Os vários métodos de detecção de planetas


O método para detecção de planetas extra-solares melhor sucedido é sem sombra de dúvida o ''Método de Velocidades Radiais'', apresentado anteriormente. Também conhecido como ''Método Doppler'' ou ''Método Wobble'', foi aquele que mais planetas detectou até à data.

Há no entanto vários métodos alternativos para detecção de planetas extra-solares. Em seguida apresenta-se um resumo dos mesmos.

Astrometria


O movimento da estrela e do planeta em torno do seu centro de massa faz com que a posição da estrela no céu não seja fixa mas oscile periodicamente.
Astrometria é o método de detecção de planetas mais antigo de todos, usada desde 1938. Este método consiste em medir o movimento da estrela em busca da influência gravítica causada pelos planetas. Infelizmente nem os nossos melhores telescópios nos permitem obter medições fiáveis, e apenas foi possível até hoje usar este método para confirmar a descoberta de planetas pela técnica das velocidades radiais.

Método dos pulsares

Os pulsares são os relógios mais precisos do Universo, emitindo radiação em intervalos de tempo sempre iguais. A regularidade entre os pulsos é tal que o intervalo entre os mesmos tem uma precisão de 10-13 segundos. A presença de um objecto a rodar em torno de um pulsar faz com que os dois orbitem em torno do centro de massa do sistema. Assim a radiação emitida pelo pulsar chega a nós afectada de um atraso (ou adiantamento) temporal, dependendo da distância a que o pulsar se encontrava de nós quando emitiu o seu ''flash'' de luz. A análise do intervalo entre os diferentes pulsos permite-nos dizer que o pulsar tem algum outro objecto em sua órbita.

Em 1993 o astrónomo polaco Aleksander Wolszczan declarou ter descoberto o primeiro planeta extra-solar. O seu achado surge ao estudar o pulsar SR 1257+12. Já anteriormente alguns astrónomos tinham suspeitado da presença de planetas em torno de pulsares mas a verdade é que os resultados eram vistos com desconfiança. Não havia a certeza de os objectos serem mesmo planetas, sendo bastante difícil conceber que um planeta tenha sobrevivido à enorme explosão de Supernova que deu origem ao pulsar. Este planetas devem assim provavelmente formar-se a partir dos materiais remanescente do fenómeno de Supernova (em que uma estrela grande massa termina a sua vida ejectando violentamente as suas camadas superiores). No entanto, não são realmente aquilo que os astrofísicos chamam planeta.

Microlentes Gravitacionais

O efeito de micro-ampliação gravitacional ocorre quando o campo gravítico de um planeta e da sua estrela mãe ampliam a luz recebida de um estrela distante que está por trás, para além deles. Para que tal aconteça é necessário que o planeta e a estrela mãe passem precisamente entre a estrela de fundo e a Terra. Como tais eventos são raros (e têm apenas uma duração compreendida entre as 2 e as 20 horas), uma enorme quantidade de estrelas distantes deve ser monitorizada de modo a que sejam detectados planetas a uma taxa razoável. Este método é optimizado para a detecção de planetas na direcção do centro da Galáxia devido à enorme quantidade de estrelas de fundo que tal alinhamento proporciona.

A grande vantagem proveniente da utilização de microlentes gravitacionais é que permite detecção de planetas com baixa massa (ou seja, com massas iguais à massa da Terra) com a utilização de instrumentos actuais. A desvantagem é que o alinhamento provavelmente nunca mais se repetirá e assim as detecções não podem ser confirmadas. Além disso os planetas detectados podem estar a uma distância da ordem de vários milhares de anos-luz pelo que não poderá ser usado nenhum outro método para confirmar a sua existência. No entanto se suficientes estrelas de fundo puderem ser observadas com uma boa precisão poderemos determinar quão comuns são planetas como a Terra na nossa Galáxia.

Método dos Trânsitos


A variação do fluxo recebido de uma estrela permite-nos detectar o trânsito de um planeta.
Um método desenvolvido recentemente em que se detecta a obscuração provocada pelo planeta quando este passa em frente da estrela-mãe. Este método só é aplicável na pequena percentagem de estrelas em que a órbita do planeta passa em frente da estrela. No entanto pode ser usado em estrelas muito distantes, desde que seja detectável a variação no fluxo recebido por nós quando o planeta efectua o trânsito. Uma importante mais-valia desta abordagem é fornecer uma estimativa do raio do planeta, impossível de obter por outros meios disponíveis actualmente.

Como vemos os planetas extra-solares têm concentrado um enorme esforço da comunidade astrofísica a nível mundial. Muitos foram os desenvolvimentos e resultados conseguidos nos escassos dez anos que passaram desde a descoberta do primeiro planeta extra-solar.

Muitas foram as teorias refutadas ou reforçadas pelos dados resultantes da “caça aos planetas” e as conclusões daí resultantes permitiram-nos conhecer muito melhor o nosso Sistema Solar. O que podemos esperar do futuro dos planetas extra-solares? Provavelmente a resposta a uma das mais antigas perguntas da Humanidade: A Existência de Vida no Universo.