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"Ninguém pode simultaneamente evitar a guerra e preparar-se para ela."
- Albert Einstein


O Sol às Rodelas

2005-10-20

Entre muitas coisas de que gostei no eclipse anular de 3 de Outubro há algumas de que me lembro com particular agrado. Talvez o melhor de tudo tenha sido o convívio com amigos. Para mim, o eclipse não teria tido metade do interesse sem a excelente companhia de que estava rodeado.

Outra boa recordação foi a imagem do Sol projectada pelas árvores. Pouca gente repara nesse belo espectáculo, porque as atenções se concentram no céu durante os grandes momentos. Mas sobre a terra há igualmente muito a observar. Há uma atmosfera de colorações misteriosas e há as imagens dançantes de meias-luas cintilantes que aparecem por baixo das árvores. São as múltiplas imagens do Sol ratado pela Lua.

Todos os dias o Sol projecta imagens através dos intervalos das folhas, que funcionam como orifícios de projecção. Mas são habitualmente pequenos discos que interferem uns com os outros, de forma que pouco a nada de especial se nota. Nem sequer nos apercebemos de que as copas das árvores estão a fazer cópias do Sol no chão.

Durante os eclipses, no entanto, as imagens projectadas têm a forma de meias-luas, o que se torna mais notório. Em 1999 apareceram várias fotografias desse fenómeno, que é bem conhecido entre os amantes de fenómenos celestes.

Desta vez, contudo, o eclipse foi anular. As imagens deveriam pois ser pequenos anéis de luz. Nunca tinha visto nenhuma fotografia desses anéis, nem nenhum amigo me podia testemunhar tê-los visto. Mas eles tinham de surgir. As leis da óptica assim o permitiam prever.

Uma coisa é a convicção outra o testemunho. Durante a fase anular havia junto a nós, no terreiro fronteiro à Sé de Miranda do Douro, duas pequenas árvores que projectaram com grande nitidez os anéis luminosos do eclipse. Eram autênticas rodelas de luz. Foi um momento muito emotivo. A fotografia que tirei e que aqui junto não consegue reproduzir a beleza do fenómeno. Os anéis tremeluziam e oscilavam uns sobre os outros.

Quando tudo estava terminado, a pequena estação de correios de Miranda do Douro lançou selos alusivos ao eclipse. Foi outro momento alto, com muitos filatelistas e com muitos jovens a beber todos os momentos da cerimónia. Não é todos os dias que Miranda do Douro é capital nacional da filatelia.





Os selos são um testemunho da apreciação que as sociedades têm pelos eventos. O facto de terem surgido em 3 de Outubro de 2005, com imagens do Sol no máximo do eclipse em três localidades diferentes, constitui um depoimento do momento precioso que se viveu. Estes selos estão à venda junto com outros de relógios de Sol. Usá-los é mostrar aos nossos correspondentes a sorte que tivemos em ser bafejados com um eclipse anular. Mas é mostrar-lhes também que apreciámos o fenómeno. Que ele não passou despercebido. E que temos orgulho em o termos vivido.