Como é que é que as pessoas se começaram a aperceber que a Terra se encontrava numa galáxia e que havia até outras galáxias como a nossa,
compostas por estrelas e gases mas sem qualquer relação com a Via Láctea?
Já os gregos pensavam nestas questões e opinavam sobre a verdadeira natureza da Via Láctea tal como aparecia no céu. Demócrito (400 anos antes de Cristo) pensava que as extensas manchas brancas que se observam no céu (que são na realidade braços da nossa galáxia espiral) se tratavam de uma imensa quantidade de estrelas. Hipparcus (130 anos antes de Cristo) imaginava outras "vias lácteas". As primeiras observações feitas por Galileo em 1609 mostram que a banda de luz por cima de nós, é efectivamente devida a milhões e milhões de estrelas. Embora na altura isto tenha sido uma descoberta fantástica, é curioso notar que as estrelas que Galileo observava com os meios que tinha disponíveis estavam a uma distância inferior a 1 Kpc de nós.
Porque falhavam então as contagens de estrelas? Em 1930, Robert Trumpler responde a esta questão, melhorando de uma forma fundamental o método de contagem, quando mostra que a absorção interestelar faz com que só se observe parte da Galáxia, subestimando assim grandemente a extensão total do sistema. Na realidade, devido à existência de enormes quantidades de poeira no plano da Galáxia, a luz que nos vem das estrelas é parcialmente absorvida, criando-se assim grandes "cortinas intransponíveis" em termos observacionais, no óptico.
Como o sistema solar está no plano galáctico, é fácil ver porque é que as estrelas aparecem distribuídas uniformemente enquanto que os enxames globulares estando fora do plano galáctico, não são perturbados pela poeira e portanto são facilmente observáveis a grandes distâncias.
Assim, a verdadeira extensão da poeira só foi conhecida nos anos 30, com os trabalhos de Trumpler, que através de estudos de enxames estelares concluiu que a poeira devia estar essencialmente distribuída no plano galáctico.
Hoje sabemos que a poeira limita a nossa visão a cerca de 2 Kpc, ou seja, só conseguimos observar até cerca de 2 Kpc na direcção do centro da Galáxia, quando na realidade este se encontra a cerca de 8 Kpc, ou seja apenas 1/4 desta distância pode ser observada a partir do Sol, por este se encontrar precisamente no plano galáctico, mesmo com os telescópios ópticos mais potentes. Os segredos do centro galáctico podem, no entanto, ser desvendados através doutros comprimentos de onda, como o rádio e o infravermelho.
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