Hubble e Galaxy Zoo descobrem que galáxias de barra e galáxias bebé não se misturam

2014-01-17

Imagem, obtida pelo Hubble, da galáxia espiral com barra NGC 1300, localizada a 61 milhões de anos-luz, na constelação de Eridanus. Crédito: HST/NASA/ESA.
Aproveitando as potencialidades do Telescópio Espacial Hubble
Hubble Space Telescope (HST)
O Telescópio Espacial Hubble é um telescópio espacial que foi colocado em órbita da Terra em 1990 pela NASA, em colaboração com a ESA. A sua posição acima da atmosfera terrestre permite-lhe observar os objectos astronómicos com uma qualidade ímpar.
e através do projecto de ciência do cidadão Galaxy Zoo, cientistas da Universidade de Portsmouth descobriram que a configuração de barra em galáxias
galáxia
Um vasto conjunto de estrelas, nebulosas, gás e poeira interestelar gravitacionalmente ligados. As galáxias classificam-se em três categorias principais: espirais, elípticas e irregulares.
espirais acelera o processo de envelhecimento da galáxia.

Os astrónomos descobriram que a fracção de galáxias espirais com configuração em barra duplicou nos últimos oito mil milhões de anos, ou seja, na segunda metade da história do Universo. Estes resultados, os primeiros do projecto Galaxy Zoo - Hubble, foram publicados na revista Monthly Notices da Royal Astronomical Society.

Tom Melvin, investigador de pós-graduação da Universidade de Portsmouth, liderou o novo estudo como parte do seu trabalho de tese. Ele e o resto da equipa de ciência do Galaxy Zoo usaram classificações fornecidas por cidadãos cientistas para seleccionarem galáxias espirais de todo o Universo para o estudo. A luz das galáxias mais distantes levou oito mil milhões de anos a chegar até nós, por isso, vemo-las como elas eram há oito mil milhões de anos, quando o cosmos
Cosmos
O conjunto de tudo quanto existiu, existe e alguma vez existirá. A larga escala, o Universo parece ser isotrópico e homogéneo.
tinha pouco mais de metade da sua idade actual. Desta forma, os astrónomos podem estudar as alterações nas características das galáxias ao longo do tempo.

Muitas galáxias espirais (como a Via Láctea
Via Láctea
A Via Láctea é a galáxia de que faz parte o nosso Sistema Solar. Trata-se de uma galáxia espiral gigante, com um diâmetro de cerca de 160 mil anos-luz e uma massa da ordem de 100 mil milhões de vezes a massa do Sol.
, em que vivemos) têm configurações centrais em forma de barra. Estas estruturas são compostas por estrelas
estrela
Uma estrela é um objecto celeste gasoso que gera energia no seu núcleo através de reacções de fusão nuclear. Para que tal possa suceder, é necessário que o objecto possua uma massa superior a 8% da massa do Sol. Existem vários tipos de estrelas, de acordo com as suas temperaturas efectivas, cores, idades e composição química.
e os braços em espiral estendem-se a partir das extremidades da barra.

Estudando de que forma a fracção de galáxias espirais com barra mudou ao longo do tempo, o grupo de Melvin descobriu que, há 8 mil milhões anos, apenas 11% das galáxias espirais tinham barra, mas que há 2,5 mil milhões de anos essa proporção tinha passado para o dobro. No Universo actual, dois terços das galáxias têm barra, e quanto mais massa
massa
A massa é uma medida da quantidade de matéria de um dado corpo.
tiver uma galáxia, maior é a probabilidade de ela ter barra.

"Este resultado é muito interessante, e foi possível graças às contribuições de cidadãos cientistas que, mais uma vez, estão a ajudar a pesquisa astronómica de vanguarda dedicando o seu tempo à classificação de galáxias no Galaxy Zoo" referiu Melvin.

O novo trabalho também confirma que a existência de barras significa maturidade para as galáxias espirais e pode desempenhar um papel importante no cessar da formação de novas estrelas. Algumas das galáxias espirais com mais massa terminaram a formação de novas estrelas relativamente cedo na história do Universo.

Karen Mestres, também da Universidade de Portsmouth e cientista do projecto Galaxy Zoo, disse ainda: "Parece que as barras são realmente prejudiciais para as galáxias espirais. À medida que a barra vai crescendo numa galáxia, a probabilidade de nascerem novas estrelas é menor e a galáxia vai assentando numa maturidade serena."

O Galaxy Zoo é um projecto Zooniverse para a classificação de galáxias de acordo com suas formas.
O Zooniverse é um conjunto de projectos de ciência do cidadão com base na Web que recorre ao esforço e à capacidade de voluntários para ajudar os investigadores a lidar com a imensa quantidade de dados com que são confrontados nas suas pesquisas e trabalhos.

Para saber mais sobre o Galaxy Zoo, aceda ao link: http://www.galaxyzoo.org/

Fonte da notícia: http://www.ras.org.uk/news-and-press/news-archive/254-news-2014/2383-hubble-and-galaxy-zoo-find-bars-and-baby-galaxies-don-t-mix