A imagem ao lado mostra-nos o Sol, visto do espaço por um dos instrumentos (MDI) a bordo da sonda espacial SOHO, no dia 21 de Março de 2001. Algo que salta imediatamente à vista é a presença de algumas pequenas regiões escuras. O disco solar apresenta frequentemente essas regiões escuras, as chamadas manchas solares, que são escuras porque mais frias (temperatura à volta de 3000 graus Celsius) que a fotosfera circundante (temperatura à volta de 6000 graus Celsius). As manchas solares tendem a surgir em grupos, que se designam por regiões activas, e às quais se atribuem números. A grande região activa visível sobre a esquerda ficou conhecida como RA9393. Embora pareça pequena a RA9393 ocupa uma área cerca de 14 vezes superior à área que a Terra cobriria no disco solar.

Os grupos de manchas tendem a desaparecer ao fim de alguns períodos de rotação solar, e embora as manchas solares apareçam de forma mais ou menos contínua, o número de manchas solares varia de forma acentuada num ciclo de aproximadamente 11 anos, o chamado ciclo solar. Como podemos ver pela figura ao lado, em 2001 encontrávamo-nos próximos dum máximo do ciclo solar. Não é apenas o número de grupos de regiões activas que varia, mas também as dimensões das regiões activas: durante os anos de máximo do ciclo solar as regiões activas tendem a ser maiores que durante os anos de mínimo do ciclo solar, como se ilustra na figura abaixo.

Embora seja a maior região activa dos últimos 10 anos, a RA9393 não deixa de perder alguma da sua imponência quando verificamos que foi observada uma mancha verdadeiramente gigantesca em 1947, cerca de 3 vezes maior. Apesar das suas dimensões relativamente modestas face a alguns gigantes do passado, a AR9393 teve uma vida atribulada e muito activa, fazendo sentir a sua influência no espaço muito para lá da órbita da Terra.

Na próxima semana analisaremos em detalhe a estrutura da RA9393, e acompanharemos a sua evolução, desde o seu aparecimento na fotosfera, até ao seu desaparecimento algumas semanas depois.