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"Quando perguntaram a Thales o que era difícil, ele respondeu: "Conhecer-se a si próprio". E o que era fácil: "Dar conselhos a outros". "
- Laertius Diogenes


O dia do ajuste de contas

2016-02-25
26.Fev.- 3.Mar.2016 (Portugal)

Uma volta completa de 360° da Terra em torno do sol é o que chamamos um ano. Um ano convencional tem, como é sabido, 365 dias.

Infelizmente, após 365 dias, o nosso planeta ainda não chegou a mesma posição orbital que tinha há um ano. Isto é semelhante a um atleta que, ao ter passado o tempo marcado pelo atual primeiro lugar, ainda tem de correr mais uns metros e gastar tempo até a linha da meta. O mesmo ocorre com a Terra cuja linha da meta orbital é o ponto vernal do equinócio da primavera.

Decorridos 365 dias, a Terra ainda precisa mais 5 horas, 48 minutos, 45,261 segundos para voltar efetivamente ao ponto que marca o início da primavera. Este intervalo é o ano trópico.

Que importância isso possa ter?
Bem, imaginemos num ano a primavera começa na data típica, no dia 21.Março. No ano seguinte faltarão quase 6 horas até o momento da primavera, no ano seguinte o dobro e depois o triplo... Nada de grave, sem dúvida. No entanto, significa isso que, após 4 anos o dia da primavera começa um dia mais tarde (23h 15m). Nada de grave, se olhamos apenas para a nossa própria barriga.

O nosso calendário foi adotado em Portugal no ano 1582, há 434 anos. Nesses 434 anos até agora as tais 5 horas e 48 min por ano acumulavam-se para 2522 horas colocando o início da primavera 105 dias mais tarde. Claro, não é só a primavera mas todas as datas relativas e as estações mudavam. Por exemplo, o coelho da Páscoa faria este ano as suas rondas no dia 10 de Julho. O natal do ano passado festejaríamos no próximo dia 8 de Abril. As cartas postais do local das férias de verão traziam um carimbo postal com data algures em novembro. Isso, sim, já parece mais grave.

Já os antigos romanos se lembraram, para evitar este problema de longo prazo, acrescentar cada 4 anos mais um dia. Um ano de 366 dias, um ano bissexto. As discrepâncias remanescentes acumulam-se apenas ao longo de muitas décadas e são compensadas saltando o ano bissexto quase cada fim de século (p.ex. 1800, 1900, 2100).


Crédito: GRM/NUCLIO
Acertar quando?
Antigamente o ano começava em 1 de março, pois após o rigor do inverno, era o mês da primavera que importava à população. Era o início para os fazendeiros fazerem o que lá precisam fazer para terem boa colheita e animais rentáveis. Era a altura para sair debaixo dos cobertores e preparar a vinda do tempo mais agradável. Por isso, a altura do ajuste de contas entre o calendário e a translação da Terra foi colocado no último dia do ano, que era o 28 de fevereiro, num ano bissexto portanto o dia 29 de fevereiro.

Esta semana contém esse tal dia do ajuste de contas, o 29 de fevereiro, o qual é marcado no céu, este ano, pela conjunção da nossa Lua com o planeta Marte. Nascendo apenas depois da meia-noite, a maior proximidade ocorre com Marte abaixo do horizonte. Igualmente, no dia 29, com melhor posicionamento após as 3 horas do dia 1, Marte e o cometa 116P Wild estarão em conjunção separados por cerca de 2° (apenas para fotografia).

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