De acordo com um artigo publicado a 3 de Abril na revista Nature, uma equipa internacional de cientistas planetários determinou que a Lua se formou aproximadamente 95 milhões de anos após o nascimento do Sistema Solar. Esta conclusão baseia-se em medições do interior da Terra, combinadas com simulações de computador do disco protoplanetário a partir do qual a Terra e outros planetas terrestres se formaram.

A equipa de investigadores da França, Alemanha e Estados Unidos simulou o crescimento dos planetas terrestres (Mercúrio, Vénus, Terra e Marte) a partir do disco planetário, com milhares de blocos de construção, que orbitava o Sol. Analisando o crescimento dos planetas como a Terra em 259 simulações, os cientistas descobriram uma relação entre o momento em que o nosso planeta sofreu o impacto de um objecto do tamanho de Marte, que provocou a criação da Lua, e a quantidade de matéria que a Terra ganhou após esse impacto.

À simulação de computador foram acrescentados detalhes sobre a massa que a Terra ganhou por acreção após a formação da Lua, o que revelou uma relação que funciona como um relógio capaz de datar o evento de formação do nosso satélite natural. Este é o primeiro "relógio geológico" na história do Sistema Solar, que não depende de medições e interpretações do decaimento radioactivo de núcleos atómicos para determinar a idade.

"Tínhamos grandes expectativas de encontrar um “relógio” que nos indicasse quando se formou a Lua e que não dependesse dos métodos de datação radiométrica", disse Seth Jacobson, do Observatório da Cote d'Azur, em Nice, França, principal autor do artigo da Nature.

A estimativa da massa que a Terra ganhou por acreção após o impacto relacionado com formação da Lua foi obtida através de estudos publicados anteriormente. Com efeito, outros cientistas já haviam demonstrado que a abundância de elementos siderófilos (elementos químicos que se ligam facilmente ao ferro) no manto da Terra é directamente proporcional à massa acrescentada à Terra após o impacto.

A partir destas medidas geoquímicas, obteve-se a data da formação da Lua: 95 ± 32 milhões de anos após o nascimento do Sistema Solar. A estimativa está em conformidade com algumas interpretações de medidas de datação radioactiva, mas não com outras. Como o novo método de datação é uma medida independente e directa da idade da Lua, ele ajuda a decidir que medições de datação radioactiva são mais úteis na resolução deste problema de longa data.

"O resultado é emocionante porque nas mesmas simulações que, com sucesso, formam Marte em apenas 2 a 5 milhões de anos é também possível formar a Lua em 100 milhões de anos. Estas escalas de tempo tão diferentes têm sido muito difíceis de capturar em simulações", diz Kevin Walsh, da Divisão de Engenharia e Ciência Espacial do Southwest Research Institute (SwRI).

A pesquisa foi financiada pelo Conselho Europeu de Investigação e pelo Laboratório Planetário Virtual de Astrobiologia da NASA, bem como por outros programas de Geologia e Geofísica Planetárias.

O artigo tem a autoria de Seth Jacobson, Alessandro Morbidelli, Sean Raymond, David O'Brien, Kevin Walsh e David Rubie.

Fonte da notícia: http://www.swri.org/9what/releases/2014/geo-clock.htm#.Uz1C1Mdql1R