Hubble encontra objectos fantasma perto de quasares mortos
2015-04-07
Estas imagens do Telescópio Espacial Hubble revelam um conjunto bizarro de estruturas em forma de laçada, helicoidal e de trança, de cor esverdeada, em torno de oito galáxias activas. As galáxias hospedam um quasar brilhante que pode ter iluminado as estruturas. Crédito: NASA, ESA, and W. Keel (University of Alabama, Tuscaloosa).
Hubble Space Telescope (HST)
O Telescópio Espacial Hubble é um telescópio espacial que foi colocado em órbita da Terra em 1990 pela NASA, em colaboração com a ESA. A sua posição acima da atmosfera terrestre permite-lhe observar os objectos astronómicos com uma qualidade ímpar.
fotografou um conjunto enigmático de objectos de brilhoO Telescópio Espacial Hubble é um telescópio espacial que foi colocado em órbita da Terra em 1990 pela NASA, em colaboração com a ESA. A sua posição acima da atmosfera terrestre permite-lhe observar os objectos astronómicos com uma qualidade ímpar.
brilho
O brilho de um astro refere-se à quantidade de luz que dele provém, ou seja, a quantidade de energia por ele emitida por unidade de área por unidade de tempo. Dado que o brilho observado, ou medido, depende da distância ao objecto, distingue-se o brilho aparente (quando medido a uma determinada distância), do brilho intrínseco (conceptualmente medido na supefície do próprio astro).
esverdeado que são os fantasmas efémeros de quasaresO brilho de um astro refere-se à quantidade de luz que dele provém, ou seja, a quantidade de energia por ele emitida por unidade de área por unidade de tempo. Dado que o brilho observado, ou medido, depende da distância ao objecto, distingue-se o brilho aparente (quando medido a uma determinada distância), do brilho intrínseco (conceptualmente medido na supefície do próprio astro).
quasar
Os quasares são objectos extragalácticos extremamente brilhantes e compactos. Hoje acredita-se que são o centro de galáxias muito energéticas ainda num estado inicial da sua evolução (são, pois, núcleos galácticos activos - NGAs) e a sua energia provém de um buraco negro de massa muito elevada. Os seus desvios para o vermelho indicam que se encontram a distâncias cosmológicas. O seu nome, quasar, vem do inglês quasi-stellar object, ou seja, objecto quase estelar, devido à semelhança da sua imagem em placas fotográficas com a imagem de uma estrela.
que despertaram para a vida e depois desapareceram.
Os quasares são objectos extragalácticos extremamente brilhantes e compactos. Hoje acredita-se que são o centro de galáxias muito energéticas ainda num estado inicial da sua evolução (são, pois, núcleos galácticos activos - NGAs) e a sua energia provém de um buraco negro de massa muito elevada. Os seus desvios para o vermelho indicam que se encontram a distâncias cosmológicas. O seu nome, quasar, vem do inglês quasi-stellar object, ou seja, objecto quase estelar, devido à semelhança da sua imagem em placas fotográficas com a imagem de uma estrela.
As estruturas brilhantes têm formas de laçada, helicoidais e de trança. "Não se encaixam num padrão único", disse Bill Keel, da Universidade do Alabama, Tuscaloosa, que deu início à pesquisa do Hubble. Keel acredita que estas estruturas fornecem novas informações sobre o comportamento intrigante das galáxias
galáxia
Um vasto conjunto de estrelas, nebulosas, gás e poeira interestelar gravitacionalmente ligados. As galáxias classificam-se em três categorias principais: espirais, elípticas e irregulares.
com núcleos activos.
Um vasto conjunto de estrelas, nebulosas, gás e poeira interestelar gravitacionalmente ligados. As galáxias classificam-se em três categorias principais: espirais, elípticas e irregulares.
