Os asteróides da Cintura Principal são o que resta da região interior do disco a partir do qual se formaram os planetas do Sistema Solar há 4.6 mil milhões de anos atrás. O número de asteróides nesta região seria inicialmente muito mais elevado mas estes objectos teriam sido subsequentemente dispersados quando da formação do planeta Júpiter devido à perturbação gravitacional exercida por este. De facto, a massa total da Cintura Principal de Asteróides é actualmente muito pequena, menor do que a massa da Lua. A perturbação gravitacional exercida por Júpiter teria também impedido a formação, por acreção destes objectos, de um planeta nesta região do Sistema Solar.
Na figura seguinte vemos a distribuição dos semi-eixos maiores1 das órbitas dos asteróides da Cintura Principal. Esta distribuição não é uniforme: existem falhas mais evidentes para semi-eixos maiores de 2.5, 2.82, 2.95 e 3.28 unidades astronómicas, os locais onde, pela terceira lei de Kepler, os períodos orbitais dos asteróides e de Júpiter estão na razão 3/1, 5/2, 7/3 e 2/1, respectivamente2. Estas falhas foram identificadas em 1866 pelo astrónomo Daniel Kirkwood e em sua honra são conhecidas por "Kirkwood gaps". O mecanismo que leva à remoção dos asteróides dos "Kirkwood gaps" só foi compreendido recentemente através de estudos realizados nas últimas duas últimas décadas do século XX.
1O semi-eixo maior de uma órbita heliocêntrica é a distância média ao Sol.
2A terceira lei do movimento planetário de Kepler diz-nos que o quadrado dos períodos orbitais é proporcional ao cubo dos semi-eixos maiores. |