Lançamento do Sputnik


O bombardeamento de Londres pelas V-2 começou a 8 de Setembro de 1944. A era dos mísseis balísticos chegou a Chiswick no Oeste de Londres assim que o primeiro impacto ocorreu às 18.43.

Sob o poder de Hitler, Werhner von Braun fundou as instalações de investigação necessárias para a criação do maior foguetão visto até então. O foguetão construído por Von Braun – o A-4 – simbolizava para Hitler a arma que poderia salvar o III Reich e provar a superioridade alemã no mundo. Hitler deu instruções para que lhe fosse acoplada uma ogiva de 10 toneladas e para que fosse iniciada a sua produção em massa. O A-4 foi então rebaptizado como Vergeltungswaffen (V-2) – Arma de Vingança.

Nos dias finais da II Guerra Mundial, Werhner von Braun e alguns membros da sua equipa eram os homens mais procurados tanto pela Intelligence americana como soviética. O Major Robert Staver dos EUA foi enviado em Fevereiro de 1945 para Londres com a missão de descobrir tudo quanto fosse possível sobre a arma alemã. Por seu turno, a URSS já havia colocado no encalço de von Braun desde 1935 o antecessor do KGB, o NKVD – Comissariado do Povo para Assuntos Internacionais. Apesar do rápido avanço soviético na Prússia (leste da Alemanha) em 1945, foram os americanos que venceram esta corrida, e von Braun e grande parte da sua equipa embarcaram para os EUA, convencidos de que em pouco tempo estariam a enviar naves para o espaço sideral.


A primeira página do New York Times que noticia o lançamento do Sputnik. Crédito: The New York Times Company.
De facto, após o término da II Guerra Mundial, ambas as potências continuaram o desenvolvimento dos foguetões, em parte com fins militares, mas também na tentativa de chegar ao espaço. Esses esforços culminaram alguns anos depois, mais concretamente em 1957.

A 4 de Outubro desse ano, a URSS lançava com sucesso o primeiro satélite artificial a orbitar a Terra – o Sputnik. Baseado na tecnologia desenvolvida por von Braun, o Sputnik era um pequeno satélite com cerca de 84 kg, que emitiu o primeiro e mais famoso bip bip a partir do espaço.

Estávamos em plena Guerra Fria, durante a qual soviéticos e americanos competiam por um lugar privilegiado na cena internacional, sendo um dos meios utilizados para atingir o seu objectivo a exploração do espaço exterior. Do lado soviético, o responsável pelo programa espacial era Korolev.

Quando o Sputnik I foi lançado, todo o mundo Ocidental foi apanhado de surpresa. A balança de poder estava agora desequilibrada. No dia seguinte ao lançamento, a América acordou com notícias electrificantes: uma nova “lua” soviética estava de olho nela. O New York Times tinha o seguinte título na primeira página: “Soviéticos lançam satélite para o espaço; Está a circular o globo à velocidade de 18000 milhas por hora. Foram registadas 4 passagens pelo espaço dos EUA”.


Sputnik !.
Os jornalistas levaram a opinião pública quase a um extremo de horror. Se a União Soviética podia lançar um satélite para o espaço, poderia agora lançar uma ogiva nuclear contra os Estados Unidos. O New York Times, continuava o seu artigo, afirmando que os EUA estavam agora numa corrida pela sobrevivência.

Em França, Le Figaro declarou que a gravidade fora conquistada: “O mito tornou-se agora uma realidade”. Em Inglaterra, o Manchester Guardian anunciava que este acontecimento era de capital importância e exigia um reajustamento psicológico do mundo ocidental às capacidades militares soviéticas, pois estes eram agora capazes de construir mísseis balísticos capazes de atingir qualquer alvo no mundo.

A mensagem subliminar de todos os cabeçalhos e das primeiras páginas dos jornais era que o comunismo se havia sobreposto ao capitalismo. Os Soviéticos triunfavam, o Ocidente falhara.

Porém, o líder soviético Khrushchev via o programa espacial do seu país como oposto ao programa de mísseis e um desperdício de recursos, e apenas mudou de opinião quando se apercebeu da reacção internacional ao lançamento do satélite soviético – o Sputnik. No dia seguinte ao lançamento, o jornal soviético Pravda apenas publicava uma pequena notícia factual, seguindo o mote de discrição ditado pelo governo. Contudo, no dia seguinte, o Pravda, apercebendo-se de que o lançamento fora um tremendo êxito de propaganda no Ocidente, publicava cabeçalhos descrevendo o feito. A imprensa soviética descrevia a importância dos satélites artificiais como sendo um meio para “viagens interplanetárias, e aparentemente, os nossos contemporâneos testemunharão a forma como o trabalho livre e consciente dos povos na nova sociedade socialista tornará realidade os mais audazes sonhos da Humanidade”.

Foi a comunicação social que gerou o pânico no Ocidente mas também foi ela que despertou nos Soviéticos a consciência que o seu feito poderia ser utilizado como propaganda a favor do regime comunista.