Kepler assinala confirmação do seu 1000º exoplaneta e descobre mais pequenos mundos em zonas habitáveis

2015-01-06

Quadro de honra do Kepler: dos mais de 1000 planetas verificados, dos encontrados pelo telescópio espacial Kepler, oito têm menos do dobro do tamanho da Terra e estão na zona habitável das suas estrelas. Todos os oito orbitam estrelas mais frias e mais pequenas que o Sol. Crédito: NASA.
Quantas estrelas
estrela
Uma estrela é um objecto celeste gasoso que gera energia no seu núcleo através de reacções de fusão nuclear. Para que tal possa suceder, é necessário que o objecto possua uma massa superior a 8% da massa do Sol. Existem vários tipos de estrelas, de acordo com as suas temperaturas efectivas, cores, idades e composição química.
parecidas com o Sol
Sol
O Sol é a estrela nossa vizinha, que se encontra no centro do Sistema Solar. Trata-se de uma estrela anã adulta (dita da sequência principal) de classe espectral G. A temperatura na sua superfície é aproximadamente 5800 graus centígrados e o seu raio atinge os 700 mil quilómetros.
albergarão planetas
planeta
Um planeta é um objecto que se forma no disco que circunda uma estrela em formação e cuja massa é superior à de Plutão (1/500 da massa da Terra) e inferior a 10 vezes a massa de Júpiter. Ao contrário das estrelas, os planetas não produzem luz, apenas reflectem a luz da estrela que orbitam.
como a Terra? O telescópio espacial Kepler, da NASA
National Aeronautics and Space Administration (NASA)
Entidade norte-americana, fundada em 1958, que gere e executa os programas espaciais dos Estados Unidos da América.
, seguiu continuamente mais de 150 mil estrelas e até à data já ofereceu aos cientistas mais de 4000 candidatos a planetas para serem estudados mais a fundo - o 1000º foi agora confirmado.

Usando dados do Kepler, os cientistas chegaram a este marco histórico após confirmarem que mais oito candidatos observados pelo telescópio são, de facto, planetas. A equipa adicionou ainda mais 554 candidatos à lista de potenciais planetas, seis dos quais são quase do tamanho da Terra e orbitam estrelas semelhantes ao nosso sol dentro da chamada zona habitável
Zona Habitável
A zona habitável de uma estrela ou de um sistema solar é a região, definida em termos da distância à estrela, que é compatível com a existência de água no estado líquido na superfície de um planeta aí colocado.
.

Três dos planetas agora confirmados estão localizados na zona habitável dos seus sóis, isto é, orbitam as respectivas estrelas hospedeiras a distâncias em que é possível terem água líquida nas suas superfícies. Dos três, dois são provavelmente rochosos, como a Terra.

"Cada resultado da missão Kepler faz-nos avançar mais um passo em direcção à resposta à questão: estaremos sozinhos no Universo?", disse John Grunsfeld, administrador associado do Science Mission Directorate da NASA, na sede da agência, em Washington. E acrescentou: "A equipa e a comunidade científica do Kepler continuam a produzir resultados impressionantes a partir dos dados obtidos por este venerável explorador."

Para determinarem se um planeta é composto por rocha, água ou gás, os cientistas têm de conhecer o seu tamanho e a sua massa
massa
A massa é uma medida da quantidade de matéria de um dado corpo.
. Quando a massa não pode ser determinada directamente, os cientistas podem inferir a composição do planeta com base no seu tamanho.

Dois dos planetas agora validados, Kepler-438b e Kepler-442b, têm menos de 1,5 vezes o diâmetro da Terra. Kepler-438b está a 475 anos-luz
ano-luz (al)
O ano-luz (al) é uma unidade de distância igual a 9,467305 x 1012 km, que corresponde à distância percorrida pela luz, no vácuo, durante um ano.
de distância, tem uma dimensão superior em 12% à da Terra e realiza uma órbita
órbita
A órbita de um corpo em movimento é a trajectória que o corpo percorre no espaço.
de 35,2 dias em torno da sua estrela. Kepler-442b, a 1100 anos-luz de distância, tem uma dimensão superior em 33% à da Terra e uma órbita de 112 dias.

Tanto Kepler-438b como Kepler-442b orbitam estrelas mais pequenas e mais frias que o Sol, o que se traduz numa a zona habitável mais próxima à estrela-mãe.

"A cada nova descoberta destes pequenos mundos, possivelmente rochosos, aumenta a nossa confiança para conseguirmos obter uma estimativa do número real de planetas como a Terra", disse o co-autor Doug Caldwell, cientista do SETI Institute no Ames Research Center da NASA, em Moffett Field, Califórnia. "No horizonte, já se vislumbra o dia em que iremos saber o quão comuns são os planetas rochosos, como o nosso."

Com a detecção de mais 554 candidatos, a partir das observações realizadas pelo Kepler, entre Maio de 2009 e Abril de 2013, a equipa elevou a contagem para 4175 candidatos a planetas. Oito destes novos candidatos têm entre uma a duas vezes o tamanho da Terra e realizam órbitas na zona habitável dos seus sois. Destes oito, seis orbitam estrelas semelhantes ao Sol em tamanho e temperatura. Todos os candidatos requerem observação e análise de seguimento para se poder ter a certeza se são ou não planetas.

"O Kepler reuniu dados durante quatro anos – o tempo suficiente para que agora possamos distinguir os candidatos do tamanho da Terra em órbitas de um ano terrestre", disse Fergal Mullally, cientista do SETI Institute no Ames, que liderou a análise do catálogo de novos candidatos. "Estamos mais perto do que alguma vez estivemos de encontrar gémeos da Terra em torno de outras estrelas semelhantes ao Sol. São deste tipo os planetas que procuramos."

Está em andamento o trabalho que irá traduzir estas descobertas recentes em estimativas da existência de planetas rochosos nas zonas habitáveis de estrelas como o Sol, um passo fundamental para entendermos o nosso lugar no Universo.

Os cientistas estão também a trabalhar na próxima versão do catálogo de dados de quatro anos de Kepler. A análise incluirá os dados reunidos no último mês pela missão, trabalhados utilizando um software mais sofisticado, mais sensível às ténues assinaturas de pequenos planetas do tamanho da Terra que o software usado no passado.

Este trabalho foi aceite para publicação no The Astrophysical Journal.

Fonte da notícia: http://www.nasa.gov/press/2015/january/nasa-s-kepler-marks-1000th-exoplanet-discovery-uncovers-more-small-worlds-in/#.VKwnmabueyk