Fogo-de-artifício na galáxia NGC 6946

2005-01-05

Imagem da galáxia espiral NGC 6946, obtida pelo Telescópio Gemini Norte. Crédito: Gemini Observatory & Travis Rector, University of Alaska Anchorage.
O Telescópio Gemini Norte
Observatório Gemini
O Observatório Gemini é constituído por dois telescópios idênticos de 8,1 metros, um no Observatório de Mauna Kea, no Havai (Gemini Norte) e outro no Cerro Pachón, no Chile (Gemini Sul). As localizações estratégicas dos telescópios providenciam uma cobertura total do céu do Norte e do Sul. O Gemini é um consórcio internacional entre os Estados Unidos da América, o Reino Unido, o Canadá, o Chile, a Austrália, a Argentina e o Brasil, e é operado pela AURA.
obteve uma imagem extremamente nítida de NGC 6946, uma galáxia
galáxia
Um vasto conjunto de estrelas, nebulosas, gás e poeira interestelar gravitacionalmente ligados. As galáxias classificam-se em três categorias principais: espirais, elípticas e irregulares.
espiral virada de frente para nós e que se encontra a uma distância entre 10 e 20 milhões de anos-luz
ano-luz (al)
O ano-luz (al) é uma unidade de distância igual a 9,467305 x 1012 km, que corresponde à distância percorrida pela luz, no vácuo, durante um ano.
, na fronteira entre as constelações
constelação
Designa-se por constelação cada uma das 88 regiões em que se divide a abóbada celeste, por convenção de 1922.
de Cefeu e do Cisne. NGC 6946, descoberta por Sir William Herschel em 1798, apresenta um grande número de nascimentos e mortes de estrelas
estrela
Uma estrela é um objecto celeste gasoso que gera energia no seu núcleo através de reacções de fusão nuclear. Para que tal possa suceder, é necessário que o objecto possua uma massa superior a 8% da massa do Sol. Existem vários tipos de estrelas, de acordo com as suas temperaturas efectivas, cores, idades e composição química.
de massa
massa
A massa é uma medida da quantidade de matéria de um dado corpo.
elevada.

No último século, oito supernovas
supernova
Uma supernova é a explosão de uma estrela no final da sua vida. As explosões de supernova são de tal forma violentas e luminosas que o seu brilho pode ultrapassar o brilho de uma galáxia inteira. Existem dois tipos principais de supernova: as supernovas Tipo Ia, que resultam da explosão duma estrela anã branca que, no seio de um sistema binário, rouba matéria da estrela companheira até a sua massa atingir o limite de Chandrasekhar e então colapsa; e as supernovas Tipo II, que resultam da explosão de uma estrela isolada de massa elevada (com massa superior a cerca de 4 vezes a massa do Sol) que esgotou o seu combustível nuclear e expeliu as suas camadas externas, restando apenas um objecto compacto (uma estrela de neutrões ou um buraco negro).
explodiram nos braços desta galáxia: em 1917, 1939, 1948, 1968, 1969, 1980, 2002 e 2004. NGC 6946 é a galáxia mais fértil em supernovas nos últimos 100 anos! Compare-se com a Via Láctea
Via Láctea
A Via Láctea é a galáxia de que faz parte o nosso Sistema Solar. Trata-se de uma galáxia espiral gigante, com um diâmetro de cerca de 160 mil anos-luz e uma massa da ordem de 100 mil milhões de vezes a massa do Sol.
, onde a taxa destas explosões de supernova é cerca de uma por século, e apenas quatro foram registadas no último milénio. A última supernova observada na nossa Galáxia foi na constelação de Ofiúco, em 1604.

Para sustentar esta taxa de actividade de supernovas, NGC 6946 tem de formar estrelas de massa elevada, que evoluem muito rapidamente, a um ritmo alucinante. Por razões ainda desconhecidas, a sua taxa de formação de estrelas é muito maior do que a de galáxias de grandes dimensões na nossa vizinhança. E é justamente o elevado número de berçários estelares que lhe dá a sua aparência colorida.

A maioria das galáxias, em particular as espirais, apresentam regiões de formação de estrelas, constituídas essencialmente por hidrogénio ionizado
ionização
Processo pelo qual um átomo (ou molécula) electricamente neutro ganha ou perde um ou mais electrões, transformando-se num ião.
– são as regiões HII. Estrelas jovens e quentes emitem grandes quantidades de radiação
radiação electromagnética
A radiação electromagnética, ou luz, pode ser considerada como composta por partículas (os fotões) ou ondas. As suas propriedades dependem do comprimento de onda: ondas ou fotões com comprimentos de onda mais longos traduzem radiação menos energética. A radiação electromagnética, ou luz, é usualmente descrita como um conjunto de bandas de radiação, como por exemplo o infravermelho, o rádio ou os raios-X.
ultravioleta
ultravioleta
O ultravioleta á a banda do espectro electromagnético que cobre a gama de comprimentos de onda entre os 91,2 e os 350 nanómetros. Esta radiação é largamente bloqueada pela atmosfera terrestre.
que remove os electrões
electrão
Partícula elementar pertencente à família dos leptões - partículas sujeitas à interacção nuclear fraca, electromagnética e gravitacional. Os electrões possuem carga eléctrica negativa e encontram-se nos átomos de todos os elementos químicos, orbitando à volta do núcleo atómico, que possui carga eléctrica positiva.
dos átomos
átomo
O átomo é a menor partícula de um dado elemento que tem as propriedades químicas que caracterizam esse mesmo elemento. Os átomos são formados por electrões à volta de um núcleo constituído por protões e neutrões.
de hidrogénio, ionizando-o. Quando um ião
ião
Átomo ou molécula que perdeu ou ganhou um ou mais electrões.
de hidrogénio recaptura um electrão, emite no comprimento de onda
comprimento de onda
Designa-se por comprimento de onda a distância entre dois pontos sucessivos de amplitude máxima (ou mínima) de uma onda.
dos 656 nm
nanómetro (nm)
O nanómetro (nm) é uma unidade de comprimento igual a um milionésimo do milímetro: 1nm = 10-6mm = 10-9m.
, enquanto o electrão regressa ao nível de energia mais baixo.

A imagem obtida pelo Telescópio Gemini Norte fez uso de um filtro específico (filtro Hα
filtro Hα
O filtro Hα é um filtro estreito (largura de aproximadamente 80 Å) centrado na risca de hidrogénio Hα (comprimento de onda de 6569 Å).
) para detectar esta radiação vermelha típica de regiões de formação de estrelas. Foram também utilizados filtros adicionais de forma a distinguir-se outros detalhes na galáxia, incluindo aglomerados de estrelas azuis de massa elevada, faixas de poeira e o núcleo amarelado, onde estrelas mais velhas dominam.

Fonte da notícia: http://www.gemini.edu/index.php?option=content&task=view&id=116