O futuro


Marte parece ser o mundo mais parecido com a Terra do que qualquer outro no sistema solar. Como nós, também tem um dia de 24 horas, estações bem definidas, gelo nos pólos e no subsolo e temperaturas que no Verão equatorial podem passar os zero graus Celsius. E quem sabe até já pode ter tido vida e um clima mais quente propício à existência de água na superfície. Os olhos e os instrumentos destes dois rovers estão a permitir-nos conhecer melhor este planeta e a pesquisar uma história que se afigura complicada. Até agora, ambos os robôs, já recolheram informações que apontam para a existência de água, no passado, de Marte. A água deve ter existido desde a origem do planeta até há 3800 milhões de anos pelo menos. Neste aspecto já estão a cumprir a missão que traziam na bagagem. E tudo indica que ultrapassarão as nossas melhores expectativas em termos de duração e alvos a atingir. Um dia quando se calarem deixarão saudades. Neste momento começam enfrentar problemas com a falta de luz solar à medida que se aproxima o Inverno marciano. Já não conseguem produzir energia como noutros tempos. Mas é possível que ainda aguentem até ao final deste ano e quem sabe até Janeiro. Se durarem até Janeiro cumprirão um ano terrestre de missão, o que não deixa de ser espantoso.



Nesta imagem tirada em órbita de Marte pela Mars Global Surveyor pode ver-se o rasto (Track) deixado pelo Spirit nas planícies de Gusev. Também é visível o lander, os pára-quedas (Parachute) e a cicatriz que o escudo de protecção térmica fez ao bater no solo marciano (Heat Shield Impact). A imagem cobre uma área com cerca de 3 quilómetros. (NASA/JPL)


Como se disse no início sabemos pouco sobre o passado de Marte. É possível que o planeta nunca tenha tido grande abundância de água, como certos dados nos dizem, mas também é possível o contrário. As observações que têm sido feitas em órbita são contraditórias em certos aspectos e só adensam o mistério. Ora, os dois locais que estão a ser explorados podem ajudar a desvendar um pouco desse mistério. Mas convém dizer que não serão as últimas máquinas terrestres a visitar o planeta nem responderão a todas as nossas perguntas. Nos próximos anos novas missões avançarão para Marte preparando o terreno para futuros exploradores mais capazes e curiosos. E um dia talvez o homem chegue lá encerrando este ciclo e dando início a um novo. O ciclo da exploração humana. Talvez um dia encontrem os dois rovers perdidos na paisagem silenciosa e lhes prestem a devida homenagem.