Calcula-se que os filamentos etéreos que se vêm nas imagens foram iluminados pela poderosa radiação
radiação electromagnética
A radiação electromagnética, ou luz, pode ser considerada como composta por partículas (os fotões) ou ondas. As suas propriedades dependem do comprimento de onda: ondas ou fotões com comprimentos de onda mais longos traduzem radiação menos energética. A radiação electromagnética, ou luz, é usualmente descrita como um conjunto de bandas de radiação, como por exemplo o infravermelho, o rádio ou os raios-X.
ultravioletaA radiação electromagnética, ou luz, pode ser considerada como composta por partículas (os fotões) ou ondas. As suas propriedades dependem do comprimento de onda: ondas ou fotões com comprimentos de onda mais longos traduzem radiação menos energética. A radiação electromagnética, ou luz, é usualmente descrita como um conjunto de bandas de radiação, como por exemplo o infravermelho, o rádio ou os raios-X.
ultravioleta
O ultravioleta á a banda do espectro electromagnético que cobre a gama de comprimentos de onda entre os 91,2 e os 350 nanómetros. Esta radiação é largamente bloqueada pela atmosfera terrestre.
de um buraco negroO ultravioleta á a banda do espectro electromagnético que cobre a gama de comprimentos de onda entre os 91,2 e os 350 nanómetros. Esta radiação é largamente bloqueada pela atmosfera terrestre.
buraco negro
Um buraco negro é um objecto cuja gravidade é tão forte que a sua velocidade de escape é superior à velocidade da luz. Em Astronomia, distinguem-se dois tipos de buraco negro: os buracos negros estelares, que resultam da morte de uma estrela de massa elevada, e os buracos negros galácticos, que existem no centro das galáxias activas.
de grande massaUm buraco negro é um objecto cuja gravidade é tão forte que a sua velocidade de escape é superior à velocidade da luz. Em Astronomia, distinguem-se dois tipos de buraco negro: os buracos negros estelares, que resultam da morte de uma estrela de massa elevada, e os buracos negros galácticos, que existem no centro das galáxias activas.
massa
A massa é uma medida da quantidade de matéria de um dado corpo.
no centro das galáxias hospedeiras. Os mais activos destes núcleos galácticos chamam-se quasares e brilham como holofotes no espaço profundo. O feixe é produzido por um disco de gás superaquecido e brilhante que circunda o buraco negro.
A massa é uma medida da quantidade de matéria de um dado corpo.
"No entanto, o brilho dos quasares não é suficiente para explicar o que estamos a ver; isto é o registo de algo que aconteceu no passado", disse Keel. "Os filamentos brilhantes dizem-nos que os quasares emitiram em tempos mais energia, ou então estão a mudar muito rapidamente, o que não deveria acontecer."
Segundo Keel, uma explicação possível é haver pares de buracos negros orbitando-se mutuamente a alimentar os quasares, o que pode provocar alterações no seu brilho.
O feixe de cada quasar fez com que os filamentos, de outra forma invisíveis no espaço profundo, brilhassem através de um processo chamado fotoionização. Nos filamentos há átomos
átomo
O átomo é a menor partícula de um dado elemento que tem as propriedades químicas que caracterizam esse mesmo elemento. Os átomos são formados por electrões à volta de um núcleo constituído por protões e neutrões.
de oxigénio, hidrogénio, hélio, azoto, enxofre e néon, que absorvem a luz do quasar e voltam lentamente a emiti-la, ao longo de muitos milhares de anos. O tom verde-esmeralda é provocado pelo oxigénio ionizadoO átomo é a menor partícula de um dado elemento que tem as propriedades químicas que caracterizam esse mesmo elemento. Os átomos são formados por electrões à volta de um núcleo constituído por protões e neutrões.
ionização
Processo pelo qual um átomo (ou molécula) electricamente neutro ganha ou perde um ou mais electrões, transformando-se num ião.
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Processo pelo qual um átomo (ou molécula) electricamente neutro ganha ou perde um ou mais electrões, transformando-se num ião.
Pensa-se que os filamentos verdes são longas caudas de gás separadas, como fios de açúcar em ponto, pelas forças gravitacionais resultantes de uma fusão
fusão
1- passagem do estado sólido ao líquido, por efeito do calor; 2- junção, união.
de duas galáxias. Em vez de serem arrancadas do buraco negro do quasar, estas estruturas imensas, com dezenas de milhares de anos-luz1- passagem do estado sólido ao líquido, por efeito do calor; 2- junção, união.
ano-luz (al)
O ano-luz (al) é uma unidade de distância igual a 9,467305 x 1012 km, que corresponde à distância percorrida pela luz, no vácuo, durante um ano.
de comprimento, orbitam lentamente a sua galáxia hospedeira, muito tempo depois da fusão ter terminado.
