Imagens de radar revelam superfície de Titã

2004-11-03

Imagem de radar de uma região de Titã no hemisfério norte, apelidada de “Si-Si, o Gato” devido a uma área escura que apresenta a forma de uma cabeça de gato. As áreas brilhantes correspondem a terreno mais duro, enquanto que as áreas escuras correspondem a terreno mais suave. Os pontos escuros interconectados são consistentes com um sólido muito suave, ou altamente absorvente, ou mesmo um líquido. A imagem tem cerca de 250 km x 478 km e cobre uma região ainda não observada com câmaras de radiação visível. As estruturas menores nesta imagem variam entre 300 m e 1 km. Crédito: NASA/JPL.
Observar a superfície de Titã é extremamente difícil, pois a superfície desta lua de Saturno
Saturno
Saturno é o sexto planeta do Sistema Solar, a contar do Sol. Com um diâmetro cerca de 10 vezes o da Terra, é o segundo maior planeta do Sistema Solar. A sua característica mais marcante são os belos anéis que o rodeiam.
encontra-se escondida sob uma espessa bruma. No passado dia 26, a sonda Cassini
Cassini-Huygens (NASA/ESA)
A missão Cassini-Huygens é uma missão conjunta da NASA e da ESA dedicada a Saturno que foi lançada no dia 13 de Outubro de 1997. Esta missão é composta por duas sondas: a sonda Cassini cujo objectivo principal é o estudo de Saturno, da sua atmosfera e do seu campo magnético, e a sonda Huygens cujo objectivo é o estudo da atmosfera do maior satélite de Saturno, Titã. O ponto alto desta missão será sem dúvida o pouso da sonda Huygens na superfície de Titã.
(NASA
National Aeronautics and Space Administration (NASA)
Entidade norte-americana, fundada em 1958, que gere e executa os programas espaciais dos Estados Unidos da América.
) aproximou-se a 1174 km de Titã e pela primeira vez utilizou o seu radar para observar o satélite. As ondas de rádio
rádio
O rádio é a banda do espectro electromagnético de maior comprimento de onda (menor frequência) e cobre a gama de comprimentos de onda superiores a 0,85 milímetros. O domínio do rádio divide-se no submilímetro, milímetro, microondas e rádio.
conseguem penetrar o espesso véu de bruma que envolve Titã. O radar constroi imagens fazendo reflectir ondas de rádio da superfície de Titã e cronometrando o intervalo de tempo entre a emissão e a recepção destas ondas. O princípio do método é semelhante ao que nos permite medir a dimensão de um desfiladeiro cronometrando o tempo que o eco da nossa voz demora a ouvir-se.

Durante a aproximação de Cassini, cerca de 1% da superfície de Titã foi mapeada pelo radar. As imagens de radar mostram um mundo repleto de estruturas escuras e brancas, indicando um contraste elevado. As áreas brilhantes correspondem a terrenos mais duros, e as áreas escuras, pensa-se que sejam terrenos mais suaves.

As imagens de radar do hemisfério norte, uma região ainda não observada com câmaras de radiação visível
radiação visível
A radiação visível é a região do espectro electromagnético que os nossos olhos detectam, compreendida entre os comprimentos de onda de 350 e 700 nm (frequências entre 4,3 e 7,5x1014Hz). Os nossos olhos distinguem luz visível de frequências diferentes, desde a luz violeta (radiação com comprimentos de onda ~ 400 nm), até à luz vermelha (com comprimentos de onda ~ 700 nm), passando pelo azul, anil, verde, amarelo e laranja.
, mostram com grande detalhe uma grande variedade de tipos de terrenos geológicos, encontrando-se estruturas com apenas 300 metros de diâmetro. Uma área, que recebeu a alcunha de “Si-Si, o Gato” devido à sua forma, é muito escura e relativamente suave. Isso leva os cientistas a especularem que poderá ser algum tipo de lago, embora ainda seja cedo para ter qualquer certeza.

Para além das imagens de radar, os cientistas também obtiveram dados de radiometria com o receptor do radar. Este tipo de dados é um bom indicador da composição do material da superfície. Uma interpretação dos dados obtidos é que Titã está coberta de material orgânico.

Os cientistas estão inclinados a pensar que Titã é um local dinâmico, com processos geológicos complexos que podem ainda estar a moldar a sua superfície. A superfície pode estar coberta com materiais orgânicos, embora não se saiba ainda se no estado líquido ou sólido. O facto de que se vêem poucas crateras diz-nos, em princípio, que a superfície é jovem.

Fonte da notícia: http://www.nasa.gov/mission_pages/cassini/media/cassini-102904.html