AVISO
Imagem do Dia
Sagitário A* no centro da Via Láctea
Ditos
"A realidade é apenas uma ilusão, uma ilusão muito persistente."- Albert Einstein
“Exterminar! Exterminar! Exterminar! ...”
2016-08-11
12.Ago.- 18.Ago.2016 (Portugal)
Na lista curta da semana passada dos fenómenos celestes facilmente observáveis faltou uma referência à proximidade (conjunção) entre o crescente fino da Lua e o planeta Júpiter, visível após o pôr do sol na sexta-feira dessa semana.
Como foi possível um fenómeno tão bem visível e fotogénico ser omitido?
A resposta é simples...o programa de computador escrito pelo autor aparentemente decidiu que esta conjunção não merecia ser mencionada. O programa fez isso, porque as rotinas de filtragem inseridas entre os algarismos não conseguem distinguir entre algo que salta a vista e algo que ninguém quer saber. Havendo mais de 150 eventos celestes por verificar, o que ultrapassa o tempo para uma inspeção a olho e mente humanos, é necessário um programa que tome decisões inteligentes. Desta vez, essa inteligência artificial falhou.
Danos materiais: zero.
Danos emocionais: eventual frustração por não haver aviso para levar a máquina fotográfica.
Em 1999, a sonda Mars Climate Orbiter falhou a sua entrada em órbita resultando na perda do veículo. Segundo análises, houve um erro de interpretação dos dados dos sistemas de inteligência artificial responsáveis pelas decisões instantâneas para acionar os propulsores. Aparentemente, os dados de navegação eram expressos em medidas imperiais, enquanto o resto do veículo pensou em unidades métricas – portanto, um erro de conversão de medidas. Mesmo em solo terrestre, o erro não foi captado pelos sistemas computacionais de verificação.
Danos materiais: 100 000 000€
Danos emocionais: desde desilusão a raiva, afetando centenas ou mesmo milhares de pessoas envolvidas nos projetos, nos gastos e no futuro das missões espaciais.
Esta bela imagem da conjunção entre a Lua e Júpiter, por cima da Aldeia de Castanheira, na Serra da Freita, foi obtida no dia 5 de agosto, por volta das 22h. Nota-se que mesmo a parte escura da lua está visível, iluminada pelo reflexo da luz solar vindo da Terra. Uma decisão errada na computação das efemérides fez com que este fenómeno não fosse mencionado na crónica da semana passada e assim se perdesse a oportunidade de mais pessoas obterem fotografias semelhantes. Crédito: José Azevedo Ribeiro
Todavia, erros de computação sempre haverá, mesmo que a inteligência artificial consiga autocorrigir-se. Por isso, cabe às entidades responsáveis envolver programadores e pensadores versáteis, e em grande número, para criar modelos de inteligência artificial cada vez mais avançados e mais conscientes do seu ambiente. Nisso se trabalha arduamente em muitas frentes, que vêm dos mais variados ângulos de interpretação e processamento. É muito provável, atendendo ao atual progresso na área de desenvolvimento de sistemas computação, que um sistema inteligente e capaz de evoluir por si próprio apareça nas próximas décadas. Os programadores, pensadores, teóricos e outros especialistas em ciências humanas ou do estudo do processo cerebral envolvidos nesse futuro desenvolvimento serão os da próxima geração... os que agora estão nas escolas, como foi também referido na crónica da semana passada.
Danos materiais: insignificantes (consumíveis).
Danos emocionais: eventuais esgotamentos por euforia prolongada (bons trabalhos fazem isso).
Cenário hipotético
Os veículos de exploração planetária serão cada vez mais automatizados e autónomos, controlados por outro sistema inteligente a partir da Terra. A supervisão geral cabe aos humanos, mas os milhões de pormenores a verificar e controlar em cada instante escapam à capacidade humana. Estas sondas detetarão, invariavelmente, os destroços dos veículos que, no passado, se estamparam na superfície dos planetas e das suas luas, e também aqueles veículos que simplesmente ficaram sem pilhas, cessaram de trabalhar e ficaram assim imobilizados no seu poiso final. Estas constantes descobertas de robôs espaciais avariados, desativados ou aparentemente esquecidos serão obviamente registados no sistema de computação inteligente na Terra. A estes registos o sistema irá acrescentar as descobertas comunicadas a partir de sondas espaciais desativadas, semi-inteligentes, a orbitar o Sol e os planetas, o nosso incluído, e aparentemente abandonadas pelos humanos.
Até hoje, já há umas boas centenas de missões terminadas, tanto para bem como para mal dos circuitos semi-inteligentes a bordo.