O ano-luz (al) é uma unidade de distância igual a 9,467305 x 1012 km, que corresponde à distância percorrida pela luz, no vácuo, durante um ano.
"Vemos estas faixas encurvadas de poeira ligando-se ao gás, e há um modelo matemático que descreve como este material se enrola em torno da galáxia", disse Keel. Potencialmente, podemos dizer que estamos a ver o que aconteceu 1,5 mil milhões de anos após a queda de uma galáxia pequena rica em gás sobre uma galáxia maior."
As estruturas verdes fantasma estão tão longe da galáxia que podem ter-se iluminado apenas dezenas de milhares de anos após a explosão do quasar, e é provável que só desapareçam dezenas de milhares de anos após o quasar em si ter desaparecido. É este o tempo necessário para a luz do quasar as alcançar.
Não é por coincidência que as fusões de galáxias também podem provocar o nascimento de um quasar através do material que verte para o gigantesco buraco negro central.
O primeiro objecto de tipo fantasma-verde foi descoberto em 2007 pela professora holandesa Hanny van Arkel. Ela descobriu a estrutura fantasma através do projecto online Galaxy Zoo. O projecto começou por contar com a participação do público para ajudar a classificar mais de um milhão de galáxias catalogadas no SDSS
Sloan Digital Sky Survey (SDSS)
O levantamento do céu SDSS é um projecto que tem por objectivo mapear detalhadamente um quarto de todo o céu, determinando posições e magnitudes absolutas de 100 milhões de objectos celestes, e determinando ainda a distância a mais de 1 milhão de galáxias e quasares. Os telescópios que participam neste projecto estão situados no Observatório de Apache Point (EUA). O SDSS é um projecto conjunto de instituições norte-americanas, alemãs e japonesas.
(Sloan Digital Sky Survey), e avançou com a adição de galáxias observadas em imagens do Hubble do Universo distante. O objecto recebeu o nome de Hanny’s Voorwerp (objecto da Hanny).
O levantamento do céu SDSS é um projecto que tem por objectivo mapear detalhadamente um quarto de todo o céu, determinando posições e magnitudes absolutas de 100 milhões de objectos celestes, e determinando ainda a distância a mais de 1 milhão de galáxias e quasares. Os telescópios que participam neste projecto estão situados no Observatório de Apache Point (EUA). O SDSS é um projecto conjunto de instituições norte-americanas, alemãs e japonesas.
Como as imagens de seguimento obtidas pelo Hubble do Hanny’s Voorwerp foram intrigantes, Keel abriu a caça aos objectos estranhos deste tipo. Estes teriam de partilhar a rara e marcante assinatura de cor do Hanny’s Voorwerp nas imagens do SDSS.
Keel conseguiu 200 voluntários que se oferecem especificamente para observar mais de 15 mil galáxias a hospedar quasares. Cada candidato tinha que obter pelo menos 10 pontos de vista que em conjunto revelassem nuvens estranhamente coloridas.
A equipa de Keel considerou as galáxias que pareciam as mais promissoras e estudou-as, dividindo a sua luz nas cores componentes através de espectroscopia. Nas observações de acompanhamento, realizadas no Observatório de Kitt Peak
Kitt Peak National Observatory (KPNO)
O Observatório Nacional de Kitt Peak (KPNO) faz parte dos observatórios da NOAO e inclui diversos telescópios ópticos, de infravermelhos e um telescópio solar, além de operar, em consórcio, 19 telescópios ópticos e dois radiotelescópios. O KPNO situa-se a 90 km de Tucson, no Arizona (EUA).
e no Observatório Lick, a equipa encontrou 20 galáxias com gás que foi ionizado pela radiação de um quasar e não pela energia de formação de estrelasO Observatório Nacional de Kitt Peak (KPNO) faz parte dos observatórios da NOAO e inclui diversos telescópios ópticos, de infravermelhos e um telescópio solar, além de operar, em consórcio, 19 telescópios ópticos e dois radiotelescópios. O KPNO situa-se a 90 km de Tucson, no Arizona (EUA).
estrela
Uma estrela é um objecto celeste gasoso que gera energia no seu núcleo através de reacções de fusão nuclear. Para que tal possa suceder, é necessário que o objecto possua uma massa superior a 8% da massa do Sol. Existem vários tipos de estrelas, de acordo com as suas temperaturas efectivas, cores, idades e composição química.
