A atmosfera observável
Esta imagem obtida pelo Hubble Space Telescope mostra, em cores falsas, a estrutura de bandas mais claras (avermelhadas nestas cores) e escuras (azuladas). Crédito: HST - NASA/ESA.
A observação de Saturno em luz visível mostra uma atmosfera com bandas escuras e claras pouco proeminentes. As diferenças de cor estão ligadas a movimentos ascendentes e descendentes na atmosfera. Nas zonas ascendentes, formam-se mais nuvens, já que os gases que sobem de regiões mais profundas possuem maiores quantidades de condensáveis (água, amoníaco, metano). Ao subir os gases arrefecem e os condensáveis condensam formando nuvens. As nuvens reflectem a luz do Sol, formando as bandas claras. Os gases são então transportados meridionalmente para descer a seguir, formando bandas mais escuras, com poucas nuvens. Ventos fortes na direcção zonal (longitudinal) sopram e mudam de direcção com as bandas mais claras e mais escuras, provocando zonas de turbulência nos pontos de contacto.
Tal como Júpiter, Saturno, devido a processos no seu interior, emite mais radiação do que recebe do Sol. Em ambos os planetas, este calor alimenta a dinâmica atmosférica. Claramente, em Saturno este calor é menor e por isso a atmosfera é menos dinâmica. Por vezes aparecem manchas do estilo da Grande Mancha Vermelha em Júpiter, só que em Saturno são brancas. As manchas ficam visíveis durante meses e depois desaparecem. A sua origem continua pouco clara, mas estará ligada ao aparecimento de grandes tempestades profundas.
A Grande Mancha Branca de Outubro de 1990. Imagens obtidas no Observatório Pic du Midi no dia 2 de Outubro de 1990 com filtros de infravermelho (I), azul (B), verde (V) e vermelho (R). Quando esta mancha surgiu, em finais de Setembro de 1990 e durante algumas semanas, sobressaiu devido à sua intensa cor branca, observável mesmo usando pequenos telescópios. Crédito: Agustin Sanchez Lavega, Observatório Pic du Midi, França.
Têm-se poucas certezas sobre as nuvens de Saturno. Tal como para Júpiter temos modelos que predizem a estrutura vertical das nuvens. Mas observações decisivas não há. A camada superior de nuvens deve ser composta por amoníaco. Por baixo pensa-se existir uma camada de hidrosulfato de amoníaco (NH4SH) e mais fundo ainda, nuvens de água. Certezas acerca disto só obteremos no futuro, quando uma sonda descer na atmosfera de Saturno.
Também sobre a composição detalhada da atmosfera existem poucas certezas. A atmosfera superior é composta por hidrogénio molecular (88,3%), hélio (11,5%) e o resto é metano, amoníaco, água, fosfina (PH3) e ainda compostos de germânio (GeH4) e arsénio (AsH3). As quantidades exactas destas espécies menores não são conhecidas com grande precisão.
A missão Cassini irá fornecer muitos dados nos próximos tempos, o que permitirá ter uma melhor visão sobre a atmosfera de Saturno e sobre como ela funciona.