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- Marie Curie


Lua desperta apetites

2012-02-10

Modelo de uma imaginária base lunar...
Nas últimas semanas a Lua tem tido as atenções de muito boa gente: candidatos presidenciais americanos, administradores de programas espaciais russos e chineses... Uma verdadeira cooperação internacional poderia sem dúvida levar a Humanidade a estabelecer as suas primeiras bases extra-terrestres; porém, conhecendo a forma como funcionam as mentes humanas, é bem mais provável que tudo não passe de castelos no ar - ou que venha a transformar-se numa nova corrida por motivos geo-estratégicos sem continuação.

Há algumas semanas, um dos candidatos à nomeação republicana para as eleições presidenciais americanas de Novembro sugeriu que, em caso de vitória, tomaria decisões para a construção de uma base permanente americana na Lua. Recordemos que, apesar de nesta altura terem várias sondas automáticas em órbita lunar, os EUA descartaram ainda recentemente os planos para o regresso de astronautas à superfície do nosso satélite. E todos sabemos o que valem promessas eleitorais deste género, especialmente em tempos de "vacas magras" e num país cujas instituições políticas parecem dominadas por pessoas que não nutrem grande entusiasmo por projectos científicos de envergadura.

Depois, foi a Rússia, ou melhor, o director da agência espacial russa, a proclamar alto e bom som a sua vontade de enviar cosmonautas (não necessariamente russos...) à Lua. A que se seguiria a construção de uma base, integrada ou não numa rede internacional. Mas a verdade é que as coisas não têm corrido bem aos russos: o falhanço da missão Phobos-Grunt está ainda bem presente na nossa memória. E as sondas para estes planos lunares partilham muito do desenho da enésima malfadada missão russa a Marte (ou arredores...), o que aconselha prudência. Muita mesmo...



O novo mosaico global lunar produzido pela agência espacial chinesa. Crédito: China Space Program


Quanto à China, acaba de revelar um mosaico global da superfície lunar, com uma resolução espacial de 7 metros por pixel, obtido a partir das imagens colhidas pela sonda automática Chang'e 2 entre o fim de 2010 e o meio de 2011. Em 2013 espera-se que a China lance a Chang'e 3, que incluirá um rover lunar. E depois provavelmente uma missão capaz de enviar para a Terra amostras de solo e rochas lunares. Logicamente, o passo seguinte consistirá na colocação de um ou mais taikonautas e da bandeira chinesa na Lua.


Nem na Lua um calhau a rolar ganha musgo... Créditos: NASA/GSFC/Arizona State University.
Enquanto nada disto se passa, fiquemos com uma imagem recente da sonda LRO (Lunar Reconnaissance Orbiter) da NASA, que mais uma vez nos mostra que há coisas que se movem na Lua... neste caso, um calhau que rolou por um declive até parar, deixando marcas na poeira da superfície. A razão para este movimento é desconhecida (um impacto?, um sismo lunar?), mas sabemos que ele se deu recentemente. Em termos geológicos, claro: talvez há uns 50 a 100 milhões de anos... E como o sabemos? É que são visíveis os traços, e também algumas crateras de pequenas dimensões que a eles se sobrepõem. Pelo que conhecemos da taxa de impactos na Lua, é possível fazer uma estimativa da idade.