, e as nuvens estendendo-se por mais de 30 mil anos-luz fora das galáxias hospedeiras.
Uma estrela é um objecto celeste gasoso que gera energia no seu núcleo através de reacções de fusão nuclear. Para que tal possa suceder, é necessário que o objecto possua uma massa superior a 8% da massa do Sol. Existem vários tipos de estrelas, de acordo com as suas temperaturas efectivas, cores, idades e composição química.
Oito das nuvens recém-descobertas tinham mais energia do que seria de esperar, dada a quantidade de radiação que emana do quasar hospedeiro, mesmo quando observadas em luz infravermelha
infravermelho
Região do espectro electromagnético compreendida entre os comprimentos de onda de 0,7 e 350 mícrones. Esta banda permite observar astros, fenómenos, ou processos físicos com temperaturas entre 10 e 5200 graus Kelvin.
pelo telescópio espacial WISE (Wide-field Infrared Survey Explorer). Os quasares hospedeiros tinham apenas um décimo do brilho necessário para fornecer energia suficiente para a fotoionização do gás. Segundo Keel, as alterações do brilho são provavelmente regidas pela taxa à qual o material está a cair no buraco negro central.
Região do espectro electromagnético compreendida entre os comprimentos de onda de 0,7 e 350 mícrones. Esta banda permite observar astros, fenómenos, ou processos físicos com temperaturas entre 10 e 5200 graus Kelvin.
Para Keel, esta variabilidade do quasar pode ser explicada se houver dois buracos negros a orbitar-se mutuamente no centro da galáxia hospedeira. Isto é possível se duas galáxias se tiverem fundido. Um par de buracos negros orbitando-se poderia interromper o fluxo constante do gás que cai, causando picos abruptos na taxa de acreção
acreção
Designa-se por acreção a acumulação de matéria (gás e poeira) para um astro central, como por exemplo um buraco negro, uma estrela, uma galáxia, ou um planeta.
e desencadeando explosões de radiação.
Designa-se por acreção a acumulação de matéria (gás e poeira) para um astro central, como por exemplo um buraco negro, uma estrela, uma galáxia, ou um planeta.
Quando a Via Láctea
Via Láctea
A Via Láctea é a galáxia de que faz parte o nosso Sistema Solar. Trata-se de uma galáxia espiral gigante, com um diâmetro de cerca de 160 mil anos-luz e uma massa da ordem de 100 mil milhões de vezes a massa do Sol.
se fundir com Andrómeda (M31A Via Láctea é a galáxia de que faz parte o nosso Sistema Solar. Trata-se de uma galáxia espiral gigante, com um diâmetro de cerca de 160 mil anos-luz e uma massa da ordem de 100 mil milhões de vezes a massa do Sol.
M31 (NGC 224) - Galáxia de Andrómeda
M31 é a galáxia de Andrómeda, a maior galáxia do chamado Grupo Local de galáxias. É uma galáxia espiral gigante, situada a uma distância de 2,4 milhões de anos-luz.
), daqui a cerca de 4 mil milhões anos, os buracos negros centrais de cada uma das galáxias podem acabar a orbitar-se. Assim, no futuro distante, o nosso sistema galáctico poderá ter sua própria versão do Hanny’s Voorwerp a cercá-lo.
M31 é a galáxia de Andrómeda, a maior galáxia do chamado Grupo Local de galáxias. É uma galáxia espiral gigante, situada a uma distância de 2,4 milhões de anos-luz.
Fonte da notícia: http://hubblesite.org/newscenter/archive/releases/2015/13/full/