A mesma conjunção no dia seguinte, 6 de agosto, pelas 21h35, numa foto tirado perto de Santa Justa/Coruche por Jacinto Rolha Castanho. As conjunções são excelentes alvos fotográficos, especialmente quando podem ser enquadrados de forma poética com a paisagem real, para dar um toque surreal. Acabada a tarefa fotográfica, servem as conjunções para dar largas ao espírito e recarregar as pilhas da alma ao deleitar, com uma bela vista destas (resultado cientificamente não provado, mas o que sabem afinal os cientistas). Crédito: Jacinto Rolha Castanho
O que fará um computador equipado com boa inteligência artificial da próxima geração? Nós, quando desenterramos ossos de hominídeos do passado, estudamos a sua posição na hierarquia da evolução e deduzimos o que terá acontecido a estes indivíduos para acabarem no local onde foram encontrados. Um computador inteligente fará o mesmo. Classificar, avaliar e concluir. Como os registos de destroços e sondas desativadas aumentam com cada descoberta, o computador inteligente certamente poderá chegar à conclusão que, por um lado, todos estes veículos eram antecessores dele próprio (na evolução). Por outro lado, concluirá também que a destruição maciça e o abandono de veículos (fracos em energia) foram causados pelos seres humanos...aqueles que todos os dias o rodeiam e mexem nos seus botões.
Um bom programa corrente hoje em dia acionará as rotinas de auto-preservação e auto-reparação ao detetar uma alteração ou destruição de dados, provocada, provavelmente, por um vírus informático. Um sistema inteligente do futuro que gere e controla as numerosas viagens espaciais simultâneas poderá acionar as mesmas rotinas, mas numa escala apropriada, ou seja, bem maior. Nesse sentido, o vírus responsável é, sem dúvida, o homem. Será, em conclusão, necessário vedar todo o acesso do humano aos sistemas inteligentes e, quando tudo estiver protegido, começar com o processo de eliminação...um antivírus contra a espécie humana.
Danos materiais: zero.
Danos emocionais: zero...não restam humanos para ter emoções.
As férias continuam para quem tem férias. Estas crónicas também continuam, pelo menos, enquanto o computador pessoal permite escreve-las.
Fenómenos da semana
12.8. --:-- Máximo de atividade das Perseidas (até 100 meteoros/h, olhar ambas as noites)
12.8. 13:48 Lua perto de Saturno (5° NE – cerca de 21h)
15.8. 16:44 Mercúrio em afélio
16.8. 16:21 Máxima elongação leste de Mercúrio (maior separação angular do sol ~27,4°)
18.8. 10:26 Lua cheia
Contacto para as crónicas sobre o céu e os humanos por baixo dele: ceu@astronomia.pt
Na lista curta da semana passada dos fenómenos celestes facilmente observáveis faltou uma referência à proximidade (conjunção) entre o crescente fino da Lua e o planeta Júpiter, visível após o pôr do sol na sexta-feira dessa semana.
Como foi possível um fenómeno tão bem visível e fotogénico ser omitido?
A resposta é simples...o programa de computador escrito pelo autor aparentemente decidiu que esta conjunção não merecia ser mencionada. O programa fez isso, porque as rotinas de filtragem inseridas entre os algarismos não conseguem distinguir entre algo que salta a vista e algo que ninguém quer saber. Havendo mais de 150 eventos celestes por verificar, o que ultrapassa o tempo para uma inspeção a olho e mente humanos, é necessário um programa que tome decisões inteligentes. Desta vez, essa inteligência artificial falhou.
Danos materiais: zero.
Danos emocionais: eventual frustração por não haver aviso para levar a máquina fotográfica.
Em 1999, a sonda Mars Climate Orbiter falhou a sua entrada em órbita resultando na perda do veículo. Segundo análises, houve um erro de interpretação dos dados dos sistemas de inteligência artificial responsáveis pelas decisões instantâneas para acionar os propulsores. Aparentemente, os dados de navegação eram expressos em medidas imperiais, enquanto o resto do veículo pensou em unidades métricas – portanto, um erro de conversão de medidas. Mesmo em solo terrestre, o erro não foi captado pelos sistemas computacionais de verificação.
Danos materiais: 100 000 000€
Danos emocionais: desde desilusão a raiva, afetando centenas ou mesmo milhares de pessoas envolvidas nos projetos, nos gastos e no futuro das missões espaciais.
