metade da Terra (lado nocturno da Terra com a Lua por cima do horizonte), enquanto um eclipse do Sol apenas é visível numa faixa muita estreita (largura no máximo de ~300 km).