Encontrados minerais tipo-argila na crusta gelada de Europa

2013-12-12

Imagem que mostra a primeira detecção de minerais tipo-argila na superfície de Europa, lua de Júpiter. Os minerais tipo-argila aparecem em azul na zona de cores falsas. Dados do Near-Infrared Mapping Spectrometer da Galileu. Crédito: NASA/JPL-Caltech/SETI.
Uma nova análise de dados provenientes da missão Galileu, da NASA
National Aeronautics and Space Administration (NASA)
Entidade norte-americana, fundada em 1958, que gere e executa os programas espaciais dos Estados Unidos da América.
, que terminou em Setembro de 2003, revelou minerais tipo-argila na superfície de Europa, a lua gelada de Júpiter
Júpiter
Júpiter é o quinto planeta mais próximo do Sol. Com um diâmetro cerca de 11 vezes maior do que a Terra e uma massa mais de 300 vezes superior, é o maior planeta do Sistema Solar e o primeiro dos planetas gigantes gasosos.
, que parecem ter sido depositados por uma espectacular colisão de um asteróide
asteróide
Um asteróide é um pequeno corpo rochoso que orbita em torno do Sol, com uma dimensão que pode ir desde os 100 m até aos 1000 km. A maioria dos asteróides encontra-se entre as órbitas de Marte e de Júpiter. Também são designados por planetas menores.
ou cometa
cometa
Os cometas são pequenos corpos irregulares, compostos por gelos (de água e outros) e poeiras. Os cometas têm órbitas de grande excentricidade à volta do Sol. As estruturas mais importantes dos cometas são o núcleo, a cabeleira e as caudas.
. É a primeira vez que estes minerais são detectados na superfície de Europa. As rochas celestes que fornecem tais minerais também costumam carregar consigo materiais orgânicos.

"Os materiais orgânicos, importantes blocos de construção da vida, são encontrados com frequência
frequência
Num fenómeno periódico, a frequência é o número de ciclos por unidade de tempo.
em cometas e asteróides primitivos", afirmou Jim Shirley, investigador do Laboratório de Propulsão a Jacto (JPL) da NASA, em Pasadena, Califórnia. Shirley dá uma palestra sobre este tema no encontro da American Geophysical Union, em São Francisco, a 13 de Dezembro. "Encontrar os resíduos rochosos da colisão deste cometa na superfície de Europa pode abrir um novo capítulo na história da procura de vida nesta lua de Júpiter", acrescentou.

Muitos cientistas acreditam que Europa é o melhor local para descobrir vida no Sistema Solar
Sistema Solar
O Sistema Solar é constituído pelo Sol e por todos os objectos que lhe estão gravitacionalmente ligados: planetas e suas luas, asteróides, cometas, material interplanetário.
. Com efeito, Europa possui um oceano subterrâneo em contacto com a rocha, uma superfície de gelo que se mistura com o oceano em baixo, sais à superfície que criam um gradiente de energia, e uma fonte de calor
calor
O calor é energia em trânsito entre dois corpos ou sistemas.
(a flexão - alongamento e contracção - que ocorre devido à gravidade de Júpiter). Estas condições terão provavelmente existido logo após Europa ter surgido no Sistema Solar.

Os cientistas já há muito que consideram poder haver materiais orgânicos em Europa, embora ainda não os tenham detectado directamente. Uma das hipóteses é a de que a matéria orgânica lá chegou através de impactos de cometas ou asteróides, e esta nova descoberta apoia essa hipótese.

Shirley e os seus colegas, financiados pelo programa NASA Outer Planets Research, foram capazes de ver minerais tipo-argila, denominados filossilicatos, em imagens do infravermelho próximo
infravermelho próximo
Região do espectro electromagnético compreendida entre os comprimentos de onda de 0,7 e 5 mícrones. Esta banda permite observar astros ou fenómenos com temperaturas entre 740 e 5200 graus Kelvin.
tomadas em 1998 pela Galileu. Essas imagens são de baixa resolução para os padrões actuais e o grupo de Shirley está a aplicar uma nova técnica para extrair das imagens cheias de ruído um sinal mais forte para estes materiais. Os filossilicatos surgem num anel quebrado, com aproximadamente 40 quilómetros de largura, que está a cerca de 120 quilómetros do centro de uma cratera com 30 quilómetros de diâmetro.

A melhor explicação para este padrão em anel é que se trata de detritos de material ejectado por um cometa ou asteróide que atingiu a superfície num ângulo de aproximadamente 45 graus com a vertical. Um ângulo raso permitiria que algum material original do cometa ou asteróide caísse de volta na superfície. Uma colisão mais frontal provavelmente pulverizaria ou levaria os materiais do objecto para debaixo da superfície. É difícil imaginar de que forma os filossilicatos no interior de Europa poderiam chegar à superfície, devido à crusta gelada da lua, que os cientistas calculam poder ter até 100 quilómetros de espessura em algumas áreas.

Se o corpo era um asteróide, teria provavelmente 1100 metros de diâmetro. Tratando-se de um cometa, teria cerca de 1700 metros de diâmetro - um tamanho semelhante ao do ISON antes de passar ao redor do Sol
Sol
O Sol é a estrela nossa vizinha, que se encontra no centro do Sistema Solar. Trata-se de uma estrela anã adulta (dita da sequência principal) de classe espectral G. A temperatura na sua superfície é aproximadamente 5800 graus centígrados e o seu raio atinge os 700 mil quilómetros.
, há algumas semanas.

"Entendermos a composição de Europa será a chave para decifrarmos a sua história e a sua potencial habitabilidade", disse Bob Pappalardo do JPL, cientista para uma proposta missão a Europa. "Uma missão futura a Europa será capaz de definir especificidades da sua composição química bem como as suas implicações na possibilidade de esta lua poder hospedar vida."

Fonte da notícia: http://www.nasa.gov/jpl/news/europa-clay-like-minerals-20131211.html#.Uqml1I1kLOo