Até há cerca de 25 anos atrás pensava-se que a maior parte dos NEOs eram núcleos extintos de cometas. No entanto, as teorias actuais mostram que muitos NEOs são asteróides provenientes de regiões da Cintura Principal que são instáveis em escalas de tempo de alguns milhões de anos, como por exemplo os "Kirkwood gaps" de que falamos no capítulo "A cintura principal de asteróides". A órbita de um objecto inicialmente numa destas regiões instáveis alonga-se gradualmente até que atinge perihélio inferior a 1.3 unidades astronómicas do Sol, e o objecto torna-se, por definição, um NEO. Novos objectos são constantemente injectados nestas regiões instáveis, por exemplo devido a colisões entre asteróides, garantido desta forma um fluxo mais ou menos constante de NEOs.
A detecção de NEOs é extremamente importante porque alguns destes objectos podem eventualmente estar em rota de colisão com a Terra. Actualmente, existem diversos programas observacionais dedicados exclusivamente à detecção de NEOs, com o objectivo de cumprir com a recomendação feita em 1998 pela NASA, isto é, de detectar pelo menos 90% dos objectos com diâmetros maiores do que 1 Km até 2008. Objectos com diâmetros maiores do que cerca de 1 Km são aqueles que, caso colidissem com a Terra, poderiam causar uma catástrofe à escala global logo são os objectos que representam um risco maior para a humanidade. Até à data foram identificados cerca de 600 destes objectos, o que segundo estimativas representa 60% do total da população de NEOs com diâmetros maiores do que 1 Km.
Cada vez que um novo NEO é identificado a sua órbita é ajustada às observações e desta forma pode-se calcular a probabilidade de colisão com Terra no futuro mais ou menos próximo. Inicialmente a determinação da órbita é imprecisa porque é baseada em poucas observações (por outras palavras, o número de órbitas que se ajustam ao número reduzido de observações é elevado). Por esta razão, o cálculo inicial da probabilidade de colisão com a Terra pode ser artificialmente não nulo, porque impreciso. À medida que o número de observações aumenta, a órbita pode ser determinada com maior precisão e, eventualmente (se o objecto descoberto não está de facto em rota de colisão com o nosso planeta) a probabilidade de colisão com a Terra torna-se nula.
Actualmente, sabemos que (quase) todos os NEOs cujas órbitas foram já determinadas com precisão, evitarão a colisão com a Terra nos próximos séculos. A única possível excepção é o NEO 1950 DA: um objecto com cerca de 1 Km de diâmetro cuja órbita foi calculada com uma grande precisão usando dados de radar, que parece ter uma probabilidade não nula (cerca de 1/300) de colidir com a Terra, mas apenas no ano longínquo de 2880. No entanto, mesmo este objecto, poderá ser totalmente desviado da rota de colisão com a Terra no intervalo de quase 9 séculos que nos separam desta hipotética ocorrência, simplesmente devido ao efeito da radiação solar. São necessários dados mais completos sobre as propriedades térmicas de 1950 DA para que se possa excluir completamente (ou não!) a possibilidade de colisão com o nosso planeta no ano de 2880.
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