No entanto, o Universo oferece um espectáculo muito mais vasto daquele que os nossos olhos podem ver. Para o conhecer e tentar interpretar precisamos "olhar o Universo com outros olhos".
Depois da 2ª Grande Guerra Mundial, alguns dos engenheiros e cientistas que tinham trabalhado no desenvolvimento do radar decidiram dedicar-se ao estudo das ondas de rádio que vinham do céu. Continuavam assim o trabalho pioneiro de K. Jansky durante a década de 1930 ao detectar ondas rádio emitidas pela nossa própria galáxia. Foi assim que na década de 50 apareceram os primeiros rádio-telescópios e interferómetros em Cambridge e Jodrell Bank no Reino Unido e, em Sidney e Parkes na Austrália (ver Figura 1). Com eles se estabeleceu a existência de fontes emissoras de rádio-frequência.
Mas que objectos eram estes? Qual a sua origem, e como poderíamos estudá-los? Um problema que era necessário ultrapassar era o da identificação destas fontes no céu que se conhecia. Sem ela, não se poderia fazer uso dos telescópios ópticos disponíveis na altura, e sem observações com estes telescópios não sabíamos como proceder. O problema estava relacionado com o facto de muitas destas fontes emissoras de rádio apresentarem emissão em escalas que continham demasiadas estrelas para se saber qual a progenitora da emissão em rádio.
Esta identificação foi decisiva pois permitiu ao astrónomo Maarten Schmidt utilizar o telescópio óptico de 200 polegada do Monte Palomar na Califórnia (EUA) para obter um espectro da fonte de forma a tentar classificá-la (ver Figura 4). O resultado porém foi de certa forma inesperado. O espectro de emissão apresentava 4 riscas que embora fossem conhecidas pelos astrónomos, não foram identificadas imediatamente. O problema residia em que estas riscas não apareciam no mesmo sítio (chamado comprimento de onda) relativamente aos espectros de outras fontes. Na verdade, apareciam deslocadas para maiores comprimentos de onda em cerca de 16%, isto é o seu comprimento de onda era cerca 16% superior. Este desvio para maiores comprimentos de onda é denominado "desvio para o vermelho" e é interpretado como uma medida de distância entre nós (observadores), e a fonte. Assim, o desvio para o vermelho medido para as 4 riscas significava que a fonte não podia ser uma estrela da nossa galáxia mas sim um objecto extra-galáctico.
Embora se conhecessem já na altura outras galáxias, o que era surpreendente nesta fonte é que podia ser confundida com uma estrela nas chapas fotográficas do céu. Porém a esta distância e apresentando este magnitude significava que tinha de ser cerca de 100 vezes mais brilhante que uma galáxia inteira!
|