Spitzer e ALMA revelam bolhas brilhantes em expansão no nascimento de uma estrela

2013-11-13

Nesta imagem, a luz de menor comprimento de onda aparece a azul e a de maior comprimento de onda a vermelho. Os azuis revelam o gás que recebeu energia dos jactos que saem da estrela. Os verdes indicam uma combinação de moléculas de hidrogénio e poeira que acompanha a borda da nuvem de gás que envolve a jovem estrela. As áreas avermelhadas, criadas por monóxido de carbono excitado, revelam que o gás nas duas bolhas, empurrado pelos jactos provenientes da estrela, se expande mais rapidamente do que se pensava. Crédito: NASA/JPL-Caltech/ALMA.
Observações combinadas, realizadas pelo telescópio espacial Spitzer
Spitzer Space Telescope
O Telescópio Espacial Spitzer é um telescópio de infravermelhos colocado em órbita pela NASA a 25 de Agosto de 2003. Este telescópio, anteriormente designado por Space InfraRed Telescope Facility (SIRTF), foi re-baptizado em homenagem a Lyman Spitzer, Jr. (1914-1997), um dos grandes astrofísicos norte-americanos do século XX. Espera-se que este observatório espacial contribua grandemente em diversos campos da Astrofísica, como por exemplo na procura de anãs castanhas e planetas gigantes, na descoberta e estudo de discos protoplanetários à volta de estrelas próximas, no estudo de galáxias ultraluminosas no infravermelho e de núcleos de galáxias activas, e no estudo do Universo primitivo.
da NASA
National Aeronautics and Space Administration (NASA)
Entidade norte-americana, fundada em 1958, que gere e executa os programas espaciais dos Estados Unidos da América.
e pelo recentemente concluído ALMA
Atacama Large Millimeter Array (ALMA)
O ALMA é um interferómetro no domínio do rádio, mais precisamente, do milímetro e submilímetro. O instrumento, ainda em construção, situa-se a 5000 metros de altitude na planície de Chajnantor, em plenos Andes chilenos, e será constituído por 64 antenas de 12 m de diâmetro. A sua função principal será observar regiões frias do Universo, que são opticamente opacas. O ALMA é uma parceria da Europa com a América do Norte, em cooperação com o Chile.
(Atacama Large Millimeter/Submillimeter Array) no Chile, revelaram, como nunca antes havia sido possível, pormenores de um parto estelar que está a ter lugar no bem estudado objecto conhecido como HH 46/47.

Os objectos HH (Herbig-Haro) formam-se quando jactos expelidos por estrelas
estrela
Uma estrela é um objecto celeste gasoso que gera energia no seu núcleo através de reacções de fusão nuclear. Para que tal possa suceder, é necessário que o objecto possua uma massa superior a 8% da massa do Sol. Existem vários tipos de estrelas, de acordo com as suas temperaturas efectivas, cores, idades e composição química.
recém-nascidas colidem com a matéria circundante, produzindo pequenas regiões nebulosas
nebulosa
Uma nebulosa é uma nuvem de gás e poeira interestelares.
brilhantes. A dinâmica de muitos objectos HH está escondida dos nossos olhos pelo gás e poeira envolventes. Mas os comprimentos de onda
comprimento de onda
Designa-se por comprimento de onda a distância entre dois pontos sucessivos de amplitude máxima (ou mínima) de uma onda.
infravermelhos
infravermelho
Região do espectro electromagnético compreendida entre os comprimentos de onda de 0,7 e 350 mícrones. Esta banda permite observar astros, fenómenos, ou processos físicos com temperaturas entre 10 e 5200 graus Kelvin.
e submilimétricos conseguem furar a escura nuvem cósmica em torno de HH 46/47 para serem captados, respectivamente, pelo Spitzer e pelo ALMA, deixando-nos ver o que está a acontecer.

As observações do Spitzer mostram jactos supersónicos gémeos a emanar da estrela na região central, que afastam violentamente o gás circundante e o reconfiguram em duas bolhas brilhantes. Acontece que HH 46/47 se situa no bordo da sua nuvem envolvente, de tal forma que os jactos passam por dois ambientes cósmicos diferentes. O jacto que se dirige para a direita, para dentro da nuvem, lavra através de uma barreira de material, enquanto o jacto que se dirige para a esquerda, para fora da nuvem, tem o caminho relativamente desobstruído, passando através de uma menor quantidade de material. Esta orientação é boa para os cientistas, oferecendo uma configuração útil que permite comparar e analisar os contrastes da interacção dos fluxos provenientes de uma estrela em desenvolvimento com o ambiente em seu redor.

"Estrelas jovens como o Sol
Sol
O Sol é a estrela nossa vizinha, que se encontra no centro do Sistema Solar. Trata-se de uma estrela anã adulta (dita da sequência principal) de classe espectral G. A temperatura na sua superfície é aproximadamente 5800 graus centígrados e o seu raio atinge os 700 mil quilómetros.
precisam de expulsar algum do gás que cai sobre elas para se tornarem estáveis, e HH 46/47 é um excelente laboratório para estudar este processo de expulsão", disse Alberto Noriega-Crespo, cientista do Centro de Análise e Processamento de Infravermelhos do Instituto de Tecnologia da Califórnia, em Pasadena. "Graças ao Spitzer, o fluxo de saída de HH 46/47 é considerado um dos melhores exemplos da presença de um jacto com uma estrutura em expansão em forma de bolha."

Noriega-Crespo liderou a equipa que começou a estudar HH 46/47 com o Spitzer há cerca de 10 anos, quando o telescópio começou a observar os céus. Agora, usando uma nova técnica de processamento de imagem desenvolvida nos últimos anos, ele e os seus colegas foram capazes de obter uma imagem de HH 46/47 com maior resolução.

Entretanto, novas observações de HH 46/47 realizadas pelo ALMA revelaram que o gás nas bolhas está a expandir-se mais rapidamente do que se pensava. Esta expansão rápida tem influência sobre a turbulência global na nuvem gasosa que originalmente gerou a estrela. Por sua vez, o excesso de turbulência pode ter impacto sobre a possibilidade e o modo de outras estrelas se formarem neste ambiente gasoso, poeirento e, em consequência, fértil.

As observações pelo ALMA foram realizadas por uma equipa liderada por Hector Arce, da Universidade de Yale, em New Haven, Connecticut, e a sua análise foi publicada recentemente no The Astrophysical Journal.

Fonte da notícia: http://www.nasa.gov/mission_pages/spitzer/news/spitzer20131111.html#.UoOYZY1kLOp