Hubble revela a imagem mais profunda e colorida do Universo

2014-06-04

A visão mais abrangente do universo em evolução – uma das imagens do espaço profundo mais coloridas capturadas pelo Hubble. Este estudo, que inclui a luz ultravioleta, fornece o elo perdido na formação de estrelas. Crédito: NASA/ESA.
Com a ajuda do Telescópio Espacial Hubble
Hubble Space Telescope (HST)
O Telescópio Espacial Hubble é um telescópio espacial que foi colocado em órbita da Terra em 1990 pela NASA, em colaboração com a ESA. A sua posição acima da atmosfera terrestre permite-lhe observar os objectos astronómicos com uma qualidade ímpar.
, que já completou 24 anos, os astrónomos conseguiram obter a imagem mais colorida do espaço profundo - uma imagem abrangente do Universo em evolução.

Num novo estudo - Cobertura Ultravioleta do Campo Ultra Profundo do Hubble - os investigadores referem que a imagem fornece o elo perdido na formação de estrelas
estrela
Uma estrela é um objecto celeste gasoso que gera energia no seu núcleo através de reacções de fusão nuclear. Para que tal possa suceder, é necessário que o objecto possua uma massa superior a 8% da massa do Sol. Existem vários tipos de estrelas, de acordo com as suas temperaturas efectivas, cores, idades e composição química.
. A imagem do campo ultra profundo do Hubble 2014 é uma composição de exposições separadas tomadas entre 2003 a 2012 com a Advanced Camera for Surveys e a Wide Field Camera 3 do Hubble.

Os astrónomos estudaram previamente o Campo Ultra Profundo do Hubble – HUDF (Hubble Ultra Deep Field) em luz visível
radiação visível
A radiação visível é a região do espectro electromagnético que os nossos olhos detectam, compreendida entre os comprimentos de onda de 350 e 700 nm (frequências entre 4,3 e 7,5x1014Hz). Os nossos olhos distinguem luz visível de frequências diferentes, desde a luz violeta (radiação com comprimentos de onda ~ 400 nm), até à luz vermelha (com comprimentos de onda ~ 700 nm), passando pelo azul, anil, verde, amarelo e laranja.
e no infravermelho próximo
infravermelho próximo
Região do espectro electromagnético compreendida entre os comprimentos de onda de 0,7 e 5 mícrones. Esta banda permite observar astros ou fenómenos com temperaturas entre 740 e 5200 graus Kelvin.
numa série de imagens capturadas entre 2003 e 2009. O HUDF mostra uma pequena parte do céu na constelação
constelação
Designa-se por constelação cada uma das 88 regiões em que se divide a abóbada celeste, por convenção de 1922.
da Fornalha no hemisfério sul. Agora, usando a luz ultravioleta
ultravioleta
O ultravioleta á a banda do espectro electromagnético que cobre a gama de comprimentos de onda entre os 91,2 e os 350 nanómetros. Esta radiação é largamente bloqueada pela atmosfera terrestre.
, os astrónomos combinaram toda a gama de comprimentos de onda
comprimento de onda
Designa-se por comprimento de onda a distância entre dois pontos sucessivos de amplitude máxima (ou mínima) de uma onda.
disponíveis para o Hubble, que se estende do ultravioleta ao infravermelho
infravermelho
Região do espectro electromagnético compreendida entre os comprimentos de onda de 0,7 e 350 mícrones. Esta banda permite observar astros, fenómenos, ou processos físicos com temperaturas entre 10 e 5200 graus Kelvin.
. A imagem resultante - feita a partir de 841 órbitas
órbita
A órbita de um corpo em movimento é a trajectória que o corpo percorre no espaço.
do telescópio - contém cerca de 10 mil galáxias
galáxia
Um vasto conjunto de estrelas, nebulosas, gás e poeira interestelar gravitacionalmente ligados. As galáxias classificam-se em três categorias principais: espirais, elípticas e irregulares.
, indo atrás no tempo até algumas centenas de milhões de anos após o Big Bang.

Antes deste estudo do Universo - Cobertura Ultravioleta do Campo Ultra Profundo do Hubble - os astrónomos estavam numa situação curiosa. Missões como a GALEX (Galaxy Evolution Explorer), da NASA
National Aeronautics and Space Administration (NASA)
Entidade norte-americana, fundada em 1958, que gere e executa os programas espaciais dos Estados Unidos da América.
, observatório que operou entre 2003 e 2013, forneceram um conhecimento significativo da formação de estrelas em galáxias próximas. Usando as potencialidades do Hubble no infravermelho próximo, os investigadores também puderam estudar o nascimento de estrelas em galáxias mais distantes, que nos surgem nos seus estágios mais primitivos, devido à enorme quantidade de tempo necessária para que a luz das estrelas distantes chegue até nós. Mas para o período intermédio, no qual a maioria das estrelas do Universo nasceu - uma distância que vai dos 5 aos 10 mil milhões de anos-luz
ano-luz (al)
O ano-luz (al) é uma unidade de distância igual a 9,467305 x 1012 km, que corresponde à distância percorrida pela luz, no vácuo, durante um ano.
– não havia dados suficientes.

"A falta de informação na luz ultravioleta fez com que o estudo das galáxias no HUDF fosse parecido com tentar entender a história de uma família sem saber nada sobre as crianças em idade escolar", disse o investigador principal, Harry Teplitz, da Caltech, em Pasadena, Califórnia. "O ultravioleta dá-nos a informação que faltava."

A luz ultravioleta é proveniente das estrelas maiores, mais quentes e mais jovens. Observando nestes comprimentos de onda, os investigadores podem ver directamente as galáxias que estão a formar estrelas, bem como onde as estrelas se formam dentro dessas galáxias.

O estudo das imagens ultravioleta das galáxias neste período de tempo intermédio levará os astrónomos a entenderem como as galáxias cresceram em tamanho, formando pequenos conjuntos de estrelas muito quentes. Como a atmosfera terrestre
atmosfera terrestre
A atmosfera terrestre é composta por um conjunto de camadas gasosas que envolvem a Terra. Estas camadas são designadas por Troposfera (da superfície da Terra até cerca de 10 km de altitude), Estratosfera (10 - 50 km), Mesosfera (50 - 100 km), Termosfera (100 - 400 km) e Exosfera (acima dos 400 km).
filtra principalmente a luz ultravioleta, este trabalho só pode ser realizado com um telescópio espacial.

"Pesquisas em ultravioleta, como esta, usando as potencialidades únicas do Hubble são extremamente importantes no planeamento do Telescópio Espacial James Webb, da NASA", disse o Dr. Rogier Windhorst, membro da equipa, da Universidade Estadual do Arizona em Tempe. "O Hubble fornece um inestimável conjunto de dados no ultravioleta que os investigadores precisarão de combinar com dados infravermelhos do Webb. Esta é a primeira imagem ultravioleta realmente profunda que mostra o poder dessa combinação."

A imagem pode ser vista em detalhe, aqui: http://hubblesite.org/newscenter/archive/releases/2014/27/

Fonte da notícia: http://www.nasa.gov/press/2014/june/hubble-team-unveils-most-colorful-view-of-universe-captured-by-space-telescope/index.html