Cientistas espaciais da Universidade de Leicester detectaram um sinal curioso no céu de raios-X que pode estar relacionado com a misteriosa natureza da matéria escura.

A equipa encontrou o que parece ser uma assinatura de "axiões”, candidatos a partículas elementares de matéria escura, a matéria que tem sido um enigma para a ciência.

Num estudo que será publicado a 20 de Outubro na revista Monthly Notices da Royal Astronomical Society, os cientistas da Universidade de Leicester descrevem a descoberta de um sinal de que não tem explicação convencional.

Como escreveu o primeiro autor, o Professor George Fraser, que infelizmente faleceu em Março deste ano: "A detecção directa da matéria escura tem vindo a preocupar a física desde há mais de trinta anos." A matéria escura, uma espécie de massa invisível de origem desconhecida, não pode ser observada directamente com telescópios, mas é inferida a partir dos seus efeitos gravitacionais sobre a matéria comum e sobre a luz. Julga-se que a matéria escura representa 85% da matéria do Universo.

"A emissão de raios-X de fundo – que se detecta no céu, depois das fontes de raios-X brilhantes terem sido removidas - parece inalterada sempre que a observamos", explicou o Dr. Andy Read, também do Departamento de Física e Astronomia da Universidade de Leicester, e agora o principal autor do artigo. "No entanto, descobrimos um sinal sazonal nesta emissão de fundo que não tem nenhuma explicação convencional, mas que é consistente com a descoberta de axiões."

Este resultado foi encontrado através do estudo exaustivo de quase todo o arquivo de dados do XMM-Newton, o observatório de raios-X da Agência Espacial Europeia e que celebra, em Dezembro, o seu 15º aniversário em órbita. As pesquisas de axiões realizadas anteriormente, sobretudo no CERN e com outros observatórios espaciais em órbita, não foram, até agora, tão bem sucedidas.

Como o professor Fraser explica no artigo: "Parece plausível que os axiões – candidatos a partículas de matéria escura - sejam na realidade produzidos no núcleo do Sol e que se convertam em raios-X no campo magnético da Terra". Prevê-se que o sinal de raios-X devido aos axiões seja maior quando se olha através do lado virado para o Sol do campo magnético, porque é aqui que o campo é mais forte.

O Dr Read conclui: "Estas emocionantes descobertas, no artigo final de George Fraser, podem ser deveras inovadoras, abrindo potencialmente uma janela para uma nova física, e podem vir a ter enormes implicações, não só na compreensão do verdadeiro céu de raios-X, mas também na identificação da matéria escura que domina a quantidade de massa do cosmos.”

O Professor Martin Barstow, presidente da Royal Astronomical Society, também pró vice-reitor, presidente do Colégio de Ciências e Engenharia e professor de Astrofísica e Ciências Espaciais na Universidade de Leicester, disse: "Este é um resultado surpreendente Se confirmado, será a primeira detecção directa e identificação das partículas de matéria escura e terá um impacto fundamental nas teorias do Universo."

Fonte da notícia: http://www.ras.org.uk/news-and-press/2524-curious-signal-hints-at-dark-matter