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O enxame aberto Haffner 18

Ditos

"Na ciência tenta-se explicar às pessoas, de uma maneira perceptível por todos, algo que ninguém sabia antes. Na poesia, é exactamente o oposto."
- Paul Dirac


Uma máquina de lavar chamada Amanhecer

2016-07-28
29.Jul.- 4.Ago.2016 (Portugal)

No conto de verão da semana passada fez-se referência às sondas e robôs que orbitam ou trepam os planetas atualmente visíveis no início da noite, Júpiter a oeste, Marte e Saturno a sul. Foi neste mês de julho que a sonda americana chegou ao planeta Júpiter e já forneceu novas imagens fantásticas da atmosfera turbulenta e enigmaticamente bela do gigante gasoso.

Ao anoitecer, aqui, em terras lusas, mal o Sol desaparece abaixo do horizonte, nota-se na vizinhança do pôr-de-sol uma luz acentuada. É o planeta Vénus, agora visível depois de ter saído da conjunção superior por detrás do disco solar no início de junho passado. Vénus apresenta-se, por isso, em fase minguante, mas ainda quase cheio. Nas semanas que aí vêm, Vénus afastar-se-á do Sol, tal como é visto aqui da Terra, fazendo jus ao seu nome popular - estrela da tarde.

De volta às sondas espaciais, Vénus é então outro planeta do Sistema Solar que recentemente se tornou destino e alvo de pesquisas a partir da órbita. Ao contrário do que é habitual, não foram americanos, nem europeus, nem russos que se aventuraram remotamente pelo espaço fora. Desta vez, foram os engenheiros e técnicos japoneses, a soldo da agência espacial japonesa JAXA, a construir, equipar e lançar um veículo de exploração planetária.



Imagem da atmosfera venusiana a 25 de Março, obtida com as duas câmaras de infravermelhos a bordo da sonda Akatsuki (o terceiro canal de cor, o verde, foi sintetizado a partir dos outros dois). Entre o lado diurno, em branco, e o lado noturno, acinzentado, a faixa cor de laranja representa a zona do extenso crepúsculo dentro da densa atmosfera de Vénus.
Crédito: JAXA


Tanto de tamanho como de aspeto, a sonda parece-se com uma máquina de lavar, com portinhola de carga no topo. Apenas os painéis solares, quais asas de um pássaro robótico, desfazem esta imagem. A sonda dá pelo nome de Akatsuki, japonês para amanhecer, e o seu objetivo é o estudo das diversas camadas da atmosfera venusiana, ou seja, o tempo meteorológico seriamente peculiar do nosso planeta vizinho. Um aspeto por enquanto incompreensível é a rotação da atmosfera, a qual gira em apenas 4 dias em torno do planeta, enquanto o dia para uma pedra venusiana no solo demora 177 dias terrestres. Tais diferenças no tempo de rotação entre o solo e a atmosfera, nociva e esmagadora para todos os que não são de Vénus, produzem ventos com velocidades estonteantes na ordem dos 300 a 400 km/h nas latitudes médias do planeta.

Ao longo de dois anos planeados, a nova sonda irá complementar também os dados obtidos pela sonda Venus Express, cujo último pio radioelétrico chegou às antenas da Agência Espacial Europeia, ESA, no final do ano passado. Se a saúde da Akatsuki, o Amanhecer em Vénus, o permitir, após os dois anos do programa principal, o mesmo será estendido para um estudo do solo, focando em particular a atividade vulcânica.

Nota: Se estiver a observar duas luzes perto de onde o Sol se pôs, a de baixo é Vénus, a de cima é Mercúrio.

Fenómenos da semana
29.7. 00:01 Máximo das delta-Aquaridas (~15 meteoros/hora)
30.7. 01:58 Úrano estacionário
02.8. 21:44 Lua nova

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