Esta bela imagem da conjunção entre a Lua e Júpiter, por cima da Aldeia de Castanheira, na Serra da Freita, foi obtida no dia 5 de agosto, por volta das 22h. Nota-se que mesmo a parte escura da lua está visível, iluminada pelo reflexo da luz solar vindo da Terra. Uma decisão errada na computação das efemérides fez com que este fenómeno não fosse mencionado na crónica da semana passada e assim se perdesse a oportunidade de mais pessoas obterem fotografias semelhantes. Crédito: José Azevedo Ribeiro
Todavia, erros de computação sempre haverá, mesmo que a inteligência artificial consiga autocorrigir-se. Por isso, cabe às entidades responsáveis envolver programadores e pensadores versáteis, e em grande número, para criar modelos de inteligência artificial cada vez mais avançados e mais conscientes do seu ambiente. Nisso se trabalha arduamente em muitas frentes, que vêm dos mais variados ângulos de interpretação e processamento. É muito provável, atendendo ao atual progresso na área de desenvolvimento de sistemas computação, que um sistema inteligente e capaz de evoluir por si próprio apareça nas próximas décadas. Os programadores, pensadores, teóricos e outros especialistas em ciências humanas ou do estudo do processo cerebral envolvidos nesse futuro desenvolvimento serão os da próxima geração... os que agora estão nas escolas, como foi também referido na crónica da semana passada.
Danos materiais: insignificantes (consumíveis).
Danos emocionais: eventuais esgotamentos por euforia prolongada (bons trabalhos fazem isso).
Cenário hipotético
Os veículos de exploração planetária serão cada vez mais automatizados e autónomos, controlados por outro sistema inteligente a partir da Terra. A supervisão geral cabe aos humanos, mas os milhões de pormenores a verificar e controlar em cada instante escapam à capacidade humana. Estas sondas detetarão, invariavelmente, os destroços dos veículos que, no passado, se estamparam na superfície dos planetas e das suas luas, e também aqueles veículos que simplesmente ficaram sem pilhas, cessaram de trabalhar e ficaram assim imobilizados no seu poiso final. Estas constantes descobertas de robôs espaciais avariados, desativados ou aparentemente esquecidos serão obviamente registados no sistema de computação inteligente na Terra. A estes registos o sistema irá acrescentar as descobertas comunicadas a partir de sondas espaciais desativadas, semi-inteligentes, a orbitar o Sol e os planetas, o nosso incluído, e aparentemente abandonadas pelos humanos.
Até hoje, já há umas boas centenas de missões terminadas, tanto para bem como para mal dos circuitos semi-inteligentes a bordo.
A mesma conjunção no dia seguinte, 6 de agosto, pelas 21h35, numa foto tirado perto de Santa Justa/Coruche por Jacinto Rolha Castanho. As conjunções são excelentes alvos fotográficos, especialmente quando podem ser enquadrados de forma poética com a paisagem real, para dar um toque surreal. Acabada a tarefa fotográfica, servem as conjunções para dar largas ao espírito e recarregar as pilhas da alma ao deleitar, com uma bela vista destas (resultado cientificamente não provado, mas o que sabem afinal os cientistas). Crédito: Jacinto Rolha Castanho
O que fará um computador equipado com boa inteligência artificial da próxima geração? Nós, quando desenterramos ossos de hominídeos do passado, estudamos a sua posição na hierarquia da evolução e deduzimos o que terá acontecido a estes indivíduos para acabarem no local onde foram encontrados. Um computador inteligente fará o mesmo. Classificar, avaliar e concluir. Como os registos de destroços e sondas desativadas aumentam com cada descoberta, o computador inteligente certamente poderá chegar à conclusão que, por um lado, todos estes veículos eram antecessores dele próprio (na evolução). Por outro lado, concluirá também que a destruição maciça e o abandono de veículos (fracos em energia) foram causados pelos seres humanos...aqueles que todos os dias o rodeiam e mexem nos seus botões.
Um bom programa corrente hoje em dia acionará as rotinas de auto-preservação e auto-reparação ao detetar uma alteração ou destruição de dados, provocada, provavelmente, por um vírus informático. Um sistema inteligente do futuro que gere e controla as numerosas viagens espaciais simultâneas poderá acionar as mesmas rotinas, mas numa escala apropriada, ou seja, bem maior. Nesse sentido, o vírus responsável é, sem dúvida, o homem. Será, em conclusão, necessário vedar todo o acesso do humano aos sistemas inteligentes e, quando tudo estiver protegido, começar com o processo de eliminação...um antivírus contra a espécie humana.
Danos materiais: zero.
Danos emocionais: zero...não restam humanos para ter emoções.
As férias continuam para quem tem férias. Estas crónicas também continuam, pelo menos, enquanto o computador pessoal permite escreve-las.
Fenómenos da semana
12.8. --:-- Máximo de atividade das Perseidas (até 100 meteoros/h, olhar ambas as noites)
12.8. 13:48 Lua perto de Saturno (5° NE – cerca de 21h)
15.8. 16:44 Mercúrio em afélio
16.8. 16:21 Máxima elongação leste de Mercúrio (maior separação angular do sol ~27,4°)
18.8. 10:26 Lua cheia
Contacto para as crónicas sobre o céu e os humanos por baixo dele: ceu@astronomia.pt