Esquema simplificado de uma montagem equatorial
Os astros parecem mover-se na esfera celeste de este para oeste devido ao movimento de rotação da Terra. As montagens equatoriais permitem “compensar” este movimento tornando possível a realização de fotografias guiadas de longa pose. É o passo natural a dar após a realização de fotografias de traços estelares e de constelações.

As montagens equatoriais são constituídas por um sistema de dois eixos1 perpendiculares, sendo um deles2, colocado rigorosamente em paralelo com o eixo da Terra. Se rodarmos este eixo no sentido contrário ao do movimento de rotação da Terra, com uma velocidade de 1 rotação por dia (aproximadamente 15º por hora), é possível manter um determinado astro imóvel no campo de visão de um telescópio (ver figura). As montagens equatoriais têm de ser orientadas, ou colocadas em estação, para que esta compensação seja efectiva. Existem diversos processos que podemos utilizar com este fim. O mais simples consiste em alinhar o eixo polar tomando como referência a estrela polar que se encontra muito próximo do pólo celeste norte. Este alinhamento é suficientemente preciso para a realização de fotografias guiadas de longa pose utilizando objectivas fotográficas normais (50 mm) ou mesmo pequenas teleobjectivas (135 a 300 mm).

Câmaras fotográficas montadas em paralelo ou em piggy-back: (1) Nikon F + objectiva 50 1:2; (2) Mamya + objectiva 135 mm 1:2.8; (3) Mamya + objectiva Zeiss Sonnar 200 1:2.8; (4) Mamya + objectiva Rubinar 1000 mm 1:10. Pedro Ré (2001).
Se pretendermos realizar fotografias guiadas de longa pose, as câmaras fotográficas podem ser montadas sobre um telescópio suportado por uma montagem equatorial motorizada3. A guiagem é efectuada utilizando o telescópio como auxiliar. Desde que a montagem equatorial seja colocada em estação, é muito fácil realizar fotografias de longa pose com o auxílio das mais variadas objectivas fotográficas. Neste caso podemos usar objectivas com distâncias focais elevadas desde que a precisão de guiagem seja mais elevada. A figura exemplifica o modo de montar em paralelo algumas câmaras fotográficas munidas de diferentes objectivas.

Para efectuar astrofotografias através de telescópios torna-se necessário acoplar câmaras fotográficas a um telescópio. Os telescópios mais frequentes podem ser classificados em três tipos principais: (i) refractores; (ii) reflectores e (iii) compostos ou catadióptricos4. Cada tipo de telescópio apresenta vantagens e inconvenientes.

Os diversos tipos de telescópios devem ser suportados por uma montagem equatorial, de preferência motorizada nos dois eixos. Nem todas as montagens são adequadas para a realização de astrofotografias. Quanto mais robusta for a montagem tanto melhor5. Algumas montagens frágeis vibram facilmente sendo menos aconselhadas para a realização de fotografias astronómicas6.

Principais tipos de telescópios: 1- Telescópio refractor; 2- telescópio reflector; 3- telescópio catadrióptico (Maksutov-Cassegrain); 4- Telescópio catadióptrico (Schmidt-Cassegrain).

Sistema de projecção afocal. Telescópio Schmidt-Cassegrain 200 mm f/10, objectiva 80 mm 1:2.8 e Olympus Camedia C-1400L. Pedro Ré (2001).

Principais métodos utilizados para acoplar uma câmara fotográfica ou uma câmara CCD a um telescópio: 1- Foco principal; 2- Projecção (positiva); 3- Compressão.
Existem diversos processos de acoplar uma câmara fotográfica a um telescópio. O processo mais simples consiste em utilizar o telescópio como se este se tratasse de uma objectiva fotográfica. Neste caso remove-se a objectiva da câmara fotográfica (reflex de preferência) e monta-se o corpo da câmara no foco principal do telescópio. A distância focal e a relação f/D obtidas são iguais à do telescópio utilizado. Os outros dois processos são distintos fundamentalmente por recorrerem à interposição de um sistema óptico entre a objectiva do telescópio e a câmara fotográfica. O sistema óptico utilizado pode ser uma ocular (projecção positiva), uma lente Barlow ou um teleconversor fotográfico (projecção negativa) e um redutor/corrector (compressão). A figura ilustra os três principais métodos de acoplar uma câmara fotográfica ou uma câmara CCD7 a um telescópio. Existe ainda um outro processo, designado sistema afocal, no caso das câmaras fotográficas utilizadas não terem a possibilidade de retirar as suas objectivas. Este é o método mais utilizado para acoplar câmaras digitais a telescópios.







1 Eixos de Ascensão Recta (AR) ou eixo Polar e eixo de Declinação (Dec).
2 Eixo de Ascensão Recta
3 Neste caso a câmara fotográfica será montada em paralelo ou em piggy-back.
4 Existem ainda outros telescópios menos frequentes; Schmidt-Newton, Maksutov-Newton, Schiefspiegler, Cassegrain clássico, Dall-Kirkham, Ritchey-Crétien entre outros
5 A característica mais importante de uma montagem é a sua estabilidade.
6 Quanto mais curto for o tempo de vibração da montagem melhor. Habitualmente 1 a 3 segundos de vibração do sistema montagem/telescópio, são valores aceitáveis. Valores superiores tornam-se problemáticos.
7 CCD - sigla formada pelas iniciais de Charge Coupled Device