Com a descoberta que as galáxias eram sistemas independentes, correu-se a procurar e identificar mais e mais destes objectos. Começou-se a descobrir galáxias de todas as formas e tamanhos e rapidamente surgiu a necessidade de classificar todos estes objectos.

Vários astrónomos dedicaram-se a este problema, mas a classificação que teve mais sucesso e que se usa ainda hoje é a de Hubble (1926), modificada posteriormente pelo próprio Hubble e melhorada por Sandage (1975). Nesta classificação, distinguem-se dois grupos principais de galáxias, as elípticas e as espirais, e um tipo intermédio, as lenticulares. Existe ainda diferenciação entre espirais com barra e espirais sem barra. Galáxias irregulares, como por exemplo as Nuvens de Magalhães, não fazem parte do sistema de classificação original de Hubble. Também os tipo Sd e Scd foram acrescentados posteriormente a Hubble.

Diagrama de Hubble. Crédito: Space Telescope Science Institute.

Elipticidade

Este parâmetro determina o maior ou menor achatamento de uma elipse. Tem, por isso, uma relação directa com os eixos da elipse, de tal maneira que elipticidade = 1 - (eixo menor / eixo maior)
As galáxias elípticas são identificadas pela letra E com um número em índice (n) que vai de 0 a 7. Este número representa a elipticidade da galáxia, tal que:

En, onde n = 10 x elipticidade

Assim, temos por exemplo E7 que corresponde a b/a ~ 1/3, (b = eixo menor, a = eixo maior) o máximo da excentricidade. Se tivermos E0, isto corresponde a b = a, portanto estamos a falar de uma circunferência. Fala-se ainda em elípticas do tipo precoce (valores baixo de n) e elípticas tardias (para os valores mais altos de n).

As galáxias espirais são representadas por S (do inglês "spiral") e utiliza-se também um índice, mas desta vez é uma letra que pode ser: a, b, c, d. A classificação destes vários estados é feita segundo 3 parâmetros:
  • o tamanho do bojo relativamente ao disco,
  • o grau de abertura dos braços em espiral,
  • braços mais resolvidos em estrelas e regiões HII, o que implica mais formação estelar nos braços.

    Assim, o bojo da galáxia diminui de tamanho relativamente ao disco quando vamos de "a" para "b" para "c" e para "d". Os braços em espiral vão ficando cada vez mais abertos seguindo a sequência a, b, c, d e tornam-se mais resolvidos em estrelas e regiões HII, seguindo a mesma sequência.

  • Existem também estados intermédios, ab, bc e cd. O diagrama divide ainda as espirais em dois tipos: as que apresentam uma barra, chamadas espirais com barra e as que não têm esta barra, chamadas espirais normais.

    Diagrama de Hubble com imagens. Crédito: R. White, Univ. Alabama.

    A frequência dos vários tipos de galáxias encontradas no universo próximo, em cada uma das categorias principais do diagrama, é aproximadamente 13% para as elípticas, 60% para as espirais, 22% para as lenticulares e 4% para as irregulares. Entre espirais com barra e sem barra, temos aproximadamente 50% de cada tipo.

    Hubble comecou por sugerir um sentido evolutivo para a sequência, ou seja, as galáxias elípticas davam origem às espirais sendo portanto apenas a dinâmica das galáxias responsável pela sua evolução. Mais tarde, as observações mostraram que um grande número de galáxias são sistemas em interacção e galáxias elípticas podem surgir destas interacções.

    Esquerda: interacção entre uma galáxia espiral e uma elíptica. Direita: interacção entre uma galáxia espiral e uma galáxia anã; depois do encontro a galáxia espiral começa a perder a sua estrutura de braços. Crédito: ESO.