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Morte de uma Estrela

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"Simplicidade é a derradeira sofisticação. "
- Leonardo da Vinci


Nuvens de gás no espaço interestelar

2006-04-13
SAAVIK: O problema com a nebulosa, Senhor, é que as descargas estáticas e o gás obscurecem os nossos dispositivos tácticos. A écran de visão não funcionará e os escudos serão inúteis.

Star Trek II: A ira do Khan (Star Trek II: The Wrath of Khan 1982)

Khan Noonien Singh (simplesmente Khan para os seus amigos) era no universo de Star Trek o último líder dos mutantes que motivaram as guerras eugenésicas no final do século XX. Depois de ter escapado do planeta onde tinha sido exilado e roubar o dispositivo Génesis, levou a sua nave até à nebulosa de Mutara onde foi morto após a destruição da nave Reliant em 2264.

A história só tem interesse para os aficionados da ficção científica. Contudo, para muitos espectadores que viram “Star Trek II: A ira do Khan” (“Star Trek II: The Wrath of Khan”, 1982) no cinema ou na televisão, este filme foi com certeza o primeiro contacto com a idéia de que há algo mais no espaço para além de estrelas e planetas: também há nuvens de gás e poeira que podem brilhar por elas próprias (como nebulosas de emissão), dispersar a luz de outras estrelas (nebulosas de reflexão) ou também obscurecendo áreas do céu (nebulosas escuras).

A batalha na Nebulosa de Mutara entre Khan e o Almirante Kirk comandando a Enterprise mostra, em algumas coisas (poucas), de forma realista as condições que existem numa nebulosa de emissão. Outras características, no entanto, foram exageradas, como só pode fazer o cinema, devido ao facto dos realizadores quererem reproduzir, no espaço, um confronto semelhante às tradicionais batalhas da Segunda Guerra. É claro que, embora visível desde a Terra, o gás é incrivelmente ténue, com densidades de poucas partículas por metro cúbico, e dificilmente pode impedir a visibilidade numa nave.

Quando as naves se aproximam podemos ver o gás a deslocar-se cobrindo tudo com um imenso velo enquanto fortes relâmpagos iluminam secções da nebulosa indicando descargas eléctricas, possivelmente no gás. Porem, este fenómeno não existe nestes objectos e foi introduzido por razões puramente cinematográficas. A nebulosa mostrava-se como um objecto gasoso de cor avermelhado e verde. Neste ponto os realizadores sim estiveram certos: as nebulosas são compostas por gás a muito pequena densidade, principalmente hidrogénio e hélio, que emitem nessas cores. Também há elementos mais pesados como azoto, carbono e oxigénio, mas em condições de densidade impossíveis de ter na Terra. Quando por exemplo o átomo de hidrogénio perde um electrão pela radiação de estrelas muito quentes, podem passar até 40000 anos antes de o recuperar! Quando o recupera produz-se um processo conhecido como recombinação pelo qual se emite luz. A luz que nós vemos tem as cores das emissões mais importantes: o vermelho corresponde ao hidrogénio e o verde ao oxigénio.


Tradução de Cristina Zurita.
Héctor Castañeda é astrónomo no Instituto de Astrofísica das Canárias e mantém um site internet com informação em castelhano.