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"Nós sabemos muito pouco, contudo é espantoso que saibamos tanto, e ainda mais espantoso que tão pouco conhecimento nos possa dar tanto poder. "
- Bertrand Russell


Qual o antónimo para evolução?

2016-05-12
13.Mai.- 19.Mai.2016 (Portugal)

Um dia após o quarto crescente, no início da noite do dia 14 e bem alta no céu, a Lua encontra-se a meio entre a estrela brilhante Régulo no Leão e o planeta Júpiter. Mesmo em zonas de poluição luminosa considerável, ou seja, em quase todos os lugares com população, este trio pode ser detetado com facilidade e assim identificado (Júpiter é amarelado). No dia seguinte, olhando perto da mesma hora como no dia anterior, a sequência de luzes celestes mudou. A Lua está a leste (esq.), Régulo no oeste (dta.) e Júpiter encontra-se desta vez a meio dos dois.



Fotografia hipotética da conjunção entre Júpiter a esquerda (este), Lua no meio e Régulo a direita vista no dia 14 logo o pôr-do-sol. A maior aproximação entre Júpiter e Lua ocorre de manhã, já depois do nascer do sol.
Crédito: GRM/NUCLIO


Júpiter mal se mexe de um dia para outro. Régulo é suposto não se mexer ou perderia o estatuto de estrela fixa. Portanto, toda a mudança da sequência de astros tem de ser atribuída à Lua. Bem visto, aquilo é uma distância angular considerável que a Lua se move em 24 horas. Bem pensado, obviamente, não podia ser menos ou a Lua não dava uma volta de 360° nem em um mês. Bem dito era o estatuto que a Lua recebeu pelos gregos antigos: astro ambulante (ou errante) o que na língua de então dava pela palavra planetes, ou seja planeta.

A nossa lua já não é planeta há muito, bem como uma data de outros astros que perderam esta qualificação de planeta, apesar de se mexerem visivelmente no céu. Tudo bem, isto é evolução, gente aprende e faz ou diz melhor.

A pena nessa evolução semântica toda é a perda com a realidade. Para ser planeta tem de se tratar de um objeto naturalmente redondo. Portanto, não podemos colocar uma esfera gigante de pipocas em órbita solar, que é um dos requisitos, e dizer que é um planeta, pois este não se formou redondo por motivos naturais (gravidade), o que é outro requisito.

Outro aspeto requerido que garante um número reduzido de planetas oficialmente aceite como tal, e assim um número reduzido de nomes para memorizar nas escolas, é a obrigação de um planeta ter limpo a vizinhança da sua órbita de todos os objetos que não sejam satélites desse planeta. Obviamente, nem a Terra, com a sua dezena de milhar de asteroides por perto (NEAs), nem Júpiter, com mais de uma centena de milhares de asteroides troianos, nem Marte, nem Neptuno seriam planetas, se quiséssemos respeitar esse requisito à letra.

Relembrando, um critério é orbitar o sol. Portanto, esta definição só se aplica aos planetas do sistema solar. Lá fora, os potenciais objetos que possam orbitar as 400 mil milhões de estrelas da nossa galáxia são todos, sem exceção, sem restrição, sem dúvida alguma designados planetas.

Assim sendo, se num teste na escola um aluno enumera apenas Mercúrio e Vénus, talvez ainda Saturno e Úrano como resposta para indicar os planetas do sistema solar, o que um(a) professor(a) deve fazer? Aplicar apenas metade da pontuação? Isso não seria uma injustiça total perante a realidade? A definição ou a realidade está errada? Um dilema. O critério da definição está em falha, o objetivo inicial para criar uma definição também falhou. A palavra planeta afinal não evoluiu, bem pelo contrário... o que coloca a questão, qual é o antónimo para evolução?

Isto são apenas sugestões possíveis como pontos de partida para cogitar, meditar ou falar (se acompanhado) ao apreciar o salto que a Lua dá no céu de um dia para outro, todos os dias, até ao dia do fim da Terra (que será provavelmente numa segunda-feira, antes do almoço, uns 3-4 mil milhões de anos avante).

Outra opção e sugestão, caso seguir pensamentos sob o céu escuro não seja apreciado, é tirar fotografias, mesmo com telemóveis modernos. De certeza, esta conjunção de três astros poderá ser esteticamente enquadrada com um objeto terrestre na mesma imagem e assim apelar aos sentidos de outra forma.

Fenómenos da semana
13.5. --:-- Máximo de atividade das α–Scorpiidas (meteoros, máx. 5 por hora)
13.5. 18:03 Lua em quarto crescente
15.5. 09:23 Lua em conjunção com Júpiter (sep. 1,5°) (observar noite anterior)
18.5. 23:08 Lua em apogeu
19.5. 17:30 Mercúrio em afélio

Contacto para as crónicas sobre a atualidade celeste: ceu@astronomia.pt