Registos sedimentares – haverá água?
No centro da imagem observa-se cerca de metade da extensão de Valles Marineris e a norte Chryse Planitia. Créditos: NASA.
As sequências de material depositado, de espessura fina, são observadas em muitos dos vastos desfiladeiros, como é o caso de Coprates, Hebes, Mellas e tambémTithonium Chasma, em Valles Marineris. Valles Marineris é formado por um gigantesco sistema de vales entrecruzados profundos. Encontra-se junto à faixa do equador de Marte a Leste da zona Tharsis e constitui o maior sistema de desfiladeiros do Sistema Solar, com os seus mais de 4000 km de extensão e profundidade que nalgumas zonas atinge os 7 km. A sua área cobre aproximadamente 1/5 da área total do globo de Marte.
Pormenor de Valles Marineris. Vista de Este para Oeste. Ao fundo, da esquerda para a direita, observam-se os vulcões de Tharsis, Monte Arsia, Monte Pavonis, Monte Olympus e Monte Ascraeus. Créditos: Space4Case.
Estes vales terão sido formados preferencialmente por erosão hídrica. No entanto, a sua extensão e profundidade não são apenas devidas à erosão da água que ali circularia, mas também devido ao estiramento e à fracturação da crosta durante a ascensão de plumas mantélicas na zona Tharsis. Ainda, os processos eólicos ou glaciais poderão também ter contribuído para a sua formação. As imagens de alta resolução da MOC (Mars Orbiter Camera – Mars Global Surveyor), assim como os dados do MOLA (Mars Orbiter Laser Altimeter – Mars Global Surveyor) e mais recentemente os veículos de pouso Spirit e Opportunity, fornecem evidências quanto às relações estratigráficas nos Valles Marineris.
Noctis Labirintus vistos apartir de Valles Marineris para os montes Tharsis, da esquerda para a direita, Monte Arsia, Monte Pavonis e Monte Olympus. Créditos: Space4Case.
No hemisfério Norte os corpos presumivelmente talhados pela água apresentam sedimentos deltaicos e intra cratera e ainda sedimentos muito finos que seriam de fundo de bacia oceânica, talvez num oceano primordial. Verificam-se ainda sistemas de vales antigos (do Hesperiano – entre 3,2 e 3,8 mil milhões de anos) com estrutura dendrítica - possivelmente como resultado da acção de água líquida à sua superfície. Todo este sistema de vales, associado a outros parâmetros morfológicos, indica eventos catastróficos de movimento de massas e mudanças na intensidade erosiva. Esta situação é observável, por exemplo, nos terrenos caóticos de Aram Chaos.
Coprates Chasma. Nas paredes do vale é possivel observar camadas alternadas de material mais escuro e mais claro. O Norte encontra-se para a direita. Créditos: ESA/DLR/FU Berlin (G. Neukum).
Terreno caótico de Aram Chaos. O Norte encontra-se para a direita. Créditos: ESA/DLR/FU Berlin (G. Neukum).
O Vento
O vento é um dos factores que mais importância têm na modelação da superfície de Marte. As dunas ocorrem por todo o planeta. A maioria do planeta está coberto por material de grão muito fino e o substrato rochoso pouco se encontra exposto. Os processos eólicos têm sido fortes agentes erosivos, segundo é indicado por terrenos, como por exemplo Mellas Chasma, que terão sido, eventualmente, formados pela acção da água, erodidos e sofrido deposição pelo vento.
As rápidas mudanças do albedo, na sequência de tempestades de poeiras, revelam que ocorre uma modificação dinâmica da superfície através de processos atmosféricos. Certamente o vento será o agente causador de maior dinâmica, no ambiente marciano, desde há cerca de 3 – 3,5 mil milhões de anos.
No centro da imagem observam-se “dunas” em Mellas Chasma (Valles Marineris). Créditos: Space4Case.