Pequena história dos Anéis



Figura 1: Desenhos de Saturno por vários observadores entre 1610 (I. Por Galileo) e 1646. Figura do Systema Saturnium publicado por C. Huygens em 1659.
Saturno é o planeta, visível a olho nu, mais longínquo conhecido desde a antiguidade.

Quando Galileo Galilei apontou a sua melhor luneta em Julho de 1610 ele não entendeu o que viu. De facto, a qualidade do instrumento deixava muito a desejar e impediu uma visão suficientemente clara. Ainda por cima, os anéis estavam quase no plano da visão, estavam quase fechados, visto a partir da Terra. Assim, Galileo pensou que o sistema de Saturno era composto por três objectos, o corpo central e dois satélites muito próximos deste, que o orbitavam muito rapidamente. De facto, durante os meses seguintes do Verão de 1610, Galileo continuou a observar Saturno, esperando observar mudanças nas posições dos satélites. Nada disso aconteceu e ele teve de concluir que estas luas de Saturno eram muito diferentes das luas de Júpiter.

Dois anos mais tarde, em 1612, de repente os dois satélites tinham desaparecido. De facto, agora sabemos que foi quando os anéis estavam a ser vistos de lado. E eles são demasiado finos para poderem ter sido vistos com o instrumento do Galileo. "Será que Saturno devorou os seus filhos?", perguntou-se Galileo. Nos anos a seguir os anéis começaram a aparecer novamente. E em 1616 Galileo descreve Saturno como tendo duas pegas!

Nos anos seguintes, vários cientistas fizeram observações de Saturno, mas ninguém foi capaz de descobrir a verdadeira natureza dos anéis (ver figura 1). Só em 1659 Christaan Huygens publicou um texto sobre o sistema saturniano, explicando todas as observações com a sua teoria de que Saturno tinha um anel sólido que rodava como um satélite à volta dele. Sendo o plano definido pelo anel coincidente com o plano equatorial de Saturno e inclinado relativamente a órbita de Saturno à volta do Sol, tal como acontece com a Terra. Ao longo da sua órbita em torno do Sol o anel pode ser observado mais aberto ou mais fechado. Ele previa quando isto ia acontecer e de facto aconteceu (ver figura 2). Alguns anos mais tarde as pessoas que se opuseram às suas ideias tiveram de reconhecer a razão de Huygens.



Figura 2: A diagrama feito por C. Huygens para mostrar o ciclo do aspecto do anel de Saturno. Figura do Systema Saturnium publicado por C. Huygens em 1659.



Figura 3: Desenho pelo J.D. Cassini em 1676, mostrando a Divisão de Cassini.
Em 1676 Jean Dominique Cassini, o primeiro director do Observatório de Paris (a partir de 1671), com a ajuda de instrumentos cada vez melhores, descobriu que o anel tinha uma separação, agora chamada a Divisão de Cassini (ver figura 3). Ele também descobriu vários satélites de Saturno. Christaan Huygens tinha descoberto o maior satélite, Titã, já em 1655.

Mais tarde, em 1758 o cientista Laplace investigou a estabilidade dos anéis à volta de Saturno. Ele conclui que para ser estável, ou o anel devia ser muito estreito, muito mais do que observado na realidade, ou então devia ser constituído por muitos anéis estreitos, que rodam à volta do planeta.