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Ditos

"A qualquer custo, eu estou convencido que Deus não joga aos dados."
- Albert Einstein, numa carta para Max Born, 1926


Mas que perda de tempo

2016-03-31
1.Abr.- 7.Abr.2016 (Portugal)

Se, durante o almoço no dia 7, fores olhar para o Sol estarás invariavelmente também olhar para a Lua, que fica a uma largura do polegar (braço esticado) por baixo do disco solar. A Lua nova ocorre nesse dia às 12:23 h. Eventos significativos nesta semana que merecem ser referidos sob efemérides para olhar para o céu infelizmente não há.

Mexer com o tempo
Novo mês, nova hora. Estranho. Há um mês fomos obrigados passar por um dia inteiro extra (29 de Fev.). Atendendo que uma grande parte das pessoas trabalha na área dos serviços, pouco servia esse dia adicional ter caído num domingo. Nem 30 dias depois houve outro ajuste. Desta vez adicionaram-nos mais uma hora. Dizem que é de verão, mas custa acreditar com o tempo meteorológico que se verificou. De qualquer modo, ter a hora de verão no início da primavera soa errado. Felizmente, ao menos foi uma hora que passou literalmente num instante e não implicou labutar mais sem ganhar mais.

É só um tempinho
Quem pensa que essas foram todas as manipulações no calendário e no relógio está enganado. Provavelmente, atendendo às tendências, vai haver mais um ajuste. Todos os anos, normalmente em 1 de janeiro e em 1 de julho, faz-se, ou não, outro acerto ao nosso tão querido tempo. Pode-se dizer que esse ajuste é ligeiro, pois apenas 1 segundo é adicionado às vezes. Tecnicamente também a subtração é possível, embora nenhuma tenha ocorrido nas últimas décadas. O ajuste do segundo ainda não é garantido, quer dizer, o dia de ajuste por vir pode resultar num acerto com zero segundos.



Tempus fugit - o tempo foge. Um dia inteiro adicional, 29 de fevereiro, parece só afetar os aniversariantes nesse dia algo raro. A hora de verão adicional, porém, afeta pelo menos todos que tenham rotina de sono bem implantada, portanto, muita gente mesmo. Quem se sentirá afetado se adicionamos apenas um segundo? Crédito: GRM/NUCLIO


Tempo incerto
Coloca-se a questão, os cientistas não sabem fazer contas? Todos os anos vêm-nos dizer...vá lá, um dia extra aqui, uma hora para frente ali, uma hora para trás acolá e toma lá uns segundos quando calhar... isso não é problema, pois não? Se for, desenrasque-se. Se trabalhar mais um dia, pede um aumento de remuneração. Se sentir a falta da hora de sono e cansaço ao levantar, beba mais café ou subsidie as farmácias e tome um comprimido. E o tal segundo a mais de certeza não faz moça a ninguém.
Por acaso faz.

Tempo desastroso
O tal segundo extra é até o mais complicado de todos. Embora não o é ao nível individual, mas ao nível da sociedade global, dependendo fortemente do processamento computadorizado, pode ter repercussões graves. A máquina de lavar, a torradeira e a máquina de café, equipados com um pequeno microprocessador, felizmente não sentirão o atraso do relógio interno como uma ameaça para a sua vida ou a dos seus donos. No entanto, o mercado global, por exemplo, num único segundo transaciona dezenas de milhões de Euro. Um segundo extra dava para ganhar um nariz dourado a quem for esperto ou pode causar a ruína total a outro.

Tempo digital
O problema é, esperto ou não, os computadores e processadores dentro das máquinas, sejam medicinais, produtoras ou o que for, não reagem muito bem quando aparecem de repente soluços no progresso interminável do tempo. Por sinal, o segundo extra adicionado ao dia 1 de julho de 2012 provocou problemas consideráveis em muitos servidores em todo o mundo. Uma das linhas aéreas viu-se obrigada adiar meia centena de voos e muitos sites de entidades de grande porte foram-se abaixo. Portanto, mesmo só um segundo extra ou a menos afeta as pessoas.

Tempo errado
Já agora, de onde vem esse segundo?
Bem, se não sabias vai aí outra má notícia. A rotação da Terra está a abrandar, se bem que, ultimamente fez o contrário. Isto torna o dia verdadeiro gradualmente mais curto e num futuro ainda por ver torna o dia mais comprido. Felizmente é um futuro distante. Até agora, a única diferença que houve nos 44 anos passados, foram 24 anos que duraram um segundo a mais que os outros anos (e um com 2 segundos extra). Portanto, se não fores um computador, ou depender dele, que leva muito a sério as coisas que faz e quando os faz, o tal segundo, venha ou não, provavelmente não deve fazer grande efeito no teu quotidiano.

Tempo de pagar
Mesmo assim, estamos em dívida com o tempo. Os astrónomos deixaram de ser responsáveis por assegurar que o meio-dia era mesmo meio-dia e foram substituídos por um punhado de átomos e uma máquina de contar, o relógio atómico. Os átomos não se enganam, diz se, e desde que damos pela diferença do tempo da rotação da Terra em relação ao relógio atómico acumularam-se 36 segundos de atraso. Como referido, 26 segundos já foram ajustados, o que deixa uma dívida de 10 segundos para com os relógios sempre certinhos.



Confiar cegamente nos relógios atómicos tem os seus senãos. A imagem mostra a hora atómica corrigida (isto é, atendendo ao tempo de transmissão via internet) vindo dos relógios atómicos na Alemanha (Braunschweig), França (Paris) e Portugal (Lisboa). Portugal tem fuso horário diferente. Aqui importa a diferença nos segundos que não devia existir, pois a imagem foi captada no mesmo instante...seja qual instante esse afinal possa ter sido. Crédito: GRM/NUCLIO


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