Hubble revela que as galáxias anãs formaram uma grande percentagem das estrelas do Universo

2014-06-19

Escondidas entre milhares de galáxias estão as pequeníssimas galáxias anãs, que residem no início do Universo, entre os 2 e os 6 mil milhões de anos após o Big Bang, um período importante durante o qual a maioria das estrelas do Universo se formou. Algumas destas galáxias estão a passar por surtos de formação de estrelas. Crédito: NASA e ESA.
Novas observações realizadas com o Telescópio Espacial Hubble
Hubble Space Telescope (HST)
O Telescópio Espacial Hubble é um telescópio espacial que foi colocado em órbita da Terra em 1990 pela NASA, em colaboração com a ESA. A sua posição acima da atmosfera terrestre permite-lhe observar os objectos astronómicos com uma qualidade ímpar.
mostram que as pequenas galáxias
galáxia
Um vasto conjunto de estrelas, nebulosas, gás e poeira interestelar gravitacionalmente ligados. As galáxias classificam-se em três categorias principais: espirais, elípticas e irregulares.
, também conhecidas como galáxias anãs, são responsáveis pela formação de uma grande percentagem das estrelas
estrela
Uma estrela é um objecto celeste gasoso que gera energia no seu núcleo através de reacções de fusão nuclear. Para que tal possa suceder, é necessário que o objecto possua uma massa superior a 8% da massa do Sol. Existem vários tipos de estrelas, de acordo com as suas temperaturas efectivas, cores, idades e composição química.
do Universo.

Estudar a história do Universo entre os 3,5 e os 6 mil milhões de anos após o seu início é fundamental para se poder compreender melhor como as estrelas se formaram e como as galáxias cresceram e evoluíram nesse período. O resultado confirma uma investigação que durou uma década e que pretendia saber se havia uma ligação entre a massa
massa
A massa é uma medida da quantidade de matéria de um dado corpo.
de uma galáxia e a sua actividade de formação de estrelas, e ajuda ainda a traçar uma imagem consistente de eventos no início do Universo.

"Nós já suspeitávamos que este tipo de galáxias tinha contribuído para a primeira vaga de formação de estrelas, mas pela primeira vez fomos capazes de medir o contributo que realmente tiveram", disse Hakim Atek, da Escola Politécnica Federal de Lausanne (EPFL), na Suíça, principal autor do estudo publicado na edição on-line de 19 de Junho do The Astrophysical Journal. "Tudo indica que desempenharam um enorme e surpreendente papel."

Os estudos anteriores de galáxias com formação de estrelas restringiam-se à análise de galáxias com massa intermédia ou elevada, deixando de fora as inúmeras galáxias anãs que existiam nesta época tão prolífica em formação estelar. Os astrónomos conduziram o recente estudo usando dados da Wide Field Camera 3 do Hubble (WFC3) e analisando uma amostra de galáxias com enorme formação de estrelas no Universo jovem, dando mais um significativo passo em frente na compreensão desta época fecunda. As galáxias com enorme formação estelar (starburst galaxies) geram estrelas a uma taxa elevadíssima, muito acima dos valores que os especialistas consideram representarem uma taxa normal.

As potencialidades da WFC3 no infravermelho
infravermelho
Região do espectro electromagnético compreendida entre os comprimentos de onda de 0,7 e 350 mícrones. Esta banda permite observar astros, fenómenos, ou processos físicos com temperaturas entre 10 e 5200 graus Kelvin.
deram aos astrónomos a possibilidade de finalmente calcularem o contributo destas galáxias anãs, de pouca massa, para a população de estrelas do Universo.

"Estas galáxias estão a formar estrelas tão rapidamente que poderiam mesmo duplicar a sua massa total de estrelas em apenas 150 milhões anos – numa escala de tempo astronómico incrivelmente pequena", acrescenta o co-autor Jean-Paul Kneib, também da EPFL.

Os investigadores dizem que na maioria das galáxias "normais” um tão grande crescimento levaria de 1 a 3 mil milhões de anos a acontecer.

Além de dar uma nova perspectiva de como e onde as estrelas se formaram no nosso Universo, esta última descoberta também pode ajudar a desvendar os segredos da evolução galáctica. As galáxias evoluem através de processos complexos. À medida que se fundem, são consumidas por estrelas recém-formadas que se alimentam da mistura dos seus gases, e as explosões de estrelas e os buracos negros
buraco negro
Um buraco negro é um objecto cuja gravidade é tão forte que a sua velocidade de escape é superior à velocidade da luz. Em Astronomia, distinguem-se dois tipos de buraco negro: os buracos negros estelares, que resultam da morte de uma estrela de massa elevada, e os buracos negros galácticos, que existem no centro das galáxias activas.
gigantes emitem material galáctico - um processo que esgota a massa de uma galáxia.

É raro encontrar-se uma galáxia em estado de surto de formação estelar, o que sugere que este tipo de galáxias são resultado de um incidente fora do comum ocorrido no passado, como uma fusão
fusão
1- passagem do estado sólido ao líquido, por efeito do calor; 2- junção, união.
violenta.

Fonte da notícia: http://www.nasa.gov/press/2014/june/nasas-hubble-finds-dwarf-galaxies-formed-more-than-their-fair-share-of-universes/