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Ditos
"Somente duas coisas são infinitas, o Universo e a estupidez humana, e não estou seguro em relação à primeira."- Albert Einstein
Papa de Cera
2006-10-27
Eu geralmente não falo muito sobre religião, a não ser que esteja a lidar com os criacionistas da maneira como eles tanto merecem. Mas às vezes uma personalidade oficial religiosa diz algo tão pateta e irónico que eu não me posso calar.
Sempre achei que de todas as religiões do mundo, a católica é uma das que mais apoia a ciência (excepto aqueles 400 anos todos para perdoar a questão do Galileu). Contudo, isso está a mudar rapidamente. Se o leitor é católico e pensa que o Papa é infalível, então se calhar é melhor parar de ler agora. Porém, eu preferia que não fizesse isso, visto que essa é a razão pela qual eu estou a escrever.
O Papa Bento (nascido Ratzinger), que sozinho reverteu muitas posições do anterior Papa infalível, decidiu que a ciência é demasiadamente arrogante. Basicamente, parece-me que ele está ligeiramente irritado que tanta ciência (ou seja, a realidade) tenda a entrar em conflito com o dogma. Isto levou-o a comparar os cientistas com Ícaro, a figura trágica grega, cuja curiosidade o levou a construir asas para poder voar. Mas ele fez as suas asas com cera, e quando se aproximou em demasia do Sol, estas derreteram, e caiu para a sua morte.
Eu deduzo isto a partir de uma declaração recente:
O que ele realmente está a dizer é que os cientistas devem estar cientes de Deus. Nós não devemos meter o nariz onde poderemos estar num terreno ético sensível, como por exemplo quando começou a vida, ou o que é que acontece depois da morte, ou, suponho, se o Design Inteligente é lixo ou não. Arriscamo-nos a descobrir a verdade!
Salvo seja.
Mas, na realidade, é irónico. Desde sempre que eu conheço o mito de Ícaro, e sempre vi o Ícaro como sendo o tolo, da mesma maneira que o Papa claramente o vê. Mas as minhas razões são completamente diferentes: Ícaro não testou primeiro as asas. Ele teve tanta arrogância, tanta fé que estava certo, que não se incomodou em aplicar quaisquer princípios científicos ou de engenharia ao seu trabalho.
Ícaro morreu porque estava cego em relação à realidade, cego à sua própria fraqueza, e cego pela ideia de que estava certo, fosse como fosse. Ele não era infalível. Por isso caiu.
Sempre achei que de todas as religiões do mundo, a católica é uma das que mais apoia a ciência (excepto aqueles 400 anos todos para perdoar a questão do Galileu). Contudo, isso está a mudar rapidamente. Se o leitor é católico e pensa que o Papa é infalível, então se calhar é melhor parar de ler agora. Porém, eu preferia que não fizesse isso, visto que essa é a razão pela qual eu estou a escrever.
O Papa Bento (nascido Ratzinger), que sozinho reverteu muitas posições do anterior Papa infalível, decidiu que a ciência é demasiadamente arrogante. Basicamente, parece-me que ele está ligeiramente irritado que tanta ciência (ou seja, a realidade) tenda a entrar em conflito com o dogma. Isto levou-o a comparar os cientistas com Ícaro, a figura trágica grega, cuja curiosidade o levou a construir asas para poder voar. Mas ele fez as suas asas com cera, e quando se aproximou em demasia do Sol, estas derreteram, e caiu para a sua morte.
Eu deduzo isto a partir de uma declaração recente:
“Alguém deixar-se seduzir pela descoberta sem prestar atenção ao critério de uma visão mais profunda poderá levar ao drama referido no mito [de Ícaro],” disse ele na Universidade Pontifícia Lateranense na abertura do novo ano académico.
O que ele realmente está a dizer é que os cientistas devem estar cientes de Deus. Nós não devemos meter o nariz onde poderemos estar num terreno ético sensível, como por exemplo quando começou a vida, ou o que é que acontece depois da morte, ou, suponho, se o Design Inteligente é lixo ou não. Arriscamo-nos a descobrir a verdade!
Salvo seja.
Mas, na realidade, é irónico. Desde sempre que eu conheço o mito de Ícaro, e sempre vi o Ícaro como sendo o tolo, da mesma maneira que o Papa claramente o vê. Mas as minhas razões são completamente diferentes: Ícaro não testou primeiro as asas. Ele teve tanta arrogância, tanta fé que estava certo, que não se incomodou em aplicar quaisquer princípios científicos ou de engenharia ao seu trabalho.
Ícaro morreu porque estava cego em relação à realidade, cego à sua própria fraqueza, e cego pela ideia de que estava certo, fosse como fosse. Ele não era infalível. Por isso caiu.