Retrato de um berçário estelar

2006-12-22

Nebulosa da Tarântula, pelo telescópio 2,2 m (ESO/MPG). Em cima: imagem com um grau de campo de visão. Em baixo: pormenor da região da Supernova 1987A. Crédito: ESO.
O complexo 30 Doradus, conhecido como nebulosa
nebulosa
Uma nebulosa é uma nuvem de gás e poeira interestelares.
da Tarântula devido ao seu aspecto, é uma monstruosa fábrica de estrelas
estrela
Uma estrela é um objecto celeste gasoso que gera energia no seu núcleo através de reacções de fusão nuclear. Para que tal possa suceder, é necessário que o objecto possua uma massa superior a 8% da massa do Sol. Existem vários tipos de estrelas, de acordo com as suas temperaturas efectivas, cores, idades e composição química.
. É a maior nebulosa de emissão
nebulosa de emissão
As nebulosas de emissão são nebulosas de gás interestelar quente. O gás é aquecido pela radiação ultravioleta de estrelas vizinhas. Estas nebulosas estão geralmente associadas a locais de formação de estrelas.
do céu e pode ser vista no céu austral, na constelação
constelação
Designa-se por constelação cada uma das 88 regiões em que se divide a abóbada celeste, por convenção de 1922.
do Dorado, a 170 mil milhões de anos-luz
ano-luz (al)
O ano-luz (al) é uma unidade de distância igual a 9,467305 x 1012 km, que corresponde à distância percorrida pela luz, no vácuo, durante um ano.
, na Grande Nuvem de Magalhães
Grande Nuvem de Magalhães
A Grande Nuvem de Magalhães é uma galáxia irregular que orbita a Via Láctea, a uma distância aproximada de 180 mil anos-luz. Juntamente com a Pequena Nuvem de Magalhães, é um objecto celeste do céu austral bem visível à vista desarmada, na constelação do Dorado (Espadarte). Conhecida desde 964 D.C., quando foi mencionada pelo astrónomo Persa Al Sufi, foi redescoberta por Fernão de Magalhães em 1519. Esta galáxia contém inúmeros objectos interessantes, entre os quais a Nebulosa da Tarântula (NGC 2070).
.

Estima-se que a nebulosa da Tarântula contém uma massa
massa
A massa é uma medida da quantidade de matéria de um dado corpo.
de gás superior a um milhão de sóis e é aqui que se encontram as estrelas de maior massa que se conhecem. A região central (o corpo da Tarântula) é um enxame de estrelas quentes que ilumina e esculpe a nebulosa. A atribuição do nome da maior aranha condiz com as suas dimensões: estende-se por mais de um terço de grau, cerca de mil anos-luz. Se esta nebulosa se encontrasse à distância da nebulosa de Orionte, ocuparia um quarto do céu e seria visível durante o dia!

30 Doradus é uma região com muito interesse científico, especialmente para o estudo da formação de estrelas. Os astrónomos acreditam que a maioria das estrelas se forma em nebulosas gigantes. A imagem obtida com a câmara WFI do telescópio de 2,2 m (ESO
European Southern Observatory (ESO)
O Observatório Europeu do Sul é uma organização europeia de Astronomia para o estudo do céu austral fundada em 1962. Conta actualmente com a participação de 10 países europeus e ainda do Chile. Portugal tornou-se membro do ESO em 1 de Janeiro de 2001, no seguimento de um acordo de cooperação que durou cerca de 10 anos.
/MPG), no observatório de La Silla (Chile), é a composição de quatro imagens em quatro filtros diferentes, que incluem dois filtros estreitos (um de hidrogénio e outro de oxigénio). Por sua vez, cada imagem num comprimento de onda
comprimento de onda
Designa-se por comprimento de onda a distância entre dois pontos sucessivos de amplitude máxima (ou mínima) de uma onda.
é um mosaico de quatro imagens com meio grau de campo de visão cada uma.

O exame minucioso desta imagem leva à descoberta de muitas características novas que permitem aumentar um pouco o nosso conhecimento sobre o nascimento e a vida das estrelas. Um dos autores desta imagem é o astrofísico português João Alves, actualmente director do Observatório de Calar Alto, um observatório Germano-hispânico localizado na Andaluzia e operado pelo Instituto Max-Planck de Astronomia (Heidelberg) e pelo Instituto de Astrofísica de Andaluzia (Granada).

Fonte da notícia: http://www.eso.org/outreach/press-rel/pr-2006/pr-50-06.html