As galáxias e os seus subgrupos



Esquema dos subgrupos de galáxias do Grupo Local.
É possível identificar no Grupo Local a existência de quatro subgrupos de galáxias. O Grupo Local é constituído por um grupo mais central, no qual se insere a Via Láctea como galáxia principal juntamente com as suas galáxias satélite. O segundo subgrupo que engloba a M31 e as suas galáxias satélite das quais se destaca a M33. O terceiro subgrupo é essencialmente uma nuvem extensa de anãs, na sua grande maioria irregulares (dIrr). No quarto e último subgrupo destaca-se a galáxia NGC3109 como sendo a mais luminosa.

É de referir que algumas galáxias pertencem a subgrupos ambíguos. São exemplo a IC1613 e a Phoenix que pertencem ao subgrupo da nossa galáxia ou ao da M31. Igualmente a galáxia Leo A encontra-se algures entre a NGC3109 e a Via Láctea. Apenas a galáxia GR 8 não se encontra em nenhum subgrupo específico.

A Via Láctea é a maior galáxia do seu subgrupo. O seu nome advém da mitologia grega. Quando a Deusa Hera se encontrava a amamentar Hércules percebeu que este não era seu filho mas filho ilegítimo de Zeus e de uma humana, empurrou-o para longe de si e o leite derramado, deu origem à Via Láctea.

A nossa galáxia é uma galáxia espiral barrada (SBbc) que se divide em três regiões principais: o disco, a região central e o halo.

O disco possui um diâmetro de aproximadamente 30kpc e uma espessura de 600pc. É no disco que se encontra quase todo o gás e poeiras da galáxia. O disco é ligeiramente encurvado nas pontas – fenómeno de "warping". Uma estrutura bem definida que se realça no disco são os braços em espiral, os quais são regiões de activa formação estelar. O nosso Sol situa-se no braço de Órion a cerca de 30.000 a.l. do centro da galáxia. O disco possui estrelas da Pop.I que se distribuem ao longo dos braços em espiral e estrelas da Pop.II que se distribuem um pouco por todo o disco, mas preferencialmente na direcção da região central.

A região central da galáxia é uma região aproximadamente esférica com cerca de 3kpc de diâmetro. É uma região com pouco gás e poeiras. Possui um conjunto de estrelas que parecem formar uma estrutura em forma de uma barra, daí a sua designação como espiral barrada. No seu centro observa-se uma grande quantidade de gás e poeiras que se precipitam rapidamente em direcção a um ponto central, o que levou a colocar a hipótese, já confirmada actualmente, que é a existência de um buraco negro supermassivo nessa região.

O halo é a região menos luminosa da galáxia e é constituído essencialmente por matéria escura bariónica. As estrelas do halo são estrelas envelhecidas (Pop.II) e encontram-se dispersas e isoladas ou enxames globulares muito luminosos.


Grande Nuvem de Magalhães. Créditos: AURA/NOAO/NSF.
À medida que nos vamos afastando da nossa galáxia vamo-nos deparando com outras galáxias mais pequenas, as galáxias anãs. As Nuvens de Magalhães foram descritas pela primeira vez por Fernão Magalhães, no século XVI. A Grande Nuvem de Magalhães e a Pequena Nuvem de Magalhães, também conhecidas como LMC e SMC que advém dos seus nomes em inglês, são duas galáxias irregulares pois não têm uma estrutura bem definida. São amorfas e possuem uma forte actividade de formação estelar.

A galáxia de Andrómeda é a galáxia que mais se destaca no segundo subgrupo, sendo a maior galáxia do Grupo Local. O seu nome, Andrómeda, advém da mitologia grega, sendo a filha de Cassiopeia e de Cefeu. É uma galáxia do tipo espiral e possui uma luminosidade L~3x1010Lʘ. A distribuição espacial da M31 é maioritariamente feita por duas componentes: um disco fino sobreposto aos braços em espiral e uma componente central, esférica e extremamente concentrada, com uma espessura de rácio axial de cerca de 0,6.


M33. Créditos: Paul Mortfield, Stefano Cancelli.
A M33 é a segunda maior galáxia deste grupo. À semelhança da nossa galáxia e da M31 é uma galáxia do tipo espiral. Pensa-se que tenha sido inicialmente descoberta em 1654 por Giovanni Hodierna (1597-1660), tendo sido mais tarde inserida por Charles Messier no seu vasto catálogo.

A IC10 é uma das galáxias anãs deste subgrupo, sendo aquela que mais se aproxima do conceito de "Starbust Galaxy", o qual consiste numa produção estelar extremamente elevada. A M32 é uma galáxia anã do tipo elíptico, na qual os astrónomos acreditam existir um buraco negro supermassivo no seu centro, baseando-se em imagens obtidas pelo HST. Usualmente as galáxias elípticas são conhecidas pela presença de estrelas vermelhas envelhecidas, porém a M32 emite grandes quantidades de luz azul e ultravioleta. A chave da resposta a este enigma pode residir no facto de que estas estrelas azuis sejam igualmente estrelas velhas, atingindo altas temperaturas através de processos avançados da fusão do hélio nos seus núcleos.