A vida breve mas dramática da Região Activa 9393

O Sol, no dia 2 de Julho de 2002, visto pelo telescopio espacial SOHO.
Créd: NASA

A luz proveniente do disco luminoso que estamos habituados a ver no céu, e que identificamos com o Sol, tem a sua origem numa faixa de apenas 300 km de espessura, a fotosfera. A fotosfera representa por isso apenas uma pequena parte do Sol: do centro do Sol até à fotosfera vão cerca de 700 mil km.

Estudar o Sol é como tentar interpretar um quebra-cabeças ao qual faltam muitas peças. Num quebra-cabeças tradicional tentam encaixar-se peças que apresentam motivos semelhantes: porções do céu, dum curso de água, dum bosque, etc. O Sol exige algo desse género: um dos passos fundamentais é distinguir no Sol zonas com propriedades físicas claramente distintas. Isto conduz a um modelo do Sol "em camadas", constituído por seis grandes zonas:

Núcleo, a região central, onde ocorrem as reacções nucleares que produzem a energia que acaba por ser libertada à superfície.
Zona radiativa, região que sucede ao núcleo. A energia produzida no núcleo é aqui transportada de forma lenta através da absorção e emissão de fotões.
Zona convectiva, região que sucede à zona radiativa. O transporte de energia é feito através do movimento de grandes blocos de matéria muito quente.
Fotosfera, pode ser definida como a superfície do Sol. é da fotosfera que provém a luz visível emitida pelo Sol.
Cromosfera, região que se segue à fotosfera, a cromosfera é practicamente transparente à radiação visível, pode ser observada durante os eclipses solares.
Coroa, pode ser definida como a atmosfera do Sol. Extremamente quente (temperatura acima do milhão de graus Celsius) a coroa solar é muitíssimo ténue, só podendo ser observada na luz visível durante os eclipses solares ou com o auxílio de aparelhos especiais, os coronógrafos.

Neste tema do mês vamos falar sobre um dos fenómenos mais característicos da fotosfera, as mancha solares. Embora sejam uma estrutura fotosférica, as manchas solares nascem muito abaixo, na fronteira entre as zonas radiativa e convectiva. Por outro lado, a influência das manchas solares estende-se muito para além da superfície do Sol, podendo perturbar o espaço na vizinhança da Terra e mesmo muito para além disso. Vamos acompanhar de forma detalhada a vida breve mas muito activa da maior mancha solar dos últimos 10 anos. Nas próximas semanas irão ser abordados os seguintes aspectos:



Autoria:
Dalmiro Maia
Investigador do Observatorio Astronomico do Porto