Fotografia do cometa Hale-Bopp tirada a 5 de Abril de 1997 por Wally Pacholka. São bem visíveis as duas caudas do cometa: do tipo I (azul) e do tipo II (branco).
O astronomo Edmond Halley observou um cometa muito brilhante em 1682. Uns anos mais tarde, usando a recentemente publicada Teoria da Gravitacao de Isaac Newton, Halley identificou este objecto com observações de cometas registadas no passado, concluindo que estas tinham sido diferentes aparições de um mesmo objecto, numa órbita com período de 76 anos. Este cometa, ao qual foi dado o nome de Halley em honra do astrónomo inglês, parece constar de registos históricos desde há cerca de 2200 anos.

Um cometa torna-se activo quando se aproxima suficientemente do Sol para que ocorra a sublimação dos gelos que o constituem. Os gases resultantes (principalmente vapor de água mas também dióxido de carbono e outros), assim como a poeira libertada juntamente com estes gases, formam a "coma", uma enorme esfera difusa e brilhante que rodeia o núcleo ofuscando-o totalmente. Ao mesmo tempo, formam-se duas caudas que se extendem na direcção e sentido oposto ao do Sol. As caudas do cometa são: (1) do tipo I, compostas por partículas de gás ionizadas em interacção com o campo magnético do vento solar1 ; e (2) do tipo II, compostas por partículas neutras de poeira sob o efeito da pressão de radiação2.

A órbita de Wirtanen: este cometa que irá ser inspeccionado pela Rosetta teve provavelmente origem na Cintura de Kuiper. Crédito: "Minor Planet Center".

Os cometas contêm uma grande percentagem de gelos logo necessariamente formaram-se nas regiões exteriores do Sistema Solar, e as suas órbitas foram subsequentemente modificadas até terem o perihélio na vizinhança do Sol. Segundo as teorias actuais, os reservatórios principais de cometas são: (1) a Cintura de Kuiper que parece ser a fonte dos cometas eclípticos que, como o nome indica, têm órbitas próximas do plano da eclíptica, e períodos orbitais menores do que 200 anos; (2) uma hipotética nuvem esférica de objectos a distâncias de cerca de cinquenta mil unidades astronómicas do Sol, conhecida com "Nuvem de Oort", que é a fonte provável dos cometas isotrópicos, cujas órbitas não têm orientação preferencial e que tipicamente têm períodos orbitais maiores do que 200 anos. Por sua vez, pensa-se que os "Centauros" dos quais falamos no capítulo "Introdução às populações de pequenos corpos", poderão representar o estado intermédio entre objecto da Cintura de Kuiper e cometa eclíptico.

A órbita de Hyakutake: este cometa, visível durante a Primavera de 1996, teve provavelmente origem na Nuvem de Oort. Crédito: "Minor Planet Center".

Para além da missão da ESA, Rosetta, que será lançada em Janeiro de 2003, foi já lançada uma missão da NASA, Stardust, cuja objectivo é a recolha de uma amostra de poeira da coma do cometa Wild-2, o qual alcançará a 2 de Janeiro de 2004. Por outro lado, em Janeiro de 2004 está também previsto o lançamento de outra missão da NASA, Deep Impact, que irá estudar o efeito de uma colisão com o cometa Tempel 1, planeada para 4 de Julho de 2005.




1O vento solar é o fluxo de partículas carregadas, principalmente electrões e protões, que deixam a superfície do Sol; este fluxo de partículas carregadas em movimento dá origem a um campo magnético.
2A pressão de radiação é a força por unidade de área exercida pelo impacto de fotões numa superfície.