As Bases Científicas e Tecnológicas



M51, a galáxia Whirlpool. Imagem obtida dia 30 de Junho de 2005, dois após ter sidodescoberta uma supernova nesta galáxia. A supernova é a estrela brilhante imediatamente abaixo do núcleo da galáxia maior, dentro do 1º braço espiral. Imagem obtida com o telescópio de 0,9m do NOAO Kitt Peak National Observatory, E.U.A., por equipas de professores. Crédito: HOU TRA Glenn Reagan.
A ideia de um telescópio robótico surgiu com o projecto de busca de supernovas de Stirling Colgate no Novo México, nos anos 60. Colgate apercebeu-se que se um computador pudesse controlar roboticamente um telescópio poderia então processar imagens em tempo real e procurar as raras supernovas, que só ocorrem a uma taxa de 1 por cada cem anos por galáxia. Construiu então tal sistema, mas a tecnologia existente não estava a altura das exigências científicas. Ele utilizou um computador de grande porte no Campus do Instituto de Minas e Tecnologia de Novo México, conectado por uma ligação por microondas a um telescópio. O telescópio possuia equipamento especializado que custava dezenas de milhares de dólares mas que estava muito longe da perfeição. Assim, embora válido, o financiamento necessário para o hardware e software, tornava o esforço infrutífero.

No princípio dos anos 80, após ler um artigo numa revista sobre tecnologia militar, o Nobel da Física Luis Alvarez percorreu os corredores do Laboratório de Lawrence Berkeley e sugeriu que, uma vez que os telescópios no Atol de Kwajalen não estavam a ser utilizados na maior parte do tempo (a sua utilização era para fins militares), pudessem ser utilizados para a busca de supernovas de Stirling Colgate.

A ideia foi amadurecendo e quando retornei a Berkeley, após a minha graduação, Muller convidou-me para liderar este projecto. Eu tinha uma equipa de estudantes graduados, um engenheiro a tempo parcial (Robie Smits), um técnico e uma substancial ajuda do Richard Treffers e outros. Encontramos a primeira supernova a partir do Observatório de Leuschner da Universidade da Califórnia. Este programa descobriu cerca de 20 supernovas, e foi a primeira busca de supernovas a funcionar de forma automatizada. Abriu o caminho para uma procura mais profunda de supernovas, que levou eventualmente à descoberta da energia escura.

A qualidade e o entusiasmo em torno da astronomia remota era grande nessas actividades iniciais. Controlávamos telescópios, às vezes fazendo 500 imagens por noite, e frequentemente encontrávamos supernovas. Observando as imagens das galáxias, tentando identificar os falsos alarmes, alertar a União Astronómica Internacional para as novas descobertas, era uma emoção incomparável. Aspectos desses dias existem hoje em partes do projecto Hands-on-Universe. Talvez a melhor parte seja a partilha na apreciação e inspiração trazidas pelas imagens, pela ciência, pelo Universo.