O Observatório Espacial Herschel descobriu um estranho anel de matéria e poeira durante um dos mais nítidos exames realizados até à data a uma enorme nuvem de gás e poeira, denominada NGC 7538. As observações revelaram 13 aglomerados de matéria, dos quais uma boa parte pode evoluir para os mais poderosos tipos de estrelas do Universo. O Herschel é uma missão da Agência Espacial Europeia, com importantes contribuições da NASA.

"Observámos NGC 7538 com o Herschel e identificámos 13 grandes grupos densos, onde no futuro se poderão formar estrelas colossais", disse Cassandra Fallscheer, professora visitante de astronomia no Whitman College, em Walla Walla, Washington, principal autora do artigo publicado no The Astrophysical Journal. "Encontramos ainda uma gigantesca estrutura em anel, e o estranho é não estarmos de todo certos do que a terá criado."

NGC 7538, localizada na constelação de Cepheus, está relativamente próxima, a uma distância de cerca de 8800 anos-luz da Terra. A nuvem, que tem uma massa da ordem dos 400 mil sóis, está a passar por uma intensa fase de formação de estrelas. Os astrónomos estudam os berçários estelares, como NGC 7538, para aprenderem melhor como as estrelas se formam. Encontrar o anel misterioso foi, neste caso, um bónus inesperado.

O frio anel de poeira tem forma oval, com o eixo maior a ocupar cerca de 35 anos-luz e o eixo menor cerca de 25 anos-luz, e uma massa de 500 sóis, estimada por Fallscheer e seus colegas. Dados adicionais do telescópio James Clerk Maxwell, situado no Observatório de Mauna Kea, no Havai, ajudaram ainda a caracterizar o estranho ovóide. Os astrónomos vêem muitas vezes estruturas em anel e semelhantes a bolhas em nuvens de poeira cósmica. Os ventos fortes provocados pelas estrelas de maior massa, estrelas de tipo O, bem como pelas suas mortes explosivas como supernovas, podem gerar essas estruturas em expansão. Mas no centro deste anel não há evidências de nenhuma fonte energética, nem do remanescente de uma estrela de tipo O que explodiu, como uma estrela de neutrões. É possível que uma grande estrela tenha gerado a bolha e, porque as estrelas estão em movimento, abandonado posteriormente o local, escapando à detecção.

As observações foram realizadas como parte do programa HOBYS (Herschel OB Young Stellar objects). O "OB" refere-se aos dois tipos de estrelas de maior massa, tipo O e tipo B. Estas estrelas azuis, brilhantes, super quentes e de vida curta acabam explodindo como supernovas, deixando para trás ou estrelas de neutrões extremamente densas ou mesmo buracos negros ainda mais densos.

Estrelas deste calibre formam-se a partir de aglomerados de poeira e gás, com massas iniciais dezenas de vezes maiores do que a do Sol; os 13 aglomerados detectados em NGC 7358, alguns dos quais se encontram ao longo da borda do misterioso anel, têm todos massa superior a 40 massas solares. Os aglomerados colapsam gravitacionalmente sobre si próprios, tornando os seus núcleos mais densos e mais quentes até a fusão nuclear ter início, levando ao nascimento de uma estrela. Por enquanto, na fase inicial do processo de formação estelar, os aglomerados permanecem bastante frios, apenas algumas dezenas de graus acima do zero absoluto e, a estas temperaturas, emitem a maior parte de sua radiação nas baixas frequências, submillimétricas e da luz infravermelha, que o Herschel foi especificamente projectado para detectar.

Observações de acompanhamento com outros telescópios também deverão ajudar a resolver o enigma do anel de poeira gigante. "Serão necessárias mais pesquisas para determinar o mecanismo responsável pela criação da estrutura do anel”, disse Fallscheer.

Fonte da notícia: http://www.nasa.gov/jpl/herschel/budding-stars-giant-strange-ring/