Atmosfera
A atmosfera de Vénus é tão densa e tão intrincada com o planeta, que o seu estudo pode dar informações sobre a natureza, não apenas sobre a climatologia, mas também sobre a superfície, a sua geologia e indirectamente sobre o interior do planeta. Por exemplo, o estudo da composição química da atmosfera de Vénus, pode indicar a existência de vulcões activos.
A atmosfera de Vénus é muito mais espessa e densa que a Terra, uma fracção muito mais pequena da radiação infravermelha deixa a superfície do planeta e escapa para o espaço. O resultado é um efeito estufa muito mais acentuado que a Terra e correspondente temperatura mais elevada. A absorção da radiação infravermelha ocorre em toda a atmosfera e não apenas em níveis isolados.
Numa escala global, o clima de Vénus é fortemente controlado pelo mais poderoso efeito estufa conhecido no Sistema Solar. Os compostos químicos que controlam este efeito são, vapor de água, dióxido de carbono e ácido sulfúrico. Cerca de 80% da radiação solar incidente no planeta, é reflectida para o espaço pela camada de nuvens, cerca de 10% é absorvida pela atmosfera e só cerca 10% consegue penetrar a atmosfera na sua totalidade e aquecer a superfície. Mas, a radiação térmica, libertada pela atmosfera também fica contida pela mesma atmosfera, o resultado é uma enorme diferença de temperatura entre a superfície e o topo das nuvens: uns espantosos 500 ºC.
Imagem do planeta Vénus em Ultravioleta obtida pela missão norte-americana Mariner 10.Crédito: NASA.
O modo distinto que as atmosferas de Vénus e Terra evoluíram, pode ser a chave para explicar as diferenças destes planetas. A missão Venus Express, que este mês (Maio de 2006) começou a sua missão científica, foi preparada para estudar exaustivamente a atmosfera do planeta. Os dados que receberemos podem conter a informação necessária para responder a todas as dúvidas levantadas no passado recente da exploração de Vénus.