Anel de NGC 1291 com estrelas recém-nascidas brilha em infravermelho

2014-10-24

Uma nova imagem do Telescópio Espacial Spitzer, da NASA, obtida em luz infravermelha, mostra onde está a ocorrer a acção na galáxia NGC 1291. O anel externo, de cor vermelha, na imagem, está repleto de novas estrelas que entraram em ignição, aquecendo a poeira que brilha com luz infravermelha. Crédito: NASA/JPL-Caltech.
Há uma nova imagem da galáxia
galáxia
Um vasto conjunto de estrelas, nebulosas, gás e poeira interestelar gravitacionalmente ligados. As galáxias classificam-se em três categorias principais: espirais, elípticas e irregulares.
NGC 1291, obtida pelo telescópio espacial Spitzer
Spitzer Space Telescope
O Telescópio Espacial Spitzer é um telescópio de infravermelhos colocado em órbita pela NASA a 25 de Agosto de 2003. Este telescópio, anteriormente designado por Space InfraRed Telescope Facility (SIRTF), foi re-baptizado em homenagem a Lyman Spitzer, Jr. (1914-1997), um dos grandes astrofísicos norte-americanos do século XX. Espera-se que este observatório espacial contribua grandemente em diversos campos da Astrofísica, como por exemplo na procura de anãs castanhas e planetas gigantes, na descoberta e estudo de discos protoplanetários à volta de estrelas próximas, no estudo de galáxias ultraluminosas no infravermelho e de núcleos de galáxias activas, e no estudo do Universo primitivo.
, da NASA
National Aeronautics and Space Administration (NASA)
Entidade norte-americana, fundada em 1958, que gere e executa os programas espaciais dos Estados Unidos da América.
. Embora esta galáxia seja já muito velha, com cerca de 12 mil milhões de anos, está cercada por um anel fora do comum onde estrelas
estrela
Uma estrela é um objecto celeste gasoso que gera energia no seu núcleo através de reacções de fusão nuclear. Para que tal possa suceder, é necessário que o objecto possua uma massa superior a 8% da massa do Sol. Existem vários tipos de estrelas, de acordo com as suas temperaturas efectivas, cores, idades e composição química.
recém-nascidas estão a entrar em ignição.

"O resto da galáxia já chegou à fase madura", disse Kartik Sheth, do Observatório Nacional de Radioastronomia de Charlottesville, Virgínia. "Mas o anel externo só agora começa a ter estrelas brilhantes."

NGC 1291 está localizada a cerca de 33 milhões de anos-luz
ano-luz (al)
O ano-luz (al) é uma unidade de distância igual a 9,467305 x 1012 km, que corresponde à distância percorrida pela luz, no vácuo, durante um ano.
de distância na constelação
constelação
Designa-se por constelação cada uma das 88 regiões em que se divide a abóbada celeste, por convenção de 1922.
de Eridanus. É uma galáxia barrada, porque a sua região central é dominada por uma longa barra (ou banda) de estrelas (na nova imagem, a barra está dentro do círculo azul e assemelha-se à letra "S").

A barra, formada na fase inicial da galáxia, agita o material em redor, forçando as órbitas
órbita
A órbita de um corpo em movimento é a trajectória que o corpo percorre no espaço.
circulares originais das estrelas e do gás a tornarem-se grandes órbitas radiais, não circulares. Este fenómeno cria ressonâncias - áreas onde o gás é comprimido desencadeando a formação de novas estrelas. A nossa própria galáxia, a Via Láctea
Via Láctea
A Via Láctea é a galáxia de que faz parte o nosso Sistema Solar. Trata-se de uma galáxia espiral gigante, com um diâmetro de cerca de 160 mil anos-luz e uma massa da ordem de 100 mil milhões de vezes a massa do Sol.
, tem uma barra, embora não tão proeminente como a de NGC 1291.

Sheth e seus colegas estão a tentar compreender melhor de que forma estas barras de estrelas regulam os destinos das galáxias. Através do programa do Spitzer S4G (Spitzer Survey of Stellar Structure in Galaxies), um levantamento da estrutura estelar das galáxias, a equipa de Sheth está a analisar as estruturas de mais de 3000 galáxias da vizinhança local. A galáxia mais distante do grupo encontra-se a cerca de 120 milhões de anos-luz – mais ou menos à distância do lançamento de uma pedra, em comparação com a vastidão do espaço.

Os astrónomos estão a documentar os aspectos estruturais das galáxias, incluindo as barras. Pretendem saber não apenas o número de galáxias locais com barra, mas também quais as condições ambientais que podem levar à formação de barras.

"Agora, com o Spitzer, podemos avaliar com precisão a forma e a distribuição de matéria nas estruturas de barra", disse Sheth. "As barras são um produto natural da evolução cósmica e são parte do endosqueleto das galáxias. Procurando neste endosqueleto pistas fossilizadas do seu passado poderemos ter uma visão única da sua evolução."

Na imagem do Spitzer, a cor azul corresponde à luz infravermelha
infravermelho
Região do espectro electromagnético compreendida entre os comprimentos de onda de 0,7 e 350 mícrones. Esta banda permite observar astros, fenómenos, ou processos físicos com temperaturas entre 10 e 5200 graus Kelvin.
de comprimento de onda
comprimento de onda
Designa-se por comprimento de onda a distância entre dois pontos sucessivos de amplitude máxima (ou mínima) de uma onda.
mais curto, e a cor vermelha à de maior comprimento de onda. As estrelas que surgem a azul na região central da galáxia são mais velhas; a maior parte do gás foi usado previamente por gerações anteriores de estrelas. Quando as galáxias são jovens e ricas em gás, as barras estelares conduzem o gás em direcção ao centro, alimentando a formação de estrelas.

Ao longo do tempo, à medida que o combustível se esgota, as regiões centrais tornam-se calmas e a formação estelar desloca-se para as regiões periféricas da galáxia. Aí, ondas de densidade
densidade
Em Astrofísica, densidade é o mesmo que massa volúmica: é a massa por unidade de volume.
espiral e ressonâncias induzidas pela barra central convertem o gás em estrelas. O anel externo, que na imagem surge a vermelho, é uma dessas áreas de ressonância, onde o gás foi aprisionado entrando em ignição num frenesim de formação de estrelas.

Fonte da notícia: http://www.nasa.gov/jpl/spitzer/galactic-wheel-of-life-shines-in-